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30/05/2006
-
10h21
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo, em Cannes
O mexicano Alejandro González Iñárritu saiu do Festival de Cannes, anteontem, como o melhor diretor, por "Babel", que estava cotado pela crítica para a Palma de Ouro --entregue ao inglês Ken Loach ("The Wind that Shakes the Barley"). "É mais do que eu podia sonhar", disse Iñárritu. Na quarta passada, ele recebeu a Folha e outros cinco jornalistas estrangeiros para a entrevista a seguir, em que fala de "Babel" e de Brad Pitt, astro do filme. Pitt não foi a Cannes porque aguardava Shiloh Jolie-Pitt, sua filha com a atriz Angelina Jolie, que nasceu no sábado.
Folha de S.Paulo - Por que quis Brad Pitt no papel do turista cuja mulher é atacada no Marrocos e os filhos se perdem no México?
Alejandro González Iñárritu - Gosto da idéia de ter uma celebridade numa situação tão extrema que as pessoas esqueçam que estão vendo Brad Pitt. Conseguir isso era tentador.
Folha de S.Paulo - Era seu único objetivo ao contratar um astro?
Iñárritu - Com seu carisma, Pitt me ajudou a achar pessoas que nunca estariam no filme. Ele tem esse raro poder das estrelas para atrair pessoas. Pensando nele como um ícone da sociedade americana, era uma idéia desafiadora colocá-lo naquela situação.
Folha de S.Paulo - O que ele disse sobre ficar grisalho e com rugas?
Iñárritu - Ele estava disposto a isso. Era um projeto arriscado para ele. Não ganharia o que em geral ganha, as filmagens seriam desconfortáveis e difíceis e, quando filmamos, ele atravessava um período difícil em sua vida pessoal [a separação da atriz Jennifer Aniston]. Mas ele se desafiou a fazer algo anormal para ele e confiou em mim.
Folha de S.Paulo - Como foi a relação de vocês nas filmagens?
Iñárritu - Boa e intensa. As filmagens não foram fáceis nem para ele nem para mim. Ele foi melhorando a cada dia. No final, estava de fato no papel. A última cena que filmamos é a do telefone, em que ele fala com o filho. Ali, ele é o [personagem] Richard. Pitt aparece só 26 minutos, e parece ser muito mais. É o poder de um ator.
Folha de S.Paulo - Qual será seu próximo filme?
Iñárritu - Não gosto de falar antes. Só com o filme pronto.
Folha de S.Paulo - Algo com começo, meio e fim, nesta ordem?
Iñárritu - É o mais fácil para mim, mas espero um dia fazer algo em ordem cronológica.
Folha de S.Paulo - Qual foi seu ponto de partida em "Babel"?
Iñárritu - Estou fora do meu país há cinco anos [vive em Los Angeles], tenho viajado muito. Em "Babel", estão em cidades que adoro, culturas que me interessam, problemas de fronteira entre meu país e os Estados Unidos, o tema do preconceito em relação aos muçulmanos. Ser muçulmano não significa ter algo a ver com terrorismo. Mas os norte-americanos estão expostos a uma mídia que generaliza a imagem dos muçulmanos como uma ameaça em potencial.
Meu filme não é político, mas não se pode negar que tudo que fazemos hoje é afetado pelo momento político: quando você pega um avião, quando viaja para os EUA, o medo está impregnado. E isso ocorre porque as fronteiras reais e as que criamos ideologicamente são terríveis. Não concordo, e preciso me expressar.
Folha de S.Paulo - O que fez durante o Dia Sem Imigrantes, no mês passado, nos EUA?
Iñárritu - Fui para a marcha. Estava no meio da montagem do filme, e os produtores ficaram loucos comigo porque fugi durante quatro horas. Vi essa imagem linda de 800 mil latinos com suas bandeiras. Não foi uma coisa raivosa, mas entusiasmada.
