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26/05/2006
-
10h29
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo, em Cannes
É responsabilidade do cineasta brasileiro de origem argentina Hector Babenco o corte de cabelo que o ator mexicano Gael García Bernal desfila no Festival de Cannes, atraindo todas as atenções.
Os fios longos e desordenados são característica do personagem argentino que ele interpretará em "El Pasado", longa que Babenco filma em Buenos Aires e em São Paulo, nos próximos meses.
"Esses são os cabelos de Rímini", diz Bernal, referindo-se ao tradutor cuja turbulenta vida amorosa é o tema do filme.
Em Cannes, Bernal, 27, é estrela de "Babel", título do mexicano Alejandro González Iñárritu, que rivaliza o favoritismo à Palma de Ouro com "Volver", do espanhol Pedro Almodóvar (que também dirigiu Bernal em "Má Educação", 2003).
No novo filme de Iñárritu, Bernal é Santiago, um jovem mexicano que se desentende com a polícia de fronteira dos Estados Unidos.
Para o ator, voltar à Croisette é retornar ao lugar que definiu sua carreira: "No dia seguinte à vitória de "Amores Brutos" aqui, minha vida mudou", afirma. "Amores Brutos" foi o primeiro longa-metragem dirigido por Iñárritu, vencedor do prêmio da Semana da Crítica em Cannes em 2000.
Capuccino
Antes da vitória, diretor e equipe eram meros desconhecidos. "A situação era outra. Não havia tantos jornalistas do mundo inteiro querendo falar comigo, não me serviam capuccino e drinques, e eu não estava no mesmo hotel em que estou hoje", cita Bernal.
De "Amores Brutos" a "Babel", a carreira de Bernal saltou para a primeira linha. Iñárritu citou a valorização do ator, em tom de brincadeira, dizendo que quer tê-lo em seu próximo filme, mas não sabe se poderá pagar o cachê.
"Ele diz isso, mas ele é que foi viver em Los Angeles. Eu moro no México", retruca Bernal, no mesmo diapasão. Para escolher seus papéis, Bernal diz que usa "um critério simples". "Eu me pergunto se é necessário para mim fazer aquele filme. É o que conta. Não fiz "Amores Brutos" para ficar famoso. Não fiz nem sequer pensando em ser pago."
Agora, o ator prepara sua estréia na direção. O longa "Déficit", previsto para 2007, deve ser rodado no México, onde Bernal abriu recentemente uma produtora.
""Déficit" é sobre mim e os meus assuntos", diz, sem querer ir muito além disso. A sinopse do longa divulgada até agora fala num encontro de pessoas de diferentes classes sociais.
Exemplar da espécie de atores que costumam engajar-se em boas causas, Bernal diz que neste momento só se ocupa de um assunto, bem distante do cinema. "Sei que as mudanças climáticas são um tema muito importante, que a pobreza é um tema importante, mas não posso evitar, o assunto que mais me preocupa no momento é a Copa do Mundo", diz ele, sem querer dar palpite sobre quem será o vencedor.
Na partida Iñárritu x Almodóvar, ele também evita fazer previsões. "Isso não é uma corrida." É sim. E a final ocorre no próximo domingo, quando o Festival de Cannes divulga seus vencedores.
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da Folha de S.Paulo, em Cannes
É responsabilidade do cineasta brasileiro de origem argentina Hector Babenco o corte de cabelo que o ator mexicano Gael García Bernal desfila no Festival de Cannes, atraindo todas as atenções.
Os fios longos e desordenados são característica do personagem argentino que ele interpretará em "El Pasado", longa que Babenco filma em Buenos Aires e em São Paulo, nos próximos meses.
"Esses são os cabelos de Rímini", diz Bernal, referindo-se ao tradutor cuja turbulenta vida amorosa é o tema do filme.
Em Cannes, Bernal, 27, é estrela de "Babel", título do mexicano Alejandro González Iñárritu, que rivaliza o favoritismo à Palma de Ouro com "Volver", do espanhol Pedro Almodóvar (que também dirigiu Bernal em "Má Educação", 2003).
No novo filme de Iñárritu, Bernal é Santiago, um jovem mexicano que se desentende com a polícia de fronteira dos Estados Unidos.
Para o ator, voltar à Croisette é retornar ao lugar que definiu sua carreira: "No dia seguinte à vitória de "Amores Brutos" aqui, minha vida mudou", afirma. "Amores Brutos" foi o primeiro longa-metragem dirigido por Iñárritu, vencedor do prêmio da Semana da Crítica em Cannes em 2000.
Capuccino
Antes da vitória, diretor e equipe eram meros desconhecidos. "A situação era outra. Não havia tantos jornalistas do mundo inteiro querendo falar comigo, não me serviam capuccino e drinques, e eu não estava no mesmo hotel em que estou hoje", cita Bernal.
De "Amores Brutos" a "Babel", a carreira de Bernal saltou para a primeira linha. Iñárritu citou a valorização do ator, em tom de brincadeira, dizendo que quer tê-lo em seu próximo filme, mas não sabe se poderá pagar o cachê.
"Ele diz isso, mas ele é que foi viver em Los Angeles. Eu moro no México", retruca Bernal, no mesmo diapasão. Para escolher seus papéis, Bernal diz que usa "um critério simples". "Eu me pergunto se é necessário para mim fazer aquele filme. É o que conta. Não fiz "Amores Brutos" para ficar famoso. Não fiz nem sequer pensando em ser pago."
Agora, o ator prepara sua estréia na direção. O longa "Déficit", previsto para 2007, deve ser rodado no México, onde Bernal abriu recentemente uma produtora.
""Déficit" é sobre mim e os meus assuntos", diz, sem querer ir muito além disso. A sinopse do longa divulgada até agora fala num encontro de pessoas de diferentes classes sociais.
Exemplar da espécie de atores que costumam engajar-se em boas causas, Bernal diz que neste momento só se ocupa de um assunto, bem distante do cinema. "Sei que as mudanças climáticas são um tema muito importante, que a pobreza é um tema importante, mas não posso evitar, o assunto que mais me preocupa no momento é a Copa do Mundo", diz ele, sem querer dar palpite sobre quem será o vencedor.
Na partida Iñárritu x Almodóvar, ele também evita fazer previsões. "Isso não é uma corrida." É sim. E a final ocorre no próximo domingo, quando o Festival de Cannes divulga seus vencedores.
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