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08/03/2006
-
19h37
MARIANA BOTTA
do Agora
Ao assistir aos capítulos de "Belíssima", o telespectador pode ser tomado por uma sensação de "déjà vu", como se já tivesse visto aquilo antes. E não está errado. A auto-referência é uma característica do autor Silvio de Abreu.
"Acho muito bacana esse estilo, porque cria uma familiaridade do telespectador com o que ele está vendo. Isso acontece com as temáticas que ele escolhe para as tramas, como mostrar a cidade de São Paulo e a mistura de raças", diz Mauro Alencar, especialista em novelas.
"Belíssima" está cheia de marcas de outros trabalhos de Abreu. O personagem Jamanta apareceu pela primeira vez em "Torre de Babel" (1998), e a atriz Íris Bruzzi, que faz a Guida Guevara, interpretou outra ex-vedete em "Jogo da Vida" (1981), chamada Guida Rivera. A academia Physical já existia em "Cambalacho" (1986), e a oficina Badaioca surgiu no filme "A Árvore dos Sexos", de 1977.
"Uso o mesmo nome da vedete e da oficina porque gosto. Se trago personagens de volta, como Jamanta e dona Armenia, é porque quero e acho que o público também quer."
Para Alencar, as referências criam um diálogo do público com o conjunto da obra do autor. "O começo de tudo foi em 'Pecado Rasgado' [1978], em que havia a semente desse tipo de trabalho com teor de cinema. O que Abreu fez depois foi desenvolver esse estilo", diz o especialista, que cita o choque de classes, a pornochanchada e o mundo das vedetes como destaques do estilo do autor. "O que ele faz ao sempre ter ex-vedetes como intérpretes e personagens de seus trabalhos é um resgate da memória nacional. Ele não deixa que essa época seja esquecida e já mostrou pessoas maravilhosas e figuras históricas como Renata Fronzi, Carmem Verônica, Íris Bruzzi, Helena Ramos, Consuelo Leandro, Ângela Maria e Dercy Gonçalves."
Confira algumas das referências:
- A atriz Íris Bruzzi, que faz a Guida Guevara em "Belíssima", interpretou Guida Rivera em "Jogo da Vida" (1981)
- Júlia Assumpção (Glória Pires) perde tudo o que tem por causa do mau-caráter André (Marcello Antony), assim como aconteceu com Maria do Carmo (Regina Duarte) em "Rainha da Sucata" (1990), que foi roubada por Renato Maia (Daniel Filho), em quem ela confiava
- Em "Belíssima", vários personagens podem ser culpados pelas mortes de Valdete (Leona Cavalli), Pedro (Henri Castelli) e Bia (Fernanda Montenegro). Na novela "A Próxima Vítima" (1995), a maioria dos personagens estava na lista de suspeitos dos assassinatos
- Em "Rainha da Sucata" (1990), Laurinha (Glória Menezes) era apaixonada pelo enteado Edu (Tony Ramos). Em "Belíssima" é a enteada Érica (Letícia Buhkheuer) que é apaixonada pelo padrasto André
- No filme "A Árvore dos Sexos", de 1977, dirigido por Silvio de Abreu, o personagem Rodrigo (Ney Sant'Anna) era um mecânico mulherengo, dono da oficina Badaioca, mesmo nome da oficina de Pascoal (Reynaldo Gianecchini) em "Belíssima"
- O personagem Jamanta (Cacá Carvalho) já havia aparecido em "Torre de Babel" (1998)
- A academia Physical já havia aparecido na novela "Cambalacho" (1986)
- A novela "Plumas & Paetês" (1980) também retratou o mundo da moda e a vida das modelos
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"Acho muito bacana esse estilo, porque cria uma familiaridade do telespectador com o que ele está vendo. Isso acontece com as temáticas que ele escolhe para as tramas, como mostrar a cidade de São Paulo e a mistura de raças", diz Mauro Alencar, especialista em novelas.
"Belíssima" está cheia de marcas de outros trabalhos de Abreu. O personagem Jamanta apareceu pela primeira vez em "Torre de Babel" (1998), e a atriz Íris Bruzzi, que faz a Guida Guevara, interpretou outra ex-vedete em "Jogo da Vida" (1981), chamada Guida Rivera. A academia Physical já existia em "Cambalacho" (1986), e a oficina Badaioca surgiu no filme "A Árvore dos Sexos", de 1977.
"Uso o mesmo nome da vedete e da oficina porque gosto. Se trago personagens de volta, como Jamanta e dona Armenia, é porque quero e acho que o público também quer."
Para Alencar, as referências criam um diálogo do público com o conjunto da obra do autor. "O começo de tudo foi em 'Pecado Rasgado' [1978], em que havia a semente desse tipo de trabalho com teor de cinema. O que Abreu fez depois foi desenvolver esse estilo", diz o especialista, que cita o choque de classes, a pornochanchada e o mundo das vedetes como destaques do estilo do autor. "O que ele faz ao sempre ter ex-vedetes como intérpretes e personagens de seus trabalhos é um resgate da memória nacional. Ele não deixa que essa época seja esquecida e já mostrou pessoas maravilhosas e figuras históricas como Renata Fronzi, Carmem Verônica, Íris Bruzzi, Helena Ramos, Consuelo Leandro, Ângela Maria e Dercy Gonçalves."
Confira algumas das referências:
- A atriz Íris Bruzzi, que faz a Guida Guevara em "Belíssima", interpretou Guida Rivera em "Jogo da Vida" (1981)
- Júlia Assumpção (Glória Pires) perde tudo o que tem por causa do mau-caráter André (Marcello Antony), assim como aconteceu com Maria do Carmo (Regina Duarte) em "Rainha da Sucata" (1990), que foi roubada por Renato Maia (Daniel Filho), em quem ela confiava
- Em "Belíssima", vários personagens podem ser culpados pelas mortes de Valdete (Leona Cavalli), Pedro (Henri Castelli) e Bia (Fernanda Montenegro). Na novela "A Próxima Vítima" (1995), a maioria dos personagens estava na lista de suspeitos dos assassinatos
- Em "Rainha da Sucata" (1990), Laurinha (Glória Menezes) era apaixonada pelo enteado Edu (Tony Ramos). Em "Belíssima" é a enteada Érica (Letícia Buhkheuer) que é apaixonada pelo padrasto André
- No filme "A Árvore dos Sexos", de 1977, dirigido por Silvio de Abreu, o personagem Rodrigo (Ney Sant'Anna) era um mecânico mulherengo, dono da oficina Badaioca, mesmo nome da oficina de Pascoal (Reynaldo Gianecchini) em "Belíssima"
- O personagem Jamanta (Cacá Carvalho) já havia aparecido em "Torre de Babel" (1998)
- A academia Physical já havia aparecido na novela "Cambalacho" (1986)
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