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07/07/2006 - 13h51

Há 40 anos, Beatles fugiam de Manila por "ofender" Imelda Marcos

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JOSÉ MARÍA HERNÁNDEZ
da Efe, em Manila

Há 40 anos os Beatles viveram uma aventura em Manila (Filipinas) no estilo do filme "Os Reis do Iê-Iê-Iê", quando foram perseguidos por uma multidão, ofendida pela recusa do grupo em comparecer a uma recepção organizada por Imelda Marcos, a então primeira-dama das Filipinas.

Os jornais do país lembram nesta semana que nunca os "Fab Four", então no auge da fama, sofreram uma humilhação semelhante à daquele dia 5 de julho de 1966, quando foram obrigados a fugir até o aeroporto e abandonar o país entre insultos.

Um dia antes, a banda britânica negou o convite para visitar o Palácio de Malacañang e conhecer Imelda, mulher do ditador Ferdinand Marcos (que governou de 1965 a 1986).

O motivo alegado pela banda foi que a hora marcada para o encontro coincidia com o primeiro dos dois shows que realizados naquele dia pelos Beatles no Rizal Memorial Stadium de Manila, diante de 80 mil filipinos, que compareceram ao espetáculo alheios às exigências da mulher de Marcos.

No entanto, Imelda, que se acostumou a "monopolizar" ilustres visitantes como Claudia Cardinale, Broke Shields e até mesmo João Paulo 2º, não ficou nada satisfeita com a negativa dos rapazes de Liverpool.

Com a manchete "Imelda plantada", o jornal "The Manila Times" anunciava ao povo das Filipinas que a banda mais famosa do mundo se negara a encontrar a primeira-dama. A reportagem chamou a atenção do empresário dos Beatles, Brian Epstein, que convocou uma entrevista coletiva para tentar esclarecer o mal-entendido. Os esforços de Epstein não serviram para nada, já que a transmissão pela TV sofreu suspeitas interrupções técnicas.

Cachê e impostos

O promotor das apresentações dos Beatles na Filipinas, Ramon Ramos, afirmou que a afronta o autorizava a não pagar o cachê à banda, enquanto falsas ameaças de bomba eram anunciadas na embaixada britânica e no hotel Manila, onde estavam hospedados.

Ringo Star lembraria anos depois que o tratamento dos empregados do hotel estava mais frio, embora o pior os esperasse no aeroporto, onde tomariam um avião com destino à Índia. No terminal, Misael Vera, o responsável do Escritório de Rendas Internas, disse que os Beatles não deixariam o país até que pagassem os impostos que supostamente não tinham sido recolhidos desde a chegada da banda.

Epstein, que começava a conhecer o sistema de corrupção da família Marcos, pagou de seu bolso os US$ 18 mil. Mesmo assim, o dedicado empresário não conseguiu suavizar a via-sacra organizado contra seus pupilos.

No trajeto até o avião, que foram obrigados a fazer a pé, aproximadamente 300 pessoas aguardavam a banda para a despedida do país, realizada com empurrões, cuspes e gritos de "Beatles, vão embora!". Ringo foi o que mais sofreu, recebendo um soco na cara e sendo pisoteado depois de cair no asfalto do aeroporto.

Melhor sorte tiveram Paul McCartney e John Lennon, protegidos atrás de um grupo de freiras que subia no mesmo avião, que decolou definitivamente após 40 minutos de confusão.

O último golpe contra os Beatles foi proferido por "Bong Bong", único filho homem da família Marcos, que declarou, em tom de vingança: "Eu gosto mais dos Rolling Stones".

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