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20/09/2006
-
11h49
FAUSTO SALVADORI FILHO
da Folha Online
É difícil combater em terreno inimigo, e o humor é definitivamente um terreno para os judeus. Na guerra das charges, dois artistas israelenses lançaram uma ousada peça de humor autodepreciativo como só os netos de Abraão são capazes de produzir. Em resposta às charges do Holocausto, a dupla lançou um concurso de humor anti-semita desenhado pelos próprios judeus.
"Queremos mostrar ao mundo que podemos produzir os melhores, mais incisivos e mais ofensivos cartuns de ódio aos judeus já publicados", afirmou o ator e escritor Eyal Zusman, 30, ao site Comic Book Resources. O outro responsável pelo site, o desenhista e editor Amitai Sandy, 29, gabou-se: "Nenhum iraniano vai nos superar no nosso terreno".
O resultado do "Israeli Anti-Semitic Cartoons Contest" são dezenas de peças satirizando os estereótipos criados pelo anti-semitismo para atacar os judeus, disponíveis no site Boomka.
Ali estão os homenzinhos de quipá, tranças e narizes enormes que comandam o planeta, bebem sangue de cristãos no café da manhã e de crianças palestinas no jantar. "Sou o dono deste planeta", afirma um alienígena, num dos desenhos. "Estranho, você não parece judeu", responde o outro ET. Uma das charges preferidas dos organizadores exibe um monstro judeu com dois pênis, capaz de sodomizar simultaneamente cristãos e muçulmanos.
O vencedor do concurso, anunciado em abril deste ano, mostra a silhueta de um rabino tocando violino diante da explosão do World Trade Center -- tradução visual da idéia de que, como disse Mel Gibson, os judeus "são responsáveis por todas as guerras do mundo". Segundo o blog dos organizadores, o autor da charge, Aron Katz, doou o prêmio de US$ 600 para ONGs judaicas que lutam pelos direitos humanos nos territórios palestinos e no Sudão.
Ironia mal compreendida
A ironia dos organizadores do concurso de charges israelenses anti-semitas não foi bem compreendida e nem aceita. Muitos judeus, de Israel ou de outros países, criticaram duramente a iniciativa das charges, taxando seus autores de "falsos judeus".
Ao contrário do concurso iraniano, as charges anti-semitas judias ainda não conseguiram ir além da internet. Uma mostra das charges, programada para ser exibida no final do mês passado numa galeria de Tel Aviv, acabou cancelada na última hora, segundo o Boomka.
Um dos jurados selecionados para o concurso foi o cartunista Art Spielgman, que já havia feito algo semelhante na sua história em quadrinhos "Maus", vencedora do prêmio Pulitzer, em que Spielgman conta a história de seu pai, um sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz.
Ironizando o estereótipo nazista que compara os judeus a ratos, Spielgman retratou os personagens judeus como ratos, os nazistas, como gatos, e os americanos, como cachorros. Num quadrinho de "Maus", o autor reconhece que, se fosse retratar israelenses, talvez desenhasse porcos-espinhos.
Segundo os organizadores, Spielgman adorou a idéia do concurso, mas recusou-se a selecionar um vencedor, por ter ficado decepcionado com as charges apresentadas. Para ele, os trabalhos não souberam lidar com a ironia. "Se alguém apagar os nomes judeus abaixo dos cartuns, veremos que eles apenas reforçam os estereótipos que satirizam", disse Spielgman ao Boomka.
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da Folha Online
É difícil combater em terreno inimigo, e o humor é definitivamente um terreno para os judeus. Na guerra das charges, dois artistas israelenses lançaram uma ousada peça de humor autodepreciativo como só os netos de Abraão são capazes de produzir. Em resposta às charges do Holocausto, a dupla lançou um concurso de humor anti-semita desenhado pelos próprios judeus.
Divulgação |
Charge de Aron Kats mostra a silhueta de um rabino diante do WTC |
O resultado do "Israeli Anti-Semitic Cartoons Contest" são dezenas de peças satirizando os estereótipos criados pelo anti-semitismo para atacar os judeus, disponíveis no site Boomka.
Ali estão os homenzinhos de quipá, tranças e narizes enormes que comandam o planeta, bebem sangue de cristãos no café da manhã e de crianças palestinas no jantar. "Sou o dono deste planeta", afirma um alienígena, num dos desenhos. "Estranho, você não parece judeu", responde o outro ET. Uma das charges preferidas dos organizadores exibe um monstro judeu com dois pênis, capaz de sodomizar simultaneamente cristãos e muçulmanos.
O vencedor do concurso, anunciado em abril deste ano, mostra a silhueta de um rabino tocando violino diante da explosão do World Trade Center -- tradução visual da idéia de que, como disse Mel Gibson, os judeus "são responsáveis por todas as guerras do mundo". Segundo o blog dos organizadores, o autor da charge, Aron Katz, doou o prêmio de US$ 600 para ONGs judaicas que lutam pelos direitos humanos nos territórios palestinos e no Sudão.
Divulgação |
Charge do judeu chileno Ariel Mitnik retrata um Hitler 'ortodoxo' |
A ironia dos organizadores do concurso de charges israelenses anti-semitas não foi bem compreendida e nem aceita. Muitos judeus, de Israel ou de outros países, criticaram duramente a iniciativa das charges, taxando seus autores de "falsos judeus".
Ao contrário do concurso iraniano, as charges anti-semitas judias ainda não conseguiram ir além da internet. Uma mostra das charges, programada para ser exibida no final do mês passado numa galeria de Tel Aviv, acabou cancelada na última hora, segundo o Boomka.
Um dos jurados selecionados para o concurso foi o cartunista Art Spielgman, que já havia feito algo semelhante na sua história em quadrinhos "Maus", vencedora do prêmio Pulitzer, em que Spielgman conta a história de seu pai, um sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz.
Ironizando o estereótipo nazista que compara os judeus a ratos, Spielgman retratou os personagens judeus como ratos, os nazistas, como gatos, e os americanos, como cachorros. Num quadrinho de "Maus", o autor reconhece que, se fosse retratar israelenses, talvez desenhasse porcos-espinhos.
Segundo os organizadores, Spielgman adorou a idéia do concurso, mas recusou-se a selecionar um vencedor, por ter ficado decepcionado com as charges apresentadas. Para ele, os trabalhos não souberam lidar com a ironia. "Se alguém apagar os nomes judeus abaixo dos cartuns, veremos que eles apenas reforçam os estereótipos que satirizam", disse Spielgman ao Boomka.
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