Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/05/2006 - 14h54

Drama colonial e comédia felliniana concorrem em Cannes

Publicidade

MARÍA CARMONA
da France Presse, em Cannes

A dívida colonial francesa, através do filme "Indigènes", de Rachid Bouchareb, e o italiano Paolo Sorrentino, com seu "L'Amico di Famiglia", uma comédia ácida e muito felliniana, foram os destaques desta quinta-feira no Festival de Cannes.

"Indigènes" narra a história, esquecida por muitos, dos homens das colônias francesas --argelinos, marroquinos ou senegaleses-- que durante a 2ª Guerra, em meio à ocupação nazista da França, se alistaram no exército francês para salvar das mãos do inimigo uma pátria em cujo solo nunca haviam pisado.

O filme conta seus combates, vitórias e a morte de muitos deles, mas também o racismo e a discriminação de que foram vítimas no exército em que serviam e no país pelo qual lutaram.

"Trata-se de relembrar um capítulo da história da França", afirmou Bouchareb em Cannes. Assim como ele, a maioria dos atores de seu filme --Jamel Debbouze, Samy Naceri, Roshdy Zem e Sami Bouajila-- é de franceses com famílias originárias do Norte da África.

"Representamos os filhos desses homens, representamos a ligação entre esta terra e aquela, representamos a memória", declarou Sami Bouajila.

O que poderia ser apontado como ponto fraco de "Indigènes" é sua estrutura narrativa simples demais, algumas cenas muito evidentes e erros na atuação. Mas, apesar de tudo, o longa-metragem emociona e tem o mérito de evocar um tema em falta na abundante filmografia francesa sobre a 2ª Guerra e a ocupação nazista. Como disse Bernard Blancan, outro ator do filme, "a História se constrói com imagens, e no álbum de fotos da França faltava essa".

Comédia

O segundo filme na mostra competitiva desta quinta-feira, "L'Amico di Famiglia", de Paolo Sorrentino, é também a segunda obra italiana a disputar o prêmio máximo, ao lado de "Il Caimano", de Nanni Moretti.

Comédia ácida com toques fellinianos, "L'Amico di Famiglia" nos apresenta um usurário, velho, sujo e espantosamente feio, Geremia (magistralmente interpretado por Giacomo Rizzo, ator de teatro desconhecido do grande público). Cínico e desagradável, Geremia pensa apenas em ganhar dinheiro por meio de empréstimos concedidos a pessoas em desespero que caem em suas garras. Tudo o irrita: os clientes com os quais negocia, sua mãe, as mulheres. Em suma, não suporta os outros e, para ele, ninguém o quer.

Sorrentino, que já concorreu em Cannes em 2004 com sua produção anterior, "Le Conseguenze dell'Amore", faz parte da nata do cinema italiano atual, unindo drama e comédia com imenso talento.

O diretor rompe as fronteiras entre o belo e o feio, o bom e o mau, o sublime e o sórdido, e nos apresenta um personagem extremo no qual, como em um espelho deformante, podemos ver a nós mesmos.

Leia mais
  • Em entrevista à Folha , Sofia Coppola defende "Maria Antonieta"
  • "Maria Antonieta", de Sofia Coppola, é vaiado em Cannes
  • Almodóvar lidera as apostas sobre vencedor em Cannes
  • Com Brad Pitt e Bernal, "Babel" é um dos favoritos em Cannes

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Festival de Cannes
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página