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26/10/2006
-
10h23
INÁCIO ARAUJO
da Folha de S.Paulo
É uma lástima que Catherine Deneuve tenha recusado voltar ao papel da bela Séverine de "Bela da Tarde": a idéia de retomar o clássico personagem criado para o filme de Luis Buñuel 40 anos depois era um achado. E o desenvolvimento que deu aos personagens, exemplar.
"Belle Toujours - Sempre Bela" seria uma obra-prima, caso não faltasse ali, justamente, Deneuve. Porque no cinema certas personagens são indissociáveis de seus criadores. Não existe Séverine sem Deneuve, assim como não existiria Michael Corleone sem Al Pacino.
O que restou, e não é pouco, é a idéia de Oliveira, de promover o reencontro da Bela com o sr. Husson. No caso de Husson, Michel Piccoli retoma o papel, o que é bem importante. Ele era talvez o mais pervertido dos freqüentadores do bordel onde a Bela pontificava, e com toda certeza aquele que mais tensão criava, já que era amigo do marido de Séverine.
Husson a vê durante um concerto, mas não consegue entrar em contato com a mulher. A partir daí temos contato com esse homem hoje idoso e solitário, mas incontestavelmente feliz por ter vivido aquela estranha aventura com uma mulher invulgar.
Invulgarmente perversa, como ele bem explica ao barman a quem desabafa ou às prostitutas que encontra, que lhe parecem amadoras perto da Bela da Tarde.
O problema é que ele acaba por encontrá-la, e ela aceita marcar um encontro, onde Husson julga que saberá o que foi feito daquela mulher, hoje aparentemente muito rica.
Mais, julga que enfim conseguirá entender o mistério de uma mulher que amava seu marido enormemente, mas de uma maneira sadomasoquista que a levava a entregar-se a outros homens.
À parte a decepção que é vermos Bulle Ogier num papel destinado a Catherine Deneuve (por quem? pelos céus, talvez), podemos desfrutar da solução de Oliveira para o mistério Séverine, que aliás não se dissipará --até pelo contrário.
Quanto a Deneuve, só se pode lamentar: impediu que uma obra de modo magnífica se tornasse obra-prima acabada e impediu-se o privilégio de dar um fecho de ouro para um dos personagens mais fascinantes que já se pôde ver numa tela de cinema.
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da Folha de S.Paulo
É uma lástima que Catherine Deneuve tenha recusado voltar ao papel da bela Séverine de "Bela da Tarde": a idéia de retomar o clássico personagem criado para o filme de Luis Buñuel 40 anos depois era um achado. E o desenvolvimento que deu aos personagens, exemplar.
"Belle Toujours - Sempre Bela" seria uma obra-prima, caso não faltasse ali, justamente, Deneuve. Porque no cinema certas personagens são indissociáveis de seus criadores. Não existe Séverine sem Deneuve, assim como não existiria Michael Corleone sem Al Pacino.
O que restou, e não é pouco, é a idéia de Oliveira, de promover o reencontro da Bela com o sr. Husson. No caso de Husson, Michel Piccoli retoma o papel, o que é bem importante. Ele era talvez o mais pervertido dos freqüentadores do bordel onde a Bela pontificava, e com toda certeza aquele que mais tensão criava, já que era amigo do marido de Séverine.
Husson a vê durante um concerto, mas não consegue entrar em contato com a mulher. A partir daí temos contato com esse homem hoje idoso e solitário, mas incontestavelmente feliz por ter vivido aquela estranha aventura com uma mulher invulgar.
Invulgarmente perversa, como ele bem explica ao barman a quem desabafa ou às prostitutas que encontra, que lhe parecem amadoras perto da Bela da Tarde.
O problema é que ele acaba por encontrá-la, e ela aceita marcar um encontro, onde Husson julga que saberá o que foi feito daquela mulher, hoje aparentemente muito rica.
Mais, julga que enfim conseguirá entender o mistério de uma mulher que amava seu marido enormemente, mas de uma maneira sadomasoquista que a levava a entregar-se a outros homens.
À parte a decepção que é vermos Bulle Ogier num papel destinado a Catherine Deneuve (por quem? pelos céus, talvez), podemos desfrutar da solução de Oliveira para o mistério Séverine, que aliás não se dissipará --até pelo contrário.
Quanto a Deneuve, só se pode lamentar: impediu que uma obra de modo magnífica se tornasse obra-prima acabada e impediu-se o privilégio de dar um fecho de ouro para um dos personagens mais fascinantes que já se pôde ver numa tela de cinema.
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