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10/05/2007 - 10h14

"Somos o anti-'Jornal Nacional'", diz diretor de jornalismo do SBT

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DIÓGENES MUNIZ
Editor-assistente de Ilustrada da Folha Online

Os telejornais do SBT geram burburinho independentemente do que exibem. Fofocas sobre Ratinho, Ana Paula Padrão e Cynthia Benini, por exemplo, costumam ter mais espaço na mídia do que seus trabalhos. Com bons índices de audiência e um novo formato, o programa "SBT Brasil" está conseguindo, afinal, chamar atenção para si e virar exceção à regra no SBT.

A reformulação do programa começou em fevereiro deste ano, quando Paulo Nicolau (ex-Globo e Record) virou diretor de jornalismo no lugar de Luiz Gonzaga Mineiro. Ana Paula Padrão foi investir em reportagens no "SBT Realidade" e, na bancada do jornal noturno, entraram Cynthia Benini e Carlos Nascimento --ele vindo da Band, ela do "jornal das pernas".

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Carlos Nascimento, ex-Globo e Band, apresenta atualmente o "SBT Brasil"
Carlos Nascimento, ex-Globo e Band, apresenta atualmente o "SBT Brasil"
Após se fixar num horário (21h30) --raridade em se tratando de SBT-- o telejornal apostou num tom mais descontraído. Resultado: o "SBT Brasil", que em janeiro marcava 3,5 pontos, chegou a cravar 9 pontos em abril, colocando muitas vezes o SBT na vice-liderança. Ultimamente a média tem ficado entre 6 e 8, auxiliada às quartas e quintas-feiras pelo reality show "Ídolos".

Alguns expedientes utilizados pelo programa, como a participação ao vivo de telespectadores, por telefone, e informação da hora certa, causaram estranhamento. "Isso de falar o horário é coisa do Silvio [Santos]", diz Nicolau. Segundo o diretor, o programa ganha atenção porque segue uma linha oposta à de outros telejornais --"Jornal Nacional" à frente.

A parceria de Benini com Nascimento também rendeu comentários, alguns maldosos. Nascimento teria torcido o nariz ao saber que seria colega de trabalho de Cynthia. Sobre isso, Nicolau apazigua: "Pegam a Cynthia pelas pernas, mas ela não tem culpa de ser muito bonita. A maioria das mulheres queria ser lembrada pelas pernas, mas para ela é um problema".

Em entrevista à Folha Online, o diretor de jornalismo do SBT falou sobre telejornal noturno, Silvio Santos, Record, "Jornal da Massa" e outros assuntos. Confira:

Folha Online - Quais foram as mudanças implementadas no "SBT Brasil" com sua entrada?

Paulo Nicolau A mudança no SBT Brasil foi, principalmente, de formato. Era uma apresentadora, passaram a ser dois. A outra mudança são os comentaristas, que agora são quatro. Tem também a entrevista por telefone. A gente pega um tema, de preferência os mais diferentes possíveis. Perguntamos, por exemplo: "Você acha que a Igreja Católica é machista?".

São temas polêmicos. Antes, as pessoas ligavam para o SBT, deixavam um recado e depois a gente editava e colocava no ar. Agora, escolhemos um tema do dia e os telefonemas são ao vivo, dez ao todo. No final, tiramos um resultado.

Na última semana completamos 500 telefonemas ao vivo no ar. Isso quer dizer que 500 pessoas deram opinião, ao vivo, no horário nobre, na segunda maior rede de TV do país. É o maior espaço democrático, o único talvez, do telejornalismo brasileiro.

Divulgação
Cynthia Benini e Analice Nicolau no extinto "Jornal do SBT", o "jornal das pernas"
Cynthia Benini e Analice Nicolau no extinto "Jornal do SBT", o "jornal das pernas"
Folha Online - Por que essa abertura está gerando tantos comentários e questionamentos?

Nicolau - Nestes 500 participantes, a gente não teve nenhum problema. As pessoas têm orgulho de participar. Ninguém falou palavrão. Mas é um risco que a gente corre.

Folha Online - Como vocês escolhem quem entra ou não no ar?

