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10/11/2005
-
12h41
JULIANA CARPANEZ
da Folha Online
O governo brasileiro espera que a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, realizada na próxima semana em Túnis (capital da Tunísia), represente um importante marco na história da internet.
Isso porque especialistas do mundo inteiro vão discutir, no evento com três dias de duração, o polêmico assunto do controle da rede mundial de computadores. Atualmente, ele é feito pela Icann (Corporação da Internet para Nomes e Números Designados, em inglês), órgão que está sob responsabilidade do Departamento de Comércio norte-americano.
"Até agora, este gerenciamento foi feito de maneira unilateral. Queremos criar um grupo internacional que discuta e estabeleça novas regras para a governança da rede", afirmou Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento.
Santana reconhece que esta será uma briga difícil. Apesar da força do grupo a favor da democratização --que recentemente recebeu a adesão da Europa--, os Estados Unidos não querem mudanças. O país se mostra inflexível, mesmo sabendo que o controle do Departamento de Comércio sobre a Icann vence no final de 2006.
De acordo com o secretário, algumas atitudes do governo Bush "empurraram" a Europa para o grupo de oposição --formado por Brasil e outros países emergentes desde a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação de Genebra, realizada há dois anos.
"Os europeus viam a Icann como democrática, multilateral e achavam que, a partir de 2006 [com o final do contrato com o Departamento de Comércio], ela funcionaria como uma ONG internacional", conta Santanna. "Esta postura mudou quando os EUA mostraram que tudo deve continuar como está. A Europa teve então de sair de cima do muro e escolheu uma posição mais próxima à nossa [do Brasil]."
Mudanças
Caso se estabeleça um fórum internacional de supervisão à internet, as nações não ficarão à mercê das decisões tomadas pelos Estados Unidos.
Recentemente, por exemplo, a Icann aprovou a criação do domínio ".xxx" (para sites pornôs), mas o governo Bush decidiu adiar por tempo indeterminado a concretização do projeto. "Nós, que discordamos da maneira como o processo havia sido encaminhado, não fomos ouvidos. No entanto, sozinho, o governo dos EUA teve poder de veto", diz Santanna.
Outro conflito refere-se à extensão ".travel", recentemente aprovada. Os interessados do setor de turismo devem se inscrever em até dois meses, para que possam usar o domínio. A partir daí, o uso dos endereços é liberado para qualquer pessoa interessada --e disposta a pagar cerca de US$ 50 por ano.
O problema, neste caso, está na possibilidade de um internauta mal-intencionado utilizar termos tipicamente brasileiros para criar uma página indevida --como "Copacabana.travel" para um site ligado à prostituição.
"No Brasil, o Comitê Gestor de Internet só libera nomes de Estados, cidades e marcas àqueles que realmente têm direitos sobre eles. Com isso, é possível evitar o uso de termos legítimos para promover sites ligados à pirataria e comércio ilegal, por exemplo", diz Santanna.
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da Folha Online
O governo brasileiro espera que a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, realizada na próxima semana em Túnis (capital da Tunísia), represente um importante marco na história da internet.
Isso porque especialistas do mundo inteiro vão discutir, no evento com três dias de duração, o polêmico assunto do controle da rede mundial de computadores. Atualmente, ele é feito pela Icann (Corporação da Internet para Nomes e Números Designados, em inglês), órgão que está sob responsabilidade do Departamento de Comércio norte-americano.
"Até agora, este gerenciamento foi feito de maneira unilateral. Queremos criar um grupo internacional que discuta e estabeleça novas regras para a governança da rede", afirmou Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento.
Santana reconhece que esta será uma briga difícil. Apesar da força do grupo a favor da democratização --que recentemente recebeu a adesão da Europa--, os Estados Unidos não querem mudanças. O país se mostra inflexível, mesmo sabendo que o controle do Departamento de Comércio sobre a Icann vence no final de 2006.
De acordo com o secretário, algumas atitudes do governo Bush "empurraram" a Europa para o grupo de oposição --formado por Brasil e outros países emergentes desde a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação de Genebra, realizada há dois anos.
"Os europeus viam a Icann como democrática, multilateral e achavam que, a partir de 2006 [com o final do contrato com o Departamento de Comércio], ela funcionaria como uma ONG internacional", conta Santanna. "Esta postura mudou quando os EUA mostraram que tudo deve continuar como está. A Europa teve então de sair de cima do muro e escolheu uma posição mais próxima à nossa [do Brasil]."
Mudanças
Caso se estabeleça um fórum internacional de supervisão à internet, as nações não ficarão à mercê das decisões tomadas pelos Estados Unidos.
Recentemente, por exemplo, a Icann aprovou a criação do domínio ".xxx" (para sites pornôs), mas o governo Bush decidiu adiar por tempo indeterminado a concretização do projeto. "Nós, que discordamos da maneira como o processo havia sido encaminhado, não fomos ouvidos. No entanto, sozinho, o governo dos EUA teve poder de veto", diz Santanna.
Outro conflito refere-se à extensão ".travel", recentemente aprovada. Os interessados do setor de turismo devem se inscrever em até dois meses, para que possam usar o domínio. A partir daí, o uso dos endereços é liberado para qualquer pessoa interessada --e disposta a pagar cerca de US$ 50 por ano.
O problema, neste caso, está na possibilidade de um internauta mal-intencionado utilizar termos tipicamente brasileiros para criar uma página indevida --como "Copacabana.travel" para um site ligado à prostituição.
"No Brasil, o Comitê Gestor de Internet só libera nomes de Estados, cidades e marcas àqueles que realmente têm direitos sobre eles. Com isso, é possível evitar o uso de termos legítimos para promover sites ligados à pirataria e comércio ilegal, por exemplo", diz Santanna.
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