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Filmar com Brad Pitt não foi fácil, diz diretor de "Babel"
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da Folha de S.Paulo, em Cannes
O mexicano Alejandro González Iñárritu saiu do Festival de Cannes, anteontem, como o melhor diretor, por "Babel", que estava cotado pela crítica para a Palma de Ouro --entregue ao inglês Ken Loach ("The Wind that Shakes the Barley"). "É mais do que eu podia sonhar", disse Iñárritu. Na quarta passada, ele recebeu a Folha e outros cinco jornalistas estrangeiros para a entrevista a seguir, em que fala de "Babel" e de Brad Pitt, astro do filme. Pitt não foi a Cannes porque aguardava Shiloh Jolie-Pitt, sua filha com a atriz Angelina Jolie, que nasceu no sábado.
Folha de S.Paulo - Por que quis Brad Pitt no papel do turista cuja mulher é atacada no Marrocos e os filhos se perdem no México?
Alejandro González Iñárritu - Gosto da idéia de ter uma celebridade numa situação tão extrema que as pessoas esqueçam que estão vendo Brad Pitt. Conseguir isso era tentador.
Folha de S.Paulo - Era seu único objetivo ao contratar um astro?
Iñárritu - Com seu carisma, Pitt me ajudou a achar pessoas que nunca estariam no filme. Ele tem esse raro poder das estrelas para atrair pessoas. Pensando nele como um ícone da sociedade americana, era uma idéia desafiadora colocá-lo naquela situação.
Folha de S.Paulo - O que ele disse sobre ficar grisalho e com rugas?
Iñárritu - Ele estava disposto a isso. Era um projeto arriscado para ele. Não ganharia o que em geral ganha, as filmagens seriam desconfortáveis e difíceis e, quando filmamos, ele atravessava um período difícil em sua vida pessoal [a separação da atriz Jennifer Aniston]. Mas ele se desafiou a fazer algo anormal para ele e confiou em mim.
Folha de S.Paulo - Como foi a relação de vocês nas filmagens?
Iñárritu - Boa e intensa. As filmagens não foram fáceis nem para ele nem para mim. Ele foi melhorando a cada dia. No final, estava de fato no papel. A última cena que filmamos é a do telefone, em que ele fala com o filho. Ali, ele é o [personagem] Richard. Pitt aparece só 26 minutos, e parece ser muito mais. É o poder de um ator.
Folha de S.Paulo - Qual será seu próximo filme?
Iñárritu - Não gosto de falar antes. Só com o filme pronto.
Folha de S.Paulo - Algo com começo, meio e fim, nesta ordem?
Iñárritu - É o mais fácil para mim, mas espero um dia fazer algo em ordem cronológica.
Folha de S.Paulo - Qual foi seu ponto de partida em "Babel"?
Iñárritu - Estou fora do meu país há cinco anos [vive em Los Angeles], tenho viajado muito. Em "Babel", estão em cidades que adoro, culturas que me interessam, problemas de fronteira entre meu país e os Estados Unidos, o tema do preconceito em relação aos muçulmanos. Ser muçulmano não significa ter algo a ver com terrorismo. Mas os norte-americanos estão expostos a uma mídia que generaliza a imagem dos muçulmanos como uma ameaça em potencial.
Meu filme não é político, mas não se pode negar que tudo que fazemos hoje é afetado pelo momento político: quando você pega um avião, quando viaja para os EUA, o medo está impregnado. E isso ocorre porque as fronteiras reais e as que criamos ideologicamente são terríveis. Não concordo, e preciso me expressar.
Folha de S.Paulo - O que fez durante o Dia Sem Imigrantes, no mês passado, nos EUA?
Iñárritu - Fui para a marcha. Estava no meio da montagem do filme, e os produtores ficaram loucos comigo porque fugi durante quatro horas. Vi essa imagem linda de 800 mil latinos com suas bandeiras. Não foi uma coisa raivosa, mas entusiasmada.
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