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29/09/2004 - 08h52

Na internet, candidatos a prefeito ignoram eleitor

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DAYANNE MIKEVIS
free-lance para a Folha de S.Paulo

Neste ano, cresceu o número de candidatos que passaram a usar a internet em suas campanhas, mostrando na rede propostas e até buscando recursos. Mas é pequena a importância que dão aos internautas, a julgar pelo resultado de teste feito pela Folha.

No dia 15 de setembro, a reportagem perguntou como eleitor se o candidato já havia mudado de partido e quantas vezes via o item "Fale comigo" ou semelhante. Apenas 5 dos 23 candidatos consultados responderam em 48 horas. Dois mandaram resposta depois desse prazo e 16 ignoraram a consulta. O teste envolveu os três principais aspirantes às prefeituras das dez capitais mais populosas.

O silêncio dos candidatos surpreendeu Rosângela Giembinsky, 48, da ONG Voto Consciente. "É ainda mais preocupante que não respondam em momento de campanha, porque depois vai ser pior." Mas ela ressalva que "não se tem o hábito de responder porque poucas pessoas cobram".

"Grande falha"

O professor Carlos Bottesi, 52, do Laboratório de Mídia e Tecnologias da Comunicação da Unicamp classificou como "uma grande falha" deixar o eleitor internauta sem resposta.

"O problema é que se faz site porque é bonitinho, e não porque é uma mídia para divulgar o programa de governo ou o candidato", afirmou. Bottesi, que visita sites por razões profissionais e também usou a internet para conhecer melhor os candidatos de sua cidade, Campinas, diz que encontrou plano de governo apenas no site de um dos candidatos.

"A internet é uma faca de dois gumes. Se o site não for bem utilizado, acaba virando contra o candidato." Ele disse que falta conhecimento a respeito das possibilidades do meio para uso na campanha eleitoral. "Hoje, é como se entregassem um santinho para você. Mas vai melhorar."

O chefe do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA/USP, professor Ivan Santo Barbosa, 53, também acredita em uma melhora no futuro, mas credita o desempenho decepcionante de interatividade à proximidade com as eleições, que leva os assessores a reforçar a estratégia do corpo-a-corpo. Barbosa também aponta "falta de cultura política em relação ao suporte".

Alfabetização digital

"O político tradicional não está alfabetizado digitalmente." Assim, na opinião do professor, são os assessores que devem pensar em uma estratégia, como uma equipe para responder os e-mails, mas devem tomar o cuidado de não querer filtrar todas as mensagens para que ele seja eficiente.

No imaginário político, afirma Barbosa, o eleitor que busca informação pela internet é o de classe alta e mais politizado, que estaria entre os 30% dos que são fiéis a alguma ideologia. O restante, diz ele, é influenciado por fatores como aparência e comportamento superficial do candidato.

Não são apenas políticos e assessores que derrapam no uso da rede. Barbosa também indica que "não caiu a ficha direito para os marqueteiros" sobre as possibilidades on-line. Ele também ressalta que parte do telemarketing político poderia migrar para a internet, até por uma questão de custo.

Sobre o uso eleitoral futuro dessa mídia, Bottesi coloca que um melhor aproveitamento é necessário para aprimorar conhecimentos e aproveitar melhor a chegada da TV digital, cuja previsão de implementação no Brasil é em 2009.

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