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22/01/2006
-
16h41
NINA LEMOS
Colunista da Folha de S.Paulo
Chegou ao fim a era dos gays bombados, depilados, narcisistas e que adoram fazer carão em clubes. Agora é a vez dos new gays, que invadiram a São Paulo Fashion Week, mas também já podem ser vistos nas ruas mais badaladas e nos clubes undergrounds.
Nos corredores do Pavilhão da Bienal, onde se realiza a semana de moda, esse novo tipo de garoto passeia com a barba por fazer, ar despreocupado, byroniano e se opõe à imagem do homossexual dos anos 90, aqueles que não saem de academias, vivem numa eterna egotrip e optaram pelo pragmatismo sexual.
Os new gays estão na faixa entre os 20 e os 30 anos, preferem o rock à música eletrônica e se consideram "meninos que gostam de meninos". Não querem saber de um corpo musculoso e não têm medo de encarar uma paixão.
Eles não se identificam em nada com a estética old gay nem com sua variação atual, o "gay playboy", aquele que passa a noite na boate encalacrado em óculos escuros italianos. "O gay convencional copiou tanto o estereótipo do machão que virou um playboy cafona", diz o cabeleireiro Paulo Taidone, 25, jogado com visual desencanado, em um pufe da Fashion Week.
"Eu me acho mais parecido com um fã de rock do que com os caras que freqüentam clubes onde só vão gays. Isso porque não gosto de me sentir como uma pessoa uniformizada. Prezo meu estilo próprio", diz o jornalista Marcelo Cia, 28, que andava pela Bienal de bermuda larga. Bom new gay, ele não veio assistir a nenhum desfile, mas ver a exposição da revista inglesa "i-D".
Com a barba não aparada, o corpo muito magro e uma camiseta antiga de banda, o stylist carioca Antonio Frajado, 23, declara ser um new gay de carteirinha e tênis surrado.
"Eu não tenho nada a ver com essa coisa de anabolizante e creme esfoliante", afirma Frajado.
Em vez de de gastar seu dinheiro com cremes, prefere comprar computadores de última geração e iPod, onde ouve Strokes e Radiohead, algumas das bandas preferidas dos new gays, que assumem um gosto pela melancolia. E não aquela alegria histérica de festa, como nos anos 90.
É o caso de Fernando Martins, 23, um melancólico assumido. Ele tomava champanhe em um lounge do evento usando uma camiseta velha que deixava à mostra as tatuagens estilo "do rock" e o corpo nada musculoso.
"Não faço amigos por causa da opção sexual deles, mas sim porque eles têm a ver comigo e são boas pessoas", diz ele. "Não saio atrás de sexo casual, saio atrás de amigos."
O fotógrafo Felipe Morozine, 30, teoriza sobre os new gays. "Acho que a geração que veio antes da minha precisou freqüentar guetos e se vestir de maneiras próprias para se impor. Hoje, o homossexual está na novela, temos mais liberdade para sermos quem somos." Marcelo Cia concorda. "Não é por eu ser gay que precisou ter uma atitude que foi criada por uma geração que veio antes da minha. Prefiro ir a um boteco com meus amigos a ficar em clube caçando." "Quando vou a clubes gays, me sinto em um açougue. Não estou interessado em um pedaço de carne. Me interessa mais alguém com quem eu possa conversar", diz Marcelo, um romântico assumido, como, de resto, os outros new gays.
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Colunista da Folha de S.Paulo
Chegou ao fim a era dos gays bombados, depilados, narcisistas e que adoram fazer carão em clubes. Agora é a vez dos new gays, que invadiram a São Paulo Fashion Week, mas também já podem ser vistos nas ruas mais badaladas e nos clubes undergrounds.
Caio Guatelli/Folha Imagem |
Marcelo Cia foi à Bienal ver exposição de revista |
Os new gays estão na faixa entre os 20 e os 30 anos, preferem o rock à música eletrônica e se consideram "meninos que gostam de meninos". Não querem saber de um corpo musculoso e não têm medo de encarar uma paixão.
Eles não se identificam em nada com a estética old gay nem com sua variação atual, o "gay playboy", aquele que passa a noite na boate encalacrado em óculos escuros italianos. "O gay convencional copiou tanto o estereótipo do machão que virou um playboy cafona", diz o cabeleireiro Paulo Taidone, 25, jogado com visual desencanado, em um pufe da Fashion Week.
"Eu me acho mais parecido com um fã de rock do que com os caras que freqüentam clubes onde só vão gays. Isso porque não gosto de me sentir como uma pessoa uniformizada. Prezo meu estilo próprio", diz o jornalista Marcelo Cia, 28, que andava pela Bienal de bermuda larga. Bom new gay, ele não veio assistir a nenhum desfile, mas ver a exposição da revista inglesa "i-D".
Com a barba não aparada, o corpo muito magro e uma camiseta antiga de banda, o stylist carioca Antonio Frajado, 23, declara ser um new gay de carteirinha e tênis surrado.
"Eu não tenho nada a ver com essa coisa de anabolizante e creme esfoliante", afirma Frajado.
Em vez de de gastar seu dinheiro com cremes, prefere comprar computadores de última geração e iPod, onde ouve Strokes e Radiohead, algumas das bandas preferidas dos new gays, que assumem um gosto pela melancolia. E não aquela alegria histérica de festa, como nos anos 90.
É o caso de Fernando Martins, 23, um melancólico assumido. Ele tomava champanhe em um lounge do evento usando uma camiseta velha que deixava à mostra as tatuagens estilo "do rock" e o corpo nada musculoso.
"Não faço amigos por causa da opção sexual deles, mas sim porque eles têm a ver comigo e são boas pessoas", diz ele. "Não saio atrás de sexo casual, saio atrás de amigos."
O fotógrafo Felipe Morozine, 30, teoriza sobre os new gays. "Acho que a geração que veio antes da minha precisou freqüentar guetos e se vestir de maneiras próprias para se impor. Hoje, o homossexual está na novela, temos mais liberdade para sermos quem somos." Marcelo Cia concorda. "Não é por eu ser gay que precisou ter uma atitude que foi criada por uma geração que veio antes da minha. Prefiro ir a um boteco com meus amigos a ficar em clube caçando." "Quando vou a clubes gays, me sinto em um açougue. Não estou interessado em um pedaço de carne. Me interessa mais alguém com quem eu possa conversar", diz Marcelo, um romântico assumido, como, de resto, os outros new gays.
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