Nicolau - Damos o e-mail no ar para quem quer participar. Deixamos também o telefone, que anunciamos no programa. O telespectador liga durante o dia e uma pessoa liga de volta e vai conversando. A triagem é proporcional. Se ouviu 40 pessoas, sendo 30 são a favor e 10 contra, a mesma proporção vai nas dez do programa. E aí ela pega as pessoas que falam com mais desenvoltura, as mais diferentes entre si.

Folha Online - O programa é completamente ao vivo?

Nicolau - Às vezes gravamos colunistas. Mas o resto é tudo ao vivo. No "Jornal Nacional", o Arnaldo Jabor também grava. Aqui, o comentarista às vezes é ao vivo, às vezes gravado. Algumas pessoas se confundem ao falar que o "SBT Brasil" é gravado. É o "Jornal do SBT - Manhã" que é gravado.

Folha Online - Por que vocês falam a hora certa no início e durante o programa?

Nicolau - Isso é coisa do Silvio [Santos]. Ele é um patrão diferente, é daqueles que gosta do chão da fábrica. O cara é um gênio. Está sempre dando sugestões, mas para coisas construtivas. Em termos de conteúdo, não há interferência nenhuma aqui. É totalmente livre a linha editorial. Quando vim aqui, nunca me disseram: "Isso tem que dar, isso não tem". Nunca vi uma coisa igual.

Folha Online - Vocês vão manter o programa nesse horário?

Nicolau - A grade está assim desde fevereiro, mas mudanças fazem parte do negócio. Não sei dizer se o horário fica, mas gostaria que fosse mais cedo, para poder concorrer com os outros jornais.

Folha Online - Como vocês se sentem quando falam que os jornais no SBT têm o oposto do padrão de qualidade da Globo?

Nicolau - Acho que é isso mesmo, em termos. Somos o anti-"Jornal Nacional". Em termos de reportagem, o padrão que a Globo trouxe para o Brasil dos EUA está em todos telejornais. Dos nossos editores aqui, quase todos vieram da Globo. Mas temos diferenças, o "SBT Brasil" tem sua cara. Nós fazemos uma coisa mais descontraída. O que é totalmente diferente do "JN", por exemplo, são as entrevistas por telefone, que eles nunca fariam. Outra diferença é termos quatro comentaristas.

Folha Online - O "SBT Brasil" é um telejornal, digamos, mais popular?

Nicolau - Não sei se é mesmo. Desde que tivemos esta reformulação, o público A/B dobrou. As pessoas estão vendo que é o jornal em que você pode confiar. Que ninguém está aqui para manipular a notícia.

Folha Online - O SBT parece se pendurar, cada vez mais, em uma programação voltada às classes mais populares. Você não acha natural que o jornal vá junto?

Nicolau - Se a gente fosse fazer um jornal mais popular, seria diferente...

Folha Online - Seria um "Jornal da Massa"?

Nicolau - "Jornal da Massa" é mais para a gente se divertir fazendo, entendeu? É muito divertido, a gente dá muita risada. Mas, para um jornal popular, seria um outro tipo de matéria, aquelas cheias de plano-sequência [longa cena sem cortes], que você mostra as curiosidades do Brasil, tipo do cara que come carne de macaco.

Folha Online - Você acha que falta isso na TV?

Nicolau - Não sei, mas quando o povo faz dá muita audiência.

Folha Online - Quais foram os problemas ao colocar Carlos Nascimento e Cynthia Benini na mesma bancada?

Nicolau - Não houve problema nenhum. O Nascimento é um cara que é "top". Ele não tem vaidade de querer ser mais que os outros. Ele é gente mesmo, é muito bacana de trabalhar. Já a Cyntia, que é jornalista formada, trabalhou no canal Futura, na SporTV. Às vezes pegam ela pelas pernas, mas ela não tem culpa de ser muito bonita. A maioria das mulheres queria ser lembrada pelas pernas, mas para ela é um problema. O importante é que ela é jornalista formada. Ela começou como modelo, aos 17 anos estava na China, Japão, Nova Zelândia, na Alemanha. Daí foi fazer novela na Globo e é uma pessoa que está crescendo muito. Ela é multimídia e tem uma bagagem espetacular.

Folha Online - Você acha acertada a opção da Record de copiar o jornalismo da Globo?

Nicolau - É uma opção de mercado. Mas isso você tem que ver com eles.

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