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12/10/2006 - 13h17

Orhan Pamuk é "orgulho literário" que constrange as elites turcas

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da France Presse, em Estocolmo

Orhan Pamuk, 54, premiado nesta quinta-feira com o Prêmio Nobel de Literatura, é o autor turco mais conhecido em seu país e no exterior, mas ao mesmo tempo um político rebelde famoso por suas reflexões em público que questionam a liberdade de expressão na Turquia.

Seu trabalho recebeu os aplausos e honras literárias no cenário internacional mas, em casa, suas críticas sobre os tabus nacionais lhe valeram o rótulo de traidor.

"Um milhão de armênios e 30 mil curdos foram assassinados nestas terras e ninguém, exceto eu, se atreve a falar do tema", declarou em fevereiro de 2005 Pamuk a uma revista suíça. Esse comentário levou um promotor turco a acusar o escritor de denegrir a identidade nacional. O caso foi arquivado no início do ano, mas o estrago já estava feito.

Suas referências ao "massacre" de armênios pelas mãos do Império Otomano, assim como ao conflito curdo no sudeste do país, levantaram uma onda de protestos na Turquia. O escritor chegou a receber ameaças de morte.

Dividido entre sua dissidência política e seu desejo de ver a Turquia na União Européia, Pamuk recebeu com irritação o fato de muitos opositores na Europa terem utilizado seu caso judicial como um argumento contra o ingresso de seu país. A obra de Pamuk não se distancia da realidade vivida pela Turquia: suas tentativas de se converter em um país plenamente europeu, acompanhadas de sua divisão entre Islã e secularismo, tradição e modernidade, se encontram no coração de sua preocupação literária.

Nascido no dia 7 de junho de 1952 em uma família rica e ocidentalizada, o romancista abandonou seus estudos de arquitetura aos 23 anos para se dedicar à literatura. Publicou seu primeiro romance premiado, "Cevdet Bey e seus filhos", em 1982.

Pamuk evita aparecer em público e dedica suas horas a escrever, entre um trago e outro de cigarro, em seu apartamento de Istambul. Seus primeiros choques com a classe política ocorreram em meados dos anos 90, quando denunciou o tratamento reservado à minoria curda durante uma dura campanha do Exército para pôr fim à insurgência separatista no sudeste do país.

Em 1998, o governo lhe concedeu um ramo de oliva ao reconhecê-lo como "Artista do Estado", mas Pamuk rejeitou o prêmio. A essa altura, ele já havia se tornado o autor mais vendido do país. Seu sexto romance, "Meu Nome É Vermelho", fez dele um escritor de fama internacional.

Em 2005, Orhan Pamuk participou da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro. Seus livros, traduzidos para 32 idiomas, são "Cevdet Bey e seus filhos" (1982), "A Casa do Silêncio" (1983), "O Castelo Branco" (1985), "O Livro Negro" (1990), "A Vida Nova" (1994), "Meu Nome É Vermelho" (1998), "Neve" (2002) e "Istambul: Memórias e a Cidade" (2003).

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