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06/03/2006
-
09h15
LETICIA DE CASTRO
da Folha de S.Paulo
Se, para grandes gravadoras, MP3 (arquivo de música digital) e sites de busca de músicas na internet são vilões na luta contra a pirataria, para bandas independentes, eles podem ser o passaporte para o sucesso. Graças a esses recursos, muitos artistas conseguem sair do anonimato, conquistar fãs fiéis e lotar shows.
Na Europa e nos Estados Unidos bandas como Arctic Monkeys e Clap Your Hands Say Yeah viraram febre e conquistaram a mídia especializada tendo como principal ferramenta de divulgação a internet.
O Brasil também já tem seus fenômenos. Além do "hype" Cansei de Ser Sexy, que foi tema de uma matéria elogiosa no jornal inglês "The Observer" antes mesmo de lançar oficialmente seu primeiro disco, há uma infinidade de bandas iniciantes (e outras nem tão iniciantes assim) que estão conquistando um público cada vez maior com uma estratégia muito simples: disponibilizar músicas na web, criar comunidades no orkut e fotologs e alimentar o boca a boca virtual.
O mais recente sucesso virtual brasileiro é um trio curitibano que mistura o batidão do funk carioca com samples de bandas de rock, como AC/DC e Alice in Chains, e letras engraçadas sobre temas escatológicos. Os hits: "Melô do Vitiligo", "Dança da Ventuinha", "Melô do Tabaco" e "Cai Nimim".
Formado há pouco menos de um ano por dois DJs e uma cantora, o Bonde do Rolê começou, como dá para perceber pelos títulos das canções, como uma brincadeira despretensiosa. "A gente montou [o grupo] na base da piada", confessa Rodrigo Antunes, 25, um dos DJs.
As músicas, compostas e gravadas no computador de Rodrigo, foram disponibilizadas no site myspace.com em abril do ano passado, com o único objetivo de poupar trabalho aos integrantes. "Os amigos pediam para a gente mandar as músicas por e-mail. Ficava mais fácil jogar tudo num site, para as pessoas procurarem."
Há alguns meses, as faixas caíram nas mãos do DJ e produtor norte-americano Diplo, entusiasta do funk carioca, que decidiu inaugurar seu selo independente, Mad Decent, com um disco do trio. Ainda neste mês, ele quer lançar um EP do grupo em vinil e, até julho, um disco, nos EUA.
Outro sucesso da internet, a banda paulista de powerpop Drosóphila, também diz que não precisou se mobilizar muito para multiplicar os fãs. "A gente só colocou as músicas na internet e cruzou os dedos", conta a vocalista Ana Luiza Pimentel, 22.
Depois de disponibilizar o repertório do primeiro disco independente na rede, a banda, que até então só tocava em São Paulo, passou a receber propostas para se apresentar em outros Estados, como Pará e Bahia. Os shows só foram possíveis graças à mobilização dos fãs, que conheceram a banda pela internet e fizeram contatos com casas noturnas nas suas cidades.
Para o grupo de hardcore melódico Nx Zero, a web ainda tem outra vantagem. Em pleno processo de pré-produção do segundo disco independente, a banda decidiu testar o repertório do CD. Desde o ano passado, eles gravam e jogam na rede algumas músicas, para conferir o retorno dos fãs.
"Acho que 90% do nosso público foi formado na internet. É uma galera jovem, ligada em tecnologia", conta o baterista Daniel Weksler, 20. Além do site, o Nx Zero tem fotolog e comunidades no orkut (só a oficial tem mais de 18 mil membros).
Veteranos na cena hardcore, o Dance of Days já tem quatro discos lançados de forma totalmente independente, sem ter o suporte de um selo e, mesmo assim, disponibiliza canções no site oficial da banda.
Para divulgar seus discos, o grupo criou uma estratégia: pouco antes do lançamento, disponibiliza músicas inéditas em sites acessados pelo público de hardcore. "É uma maneira de despertar o interesse dos fãs pelo CD novo", afirma o guitarrista Marcelo Silva, 27.
Para Guilherme Klaussner, 23, guitarrista do Flaming Moe, outra vantagem da internet é a redução de custos de prensagem e a possibilidade de downloads ilimitados, pois os discos saem com um número limitado de cópias. Formada em 2003, a banda tem uma demo e participa de duas coletâneas totalmente virtuais, cujas músicas só podem ser ouvidas e baixadas na rede. "Para nós, divulgar as músicas na internet é uma prioridade", conta Guilherme.
