24/02/2006 - 11h27

"Belíssima" marcará minha carreira, diz Marcello Antony

JAMES CIMINO
do Agora

Entre os inúmeros mistérios que "Belíssima", trama de Silvio de Abreu, deixa na mente dos telespectadores, o maior de todos é acerca da personalidade de André, o ambíguo personagem vivido por Marcello Antony.

Em entrevista exclusiva ao Agora, nos estúdios do Projac, o ator conta que o papel foi encomendado a ele por Silvio de Abreu quando ainda fazia "Senhora do Destino" e que André, que traiu a mulher Júlia (Gloria Pires) com a enteada Érica (Letícia Birkheuer), agora vai se apaixonar pela dona da Belíssima.

Agora - André é um personagem intrigante porque ninguém sabe com certeza quem ele é. Como você o definiria?

Marcello Antony - O André é, na minha opinião, aquele que conduz a trama. É nele que estão as expectativas do telespectador. Eu costumo dizer que ele está sempre "no fio da navalha", porque tenho de estar sempre muito atento ao expressar as intenções dele.

Agora - É possível concluir, então, que este é seu papel mais difícil até hoje na TV?

MA - Sem dúvida é o mais difícil e, até por isso, o mais prazeroso que eu fiz até hoje. Só que ele é tão bem escrito que sempre sei o que fazer. O Silvio dá indicações no texto sobre as emoções, apesar de eu nunca saber para onde as ações dele o conduzirão.

Agora - Ele é mocinho ou vilão?

MA - O André me foi encomendado quando eu estava na metade de "Senhora do Destino". O Silvio e a Denise [Saraceni, diretora] me convidaram para um jantar e disseram que o meu papel seria o de um operário, que chega do Rio de Janeiro, atropela um funcionário da Belíssima, esbarra na presidente da fábrica em uma festa, casa-se com ela, aplica-lhe um golpe e, por fim, apaixona-se por essa mulher. Tudo o que está acontecendo estava previsto desde aquela época, e o objetivo dele é de não inspirar confiança mesmo.

Agora - Então ele passa a amar a Júlia só a partir de agora?

MA - Foi isso que me pediram para fazer e, a partir de agora, eu interpretarei o André o mais apaixonado possível e até acredito que seja possível que os dois fiquem juntos. Se ele a amava desde o princípio, isso é algo que não sei dizer.

Agora - Mas ele roubou todo o dinheiro da Júlia e vai fugir com um nome falso para os Estados Unidos...

MA - Ele roubou sim, mas o que eu posso dizer é que o dinheiro foi roubado para outra pessoa. André está sendo manipulado por alguém.

Agora - Seria a Bia Falcão, que, na verdade, estaria viva?

MA - Essa é a resposta mais óbvia que o Silvio parece ter plantado na mente das pessoas. Não sei... Mesmo aqui nos bastidores é consenso que ela esteja viva, mas não tenho certeza. Pode ser que o autor encomende à diretora um truque de edição no final que mude toda a nossa concepção da história. Só o Silvio sabe, ele tem a novela pronta na cabeça.

Agora - O que essa novela tem de diferente das outras?

MA - É esse aspecto da especulação. Todo mundo tem uma teoria diferente sobre a história. O Silvio já disse que o que define "Belíssima" é a frase "as aparências enganam". "Celebridade", do Gilberto Braga, também falava disso, só que de maneira mais caricatural. Os personagens eram tipos. Agora não. Parece-me que o Silvio quer dizer "olha, esse moço bonito, bem vestido, aparentemente honesto, também rouba e trai". Ele não dá as coisas mastigadas ao público, mas movimenta seu raciocínio, e as pessoas se divertem pirando com a história.

Agora - E qual é a abordagem das pessoas na rua?

MA - As pessoas mais simples dizem "você está muito malvado, mas estou gostando do seu trabalho". Sinto-me realizado. Gravo de 12 a 17 cenas por dia, mas, quando ouço que é convincente, vejo que é gratificante. Acho que vou demorar um bom tempo para fazer outro personagem como esse.

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