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20/10/2006
-
10h37
INÁCIO ARAÚJO
da Folha de S.Paulo
O plano de abertura de "A Comédia do Poder" já vale o filme: um homem poderoso, denominado "o Presidente", conversa em seu escritório, dá ordens à secretária, fala no telefone celular, desce o elevador com outra secretária, mais ordens, mais celular, mais gente que se admira à sua passagem. Chega ao andar térreo e, quando se prepara para sair, recebe a ordem de prisão.
Claude Chabrol entra nessa história para valer. O Presidente é o primeiro de uma lista de homens poderosos envolvidos com grossa corrupção (licitações, propinas etc.). Do outro lado, existe Isabelle Huppert, ou Jeanne Charmant-Killman, uma procuradora conhecida como "a Piranha" --e não por conta de suas atividades sexuais: é que ela agarra, morde, faz sangrar (aliás, sua vida pessoal é um fracasso).
À medida que a procuradora escava o caso, aparecem inúmeros outros envolvidos. Uma coisa sem fim, que desemboca na cúpula do Judiciário. Se o caso é tão grave, por que comédia? O que há de cômico nisso?
Certamente isso vem do sarcasmo com que Chabrol observa o mundo das altas finanças, das negociatas --enfim, isso que parece atualidade planetária-- e do combate à corrupção.
Mas isso é periférico. Mais do que tudo, Chabrol se interessa pela lógica, por seu vínculo íntimo com a cultura francesa. É a lógica que guia Charmant-Killman, a paixão por desvendar os elos da cadeia da corrupção.
Ao mesmo tempo, o autor se interessa mais ainda por aquele momento em que a lógica se rompe, em que o programado sai dos eixos, vencido pelo acaso. É o que veremos no final-surpresa deste filme. Já era assim em seu "Os Primos" (1959). É assim aqui também.
Especial
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Chabrol vê corrupção com sarcasmo em "A Comédia do Poder"
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da Folha de S.Paulo
O plano de abertura de "A Comédia do Poder" já vale o filme: um homem poderoso, denominado "o Presidente", conversa em seu escritório, dá ordens à secretária, fala no telefone celular, desce o elevador com outra secretária, mais ordens, mais celular, mais gente que se admira à sua passagem. Chega ao andar térreo e, quando se prepara para sair, recebe a ordem de prisão.
Claude Chabrol entra nessa história para valer. O Presidente é o primeiro de uma lista de homens poderosos envolvidos com grossa corrupção (licitações, propinas etc.). Do outro lado, existe Isabelle Huppert, ou Jeanne Charmant-Killman, uma procuradora conhecida como "a Piranha" --e não por conta de suas atividades sexuais: é que ela agarra, morde, faz sangrar (aliás, sua vida pessoal é um fracasso).
À medida que a procuradora escava o caso, aparecem inúmeros outros envolvidos. Uma coisa sem fim, que desemboca na cúpula do Judiciário. Se o caso é tão grave, por que comédia? O que há de cômico nisso?
Certamente isso vem do sarcasmo com que Chabrol observa o mundo das altas finanças, das negociatas --enfim, isso que parece atualidade planetária-- e do combate à corrupção.
Mas isso é periférico. Mais do que tudo, Chabrol se interessa pela lógica, por seu vínculo íntimo com a cultura francesa. É a lógica que guia Charmant-Killman, a paixão por desvendar os elos da cadeia da corrupção.
Ao mesmo tempo, o autor se interessa mais ainda por aquele momento em que a lógica se rompe, em que o programado sai dos eixos, vencido pelo acaso. É o que veremos no final-surpresa deste filme. Já era assim em seu "Os Primos" (1959). É assim aqui também.
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