Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
06/11/2006 - 12h30

Leia textos do livro "Antologia Comentada da Poesia Brasileira"

Publicidade

da Folha Oline

O colunista da Folha Manuel da Costa Pinto lança, pela Publifolha, "Antologia Comentada da Poesia Brasileira no Século 21". O livro reúne 205 poemas (alguns inéditos), de 70 poetas, todos ativos de 2000 para cá. Confira três deles, de autoria de Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e Adélia Prado.

Caetano Veloso
"Fora da Ordem" (do CD "Circuladô, 1991)

Vapor barato, um mero serviçal do narcotráfico
Foi encontrado na ruína de uma escola em construção
Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína
Tudo é menino e menina no olho da rua
O asfalto, a ponte o viaduto ganindo pra lua
Nada continua
E o cano da pistola que as crianças mordem
Reflete todas as cores da paisagem da cidade que é muito
Mais bonita e
Muito mais intensa do que no cartão postal
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial...
Escuras coxas duras tuas duas de acrobata mulata
Tua batata da perna moderna, a trupe intrépida em que fluis
Te encontro em Sampa de onde mal se vê quem sobe ou desce arampa
Alguma coisa em nossa transa é quase luz forte demais
Parece pôr tudo à prova, parece fogo, parece, parece paz
Parece paz
Pletora de alegria, um show de Jorge Benjor dentro de nós
É muito, é muito, é total
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial...
Meu canto esconde-se como um bando de Ianomâmis na floresta
Na minha testa caem, vêm colocar-se plumas de um velho cocar
Estou de pé em cima do monte de imundo lixo baiano
Cuspo chicletes do ódio no esgoto exposto do Leblon
Mas retribuo a piscadela do garoto de frente do Trianon
Eu sei o que é bom
Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem
Apenas sei de diversas harmonias possíveis sem juízo final
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial...

Arnaldo Antunes
de "2 ou + Corpos no Mesmo Espaço"

foco
o
foco
foco do foco do foco
até o
proto -
- foco
-
que nenhum brometo
de prata
traduz
em tato
-
zigoto
da luz

Adélia Prado
"O Poeta Ficou Cansado" (de "Oráculos de Maio")

Pois não quero mais ser Teu arauto
Já que todos têm voz,
por que só eu devo tomar navios
de rotas que não escolhi?
Por que não gritas, Tu mesmo,
a miraculosa trama dos teares
já que Tua voz reboa
nos quatro cantos do mundo?
Tudo progrediu na Terra,
e insistes em caixeiros-viajantes
de porta em porta, a cavalo!
Olha aqui, cidadão,
repara, minha senhora
neste canivete mágico:
corta, saca e fura,
é um faqueiro completo!
Ó Deus,
me deixa trabalhar na cozinha,
nem vendedor nem escrivão,
me deixa fazer Teu pão.
Folha, diz-me o Senhor,
Eu só como palavras.

"Antologia Comentada da Poesia Brasileira no Século 21"
Autor: Manuel da Costa Pinto
Editora: Publifolha
Páginas: 384
Quanto: R$ 39,90

Leia mais
  • "O Livro das Fadas de Natal" traz seu encantamento para a festa natalina
  • Guia ensina turista gay a usar 8 idiomas
  • Livro reúne citações de pensadores e líderes sobre amor e sabedoria
  • Livro traz 40 histórias e preces sobre Nossa Senhora

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre lançamentos da Publifolha
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página