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01/11/2006
-
10h20
CÁSSIO STARLING CARLOS
da Folha de S.Paulo
A retrospectiva de cinema político italiano, apresentada nesta Mostra, trouxe à tona filmes potentes em que o engajamento era sinônimo de gravidade, no tom e no tratamento. Quatro décadas depois, alguns filmes contemporâneos exibidos no festival demonstram que a solenidade pode ter ficado no passado, mas que o cinema político encontra-se vivo e feroz. Ao lado do admirável "O Crocodilo", de Nanni Moretti, "Bye Bye Berlusconi", dirigido pelo alemão Jan Henrik Stahlberg, faz lembrar o antigo e vivo dito de Marx sobre a repetição na história, "uma vez como tragédia, outra, como farsa".
E a bufonaria de Berlusconi não nos deixaria enganar a esse respeito. Seu exibicionismo de circo cabe feito luva no tratamento burlesco que recebe nessa comédia rasgada. O filme narra as peripécias de um grupo às voltas com uma produção de cinema que pretende retratar o ex-primeiro-ministro italiano, mas não tem como avançar sem temer processos judiciais.
A partir desse "plot" realista, a trama duplica-se em uma paródia, transformando Berlusconi (encarnado por um ator que é seu perfeito sósia) em Mickey, que acumula as funções de prefeito de uma cidade e dono da TV Melancia.
É assessorado por Huguinho, Zezinho e Luizinho e tem reuniões com o Tio Patinhas. Já a parte ficcional fica por conta de um grupo terrorista (os Irmãos Metralha) que transforma Berlusconi em refém e promove um "julgamento" transmitido pela internet e com direito a voto interativo.
Metalinguagem
Para reiterar que qualquer semelhança com a realidade é mais que mera coincidência, o filme se desenvolve a partir de uma série de curtos-circuitos entre "real" e "ficção", fortalecendo a impressão que os absurdos encontram-se mais fortemente estabelecidos no primeiro campo que no segundo.
Apesar de uma estrutura que brinca o tempo todo com a metalinguagem, "Bye Bye Berlusconi" ganha sabor autêntico por causa do humor cáustico com que desmonta a bufonaria de seu protagonista. E, em meio a tantos filmes sérios, é delicioso assistir a um filme que detona explosões de gargalhadas na platéia.
Especial
Saiba tudo sobre a 30ª Mostra de Cinema de SP
Comédia rasgada, "Bye Bye Berlusconi" desmonta político italiano
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da Folha de S.Paulo
A retrospectiva de cinema político italiano, apresentada nesta Mostra, trouxe à tona filmes potentes em que o engajamento era sinônimo de gravidade, no tom e no tratamento. Quatro décadas depois, alguns filmes contemporâneos exibidos no festival demonstram que a solenidade pode ter ficado no passado, mas que o cinema político encontra-se vivo e feroz. Ao lado do admirável "O Crocodilo", de Nanni Moretti, "Bye Bye Berlusconi", dirigido pelo alemão Jan Henrik Stahlberg, faz lembrar o antigo e vivo dito de Marx sobre a repetição na história, "uma vez como tragédia, outra, como farsa".
E a bufonaria de Berlusconi não nos deixaria enganar a esse respeito. Seu exibicionismo de circo cabe feito luva no tratamento burlesco que recebe nessa comédia rasgada. O filme narra as peripécias de um grupo às voltas com uma produção de cinema que pretende retratar o ex-primeiro-ministro italiano, mas não tem como avançar sem temer processos judiciais.
A partir desse "plot" realista, a trama duplica-se em uma paródia, transformando Berlusconi (encarnado por um ator que é seu perfeito sósia) em Mickey, que acumula as funções de prefeito de uma cidade e dono da TV Melancia.
É assessorado por Huguinho, Zezinho e Luizinho e tem reuniões com o Tio Patinhas. Já a parte ficcional fica por conta de um grupo terrorista (os Irmãos Metralha) que transforma Berlusconi em refém e promove um "julgamento" transmitido pela internet e com direito a voto interativo.
Metalinguagem
Para reiterar que qualquer semelhança com a realidade é mais que mera coincidência, o filme se desenvolve a partir de uma série de curtos-circuitos entre "real" e "ficção", fortalecendo a impressão que os absurdos encontram-se mais fortemente estabelecidos no primeiro campo que no segundo.
Apesar de uma estrutura que brinca o tempo todo com a metalinguagem, "Bye Bye Berlusconi" ganha sabor autêntico por causa do humor cáustico com que desmonta a bufonaria de seu protagonista. E, em meio a tantos filmes sérios, é delicioso assistir a um filme que detona explosões de gargalhadas na platéia.
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