Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/05/2006 - 10h53

Hackers expõem políticos e jornalistas argentinos

Publicidade

FLÁVIA MARREIRO
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires

Cerca de 30 pessoas, entre políticos do primeiro escalão do governo argentino, juízes e jornalistas, tiveram suas caixas de e-mail invadidas por hackers e as senhas pessoais de acesso ao correio eletrônico divulgadas na internet.

Em alguns casos, como o do ex-ministro da Defesa José Pampuro, hoje senador, os espiões divulgaram em um site parte de sua correspondência.

A lista inclui ainda o secretário particular do presidente Néstor Kirchner e de sua mulher, Fabian Gutierrez, o ex-prefeito de Buenos Aires Aníbal Ibarra e ainda Eugenio Zaffaroni, ministro da Corte Suprema. A maior parte dos que tiveram o sigilo de e-mails quebrado (suas senhas divulgadas), porém, é de diretores e jornalistas dos maiores jornais do país: "Clarín" e "La Nación".

O ministro chefe-de-gabinete do governo Kirchner, Alberto Fernández, classificou a onda de espionagem como "tremenda" e, embora não apareça nos sites divulgados pelos hackers, disse que também foi vítima da invasão de privacidade eletrônica.

Fernández afirmou que não há ligação do episódio com agentes da Side (Secretaria de Inteligência do Estado). "Francamente não creio que a Side se meta nisso", afirmou anteontem. É que a principal hipótese apontada pelas vítimas da espionagem e pela imprensa é que os hackers são ex-funcionários da agência de inteligência, demitidos em 2001.

Também se suspeita de narcotraficantes investigados pela Justiça argentina e até de ex-agentes do recém desmontado serviço de inteligência das Forças Armadas do país.

Antecedentes

O caso de espionagem veio à tona na última segunda-feira, quando o jornalista Ernesto Tenenbaum, colunista de uma rádio do grupo "Clarín", afirmou que os endereços de sua caixa de correio haviam recebido mensagens enviadas a partir de seu e-mail, sem que ele soubesse.

Além de correspondência privada, os e-mails enviados indicavam sites com listas endereços e senhas e correspondências particulares de políticos, funcionários e juízes. A operação se repetiu com outros quatro jornalistas.

Entre as correspondências divulgadas pelos espiões estavam as do jornalista do "Clarín" Daniel Santoro. Ele já havia denunciado, no começo deste mês, que sua caixa de e-mail havia sido invadida e que os hackers haviam roubado conversas dele com um juiz.

O tema das mensagens roubadas era uma investigação de narcotráfico --contrabando de cocaína envolvendo dois sérvios. O juiz havia passado informações ao jornal com o compromisso de que seu nome não seria publicado (o chamado "off the record"), mas os e-mails chegaram à defesa dos traficantes.

Na semana passada, o "Clarín" entrou com uma ação na Justiça pedindo investigação do caso. Ontem, o jornal informou que o senador José Pampuro havia se juntado ao diário na ação. Pampurro afirmou ao "La Nación" que os e-mails e uma foto de sua neta divulgadas pelos hackers eram verdadeiros.

"No material divulgado há datas diferentes, há espionagem do ano passado. Foi uma espécie de ameaça para mostrar que os mesmos que espionaram Santoro podem espionar outros jornalistas e que já espionaram políticos", disse Lucio Fernández, do "Clarín", designado pelo jornal para falar à Folha sobre o caso.

Confidências

A maior parte do conteúdo divulgado pelos hackers, porém, não trata de temas políticos: é sobre vida privada das vítimas. Há e-mails com fotos, troca de confidências e preferências sexuais.

"Isso é lixo puro por meio do qual pretendem extorquir e sujar jornalistas, políticos e juízes", afirmou o ex-prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra. O conteúdo estava ainda ontem disponível em um site da rede, atribuído a ex-agentes da Side ligados ao ex-banqueiro menemista Raúl Moneta.

Moneta, segundo o jornal "Pagina/12", manteve uma rede de espionagem, no passado, que contava com os serviços do ex-agente da CIA, Frank Holder, o mesmo que teria passado à revista "Veja" a lista de contas de políticos brasileiros no exterior.

Veja os alvos dos hackers

Políticos
Alberto Fernández, chefe-de-gabinete de Kirchner; José Pampuro, senador da base de Kirchner, ex-ministro da Defesa; Aníbal Ibarra, ex-prefeito de Buenos Aires; Eugenio Zaffaroni, ministro da Corte Suprema argentina; Fabian Gutierrez, secretário de Kirchner. Há ainda um ex-secretário de Estado e o prefeito da cidade de Quilmes.

Jornalistas
Bartolomé Mitre (diretor do "La Nación); Hector Magnetto (presidente do grupo Clarín); Daniel Santoro (repórter especial do "Clarín"); Ernesto Tenenbaum (da rádio Mitre e do grupo Clarín).

Leia mais
  • Espionagem virtual já ocorreu Marinha argentina
  • Aprenda a gerenciar e proteger senhas usadas on-line
  • Conheça os crimes virtuais mais comuns
  • Saiba como funcionam os golpes virtuais

    Especial
  • Leia mais no especial sobre crimes virtuais
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página