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Se, para grandes gravadoras, MP3 (arquivo de música digital) e sites de busca de músicas na internet são vilões na luta contra a pirataria, para bandas independentes, eles podem ser o passaporte para o sucesso. Graças a esses recursos, muitos artistas conseguem sair do anonimato, conquistar fãs fiéis e lotar shows.
Na Europa e nos Estados Unidos bandas como Arctic Monkeys e Clap Your Hands Say Yeah viraram febre e conquistaram a mídia especializada tendo como principal ferramenta de divulgação a internet.
O Brasil também já tem seus fenômenos. Além do "hype" Cansei de Ser Sexy, que foi tema de uma matéria elogiosa no jornal inglês "The Observer" antes mesmo de lançar oficialmente seu primeiro disco, há uma infinidade de bandas iniciantes (e outras nem tão iniciantes assim) que estão conquistando um público cada vez maior com uma estratégia muito simples: disponibilizar músicas na web, criar comunidades no orkut e fotologs e alimentar o boca a boca virtual.
O mais recente sucesso virtual brasileiro é um trio curitibano que mistura o batidão do funk carioca com samples de bandas de rock, como AC/DC e Alice in Chains, e letras engraçadas sobre temas escatológicos. Os hits: "Melô do Vitiligo", "Dança da Ventuinha", "Melô do Tabaco" e "Cai Nimim".
Formado há pouco menos de um ano por dois DJs e uma cantora, o Bonde do Rolê começou, como dá para perceber pelos títulos das canções, como uma brincadeira despretensiosa. "A gente montou [o grupo] na base da piada", confessa Rodrigo Antunes, 25, um dos DJs.
As músicas, compostas e gravadas no computador de Rodrigo, foram disponibilizadas no site myspace.com em abril do ano passado, com o único objetivo de poupar trabalho aos integrantes. "Os amigos pediam para a gente mandar as músicas por e-mail. Ficava mais fácil jogar tudo num site, para as pessoas procurarem."
Há alguns meses, as faixas caíram nas mãos do DJ e produtor norte-americano Diplo, entusiasta do funk carioca, que decidiu inaugurar seu selo independente, Mad Decent, com um disco do trio. Ainda neste mês, ele quer lançar um EP do grupo em vinil e, até julho, um disco, nos EUA.
Outro sucesso da internet, a banda paulista de powerpop Drosóphila, também diz que não precisou se mobilizar muito para multiplicar os fãs. "A gente só colocou as músicas na internet e cruzou os dedos", conta a vocalista Ana Luiza Pimentel, 22.
Depois de disponibilizar o repertório do primeiro disco independente na rede, a banda, que até então só tocava em São Paulo, passou a receber propostas para se apresentar em outros Estados, como Pará e Bahia. Os shows só foram possíveis graças à mobilização dos fãs, que conheceram a banda pela internet e fizeram contatos com casas noturnas nas suas cidades.
Para o grupo de hardcore melódico Nx Zero, a web ainda tem outra vantagem. Em pleno processo de pré-produção do segundo disco independente, a banda decidiu testar o repertório do CD. Desde o ano passado, eles gravam e jogam na rede algumas músicas, para conferir o retorno dos fãs.
"Acho que 90% do nosso público foi formado na internet. É uma galera jovem, ligada em tecnologia", conta o baterista Daniel Weksler, 20. Além do site, o Nx Zero tem fotolog e comunidades no orkut (só a oficial tem mais de 18 mil membros).
Veteranos na cena hardcore, o Dance of Days já tem quatro discos lançados de forma totalmente independente, sem ter o suporte de um selo e, mesmo assim, disponibiliza canções no site oficial da banda.
Para divulgar seus discos, o grupo criou uma estratégia: pouco antes do lançamento, disponibiliza músicas inéditas em sites acessados pelo público de hardcore. "É uma maneira de despertar o interesse dos fãs pelo CD novo", afirma o guitarrista Marcelo Silva, 27.
Para Guilherme Klaussner, 23, guitarrista do Flaming Moe, outra vantagem da internet é a redução de custos de prensagem e a possibilidade de downloads ilimitados, pois os discos saem com um número limitado de cópias. Formada em 2003, a banda tem uma demo e participa de duas coletâneas totalmente virtuais, cujas músicas só podem ser ouvidas e baixadas na rede. "Para nós, divulgar as músicas na internet é uma prioridade", conta Guilherme.
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