Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
02/10/2006 - 09h41

Diretor conta história cruel com humor em "O Cheiro do Ralo"

Publicidade

SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Ninguém apostou no sucesso de "O Cheiro do Ralo" no Festival do Rio. Nem antes dele. "Não consegui captar nem um centavo em patrocínio [para filmar o longa-metragem]", conta o diretor Heitor Dhalia, 36.

O projeto seguiu em frente com R$ 315 mil reunidos entre sócios privados e um estratagema decalcado do roteiro do filme, cujo protagonista é um negociante de objetos usados --tudo que se vê em "O Cheiro do Ralo" é de segunda mão. Boa parte dos objetos e roupas são empréstimos de brechós e amigos da equipe do filme.

Ao se ver sem os R$ 2,5 milhões originalmente orçados, em vez de desistir das filmagens, Dhalia pensou: "Tenho o ator [Selton Mello, que trabalhou de graça]. Tenho um puta roteiro. Vou fazer esse filme, porque vai ser bom para mim".

E foi. O diretor anda cercado por cumprimentos de convidados nacionais e internacionais do Festival do Rio, desde que o filme estreou na disputa da Première Brasil, na quarta passada. Os vencedores (entre dez concorrentes) serão conhecidos na próxima quinta.

Além do apreço ao filme, a reação a "O Cheiro do Ralo" envolve também um punhado de surpresa com o tom que Dhalia adotou desta vez, lançando mão do humor para temperar o traço cinzento da história.

É uma lição aprendida com a rejeição a "Nina" (2004), seu filme de estréia, em que Dhalia reconhece ter sido "absolutamente não-concessivo e ter deixado a morte vencer".

Os "personagens tortos, não-corretos" continuam fascinando Dhalia, mas ele entendeu que "as pessoas conseguem acompanhar um certo grau de peso". Acima desse grau, o público se afasta.

Para alcançar a medida da atração para uma história cruel, é indispensável que "o protagonista tenha muito carisma e faça o público colar nele". Selton Mello tem. Dhalia sabia disso.

"O Cheiro do Ralo" tem estréia prevista para 2007. Antes, deverá estar na Mostra de São Paulo (de 20/10 a 2/11).

Enquanto isso, Dhalia pensa em filmar dois novos longas, "À Deriva", sobre a descoberta da sexualidade de uma adolescente, e um romance ambientado no Haiti, entre um soldado brasileiro das forças de paz e uma moradora local.

"De certa maneira, é um filme de guerra e favela. Acho que falta ao cinema brasileiro falar mais da atualidade", afirma.

Leia mais
  • No cinema, Selton Mello diz ter deixado TV "para o bem do público"

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Selton Mello
  • Leia o que já foi publicado sobre o Festival do Rio
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página