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20/09/2006
-
08h45
da Folha Online
Os líderes do golpe militar ocorrido ontem na Tailândia devem indicar um novo premiê em duas semanas e deixar o poder, disse o comandante do Exército, general Sonthi Boonyaratglin, nesta quarta-feira.
"Nós temos duas semanas. Após este período, nós saímos", disse Sonthi, que se pronunciou à imprensa como líder do "Conselho de Reformas Políticas" formado pelos militares. Menos de 24 horas após o golpe que depôs o premiê Thaksin Shinawatra, o general afirmou também que a elaboração de uma nova Constituição e a convocação de eleições gerais deve levar um ano.
Os líderes militares afirmam estar à procura de candidatos civis e "comprometidos com a democracia e a monarquia constitucional" para assumir a chefia de governo. O premiê deposto seguiu hoje para Londres vindo de Nova York, onde participava da 61ª Assembléia da ONU.
O golpe ocorreu de maneira pacífica, já que os militares não enfrentaram resistência. As ruas de Bancoc permaneciam tranqüilas nesta quarta-feira, com pequena presença militar, em sua maioria na área da sede do governo e em quartéis generais próximos.
Segundo Sonthi, Shinawatra poderá retornar ao país, e seus bens não serão confiscados. "Ele é um cidadão tailandês e não haverá problema se decidir retornar", afirmou o general.
O chefe da polícia nacional tailandesa, Kowit Wattana, disse que o premiê deposto não enfrentará novos processos, mas terá que responder aos casos já em andamento, que incluem acusações por fraude eleitoral e insultos ao rei.
Shinawatra, que ainda não se pronunciou publicamente desde que declarou estado de emergência na Tailândia em uma TV de Nova York, deve chegar na tarde desta quarta-feira em Londres, onde uma de suas filhas estuda.
Golpe
O golpe foi a primeira intervenção militar na Tailândia desde 1992, quando uma tentativa lançada pelo então primeiro-ministro Suchinda Kraprayoon, um general, de tomar o poder foi detida por meio de demonstrações populares.
Ao menos 14 tanques de guerra cercaram o escritório de governo nesta terça-feira. Centenas de soldados foram destacados para se colocarem em locais estratégicos de Bancoc, incluindo instalações de governo e avenidas importantes.
O golpe aconteceu um dia depois de uma grande manifestação ocorrida em Bancoc para protestar contra o governo de Shinawatra, acusado de corrupção e abuso de poder.
Os protestos em massa pela renúncia de Thaksin tiveram início no ano passado, como resultado de uma crise política que durou vários meses. Nos últimos dias, Shinawatra havia admitido a possibilidade de abandonar o governo tailandês.
Repercussão
Líderes em todo o mundo expressaram choque e decepção com a deposição de Shinawatra.
Os Estados Unidos, a União Européia (UE), a Austrália e a Nova Zelândia condenaram o golpe militar --o primeiro no país em 15 anos-- por ser uma medida "não-democrática".
No entanto, analistas afirmam que, mesmo que outros países vejam o golpe como um "passo atrás", ele mostrará ser um "passo à frente", já que retira da cena política líderes que ameaçavam a estabilidade do país. "Este golpe será diferente dos anteriores", afirmou Somjai Phagapasvivat, da Universidade Thammasat, em Bancoc.
"Antes, eles eram feitos em interesse dos militares. Agora, o golpe era necessário para acabar com a extrema polarização da sociedade tailandesa", afirmou.
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Os líderes do golpe militar ocorrido ontem na Tailândia devem indicar um novo premiê em duas semanas e deixar o poder, disse o comandante do Exército, general Sonthi Boonyaratglin, nesta quarta-feira.
"Nós temos duas semanas. Após este período, nós saímos", disse Sonthi, que se pronunciou à imprensa como líder do "Conselho de Reformas Políticas" formado pelos militares. Menos de 24 horas após o golpe que depôs o premiê Thaksin Shinawatra, o general afirmou também que a elaboração de uma nova Constituição e a convocação de eleições gerais deve levar um ano.
Os líderes militares afirmam estar à procura de candidatos civis e "comprometidos com a democracia e a monarquia constitucional" para assumir a chefia de governo. O premiê deposto seguiu hoje para Londres vindo de Nova York, onde participava da 61ª Assembléia da ONU.
O golpe ocorreu de maneira pacífica, já que os militares não enfrentaram resistência. As ruas de Bancoc permaneciam tranqüilas nesta quarta-feira, com pequena presença militar, em sua maioria na área da sede do governo e em quartéis generais próximos.
Segundo Sonthi, Shinawatra poderá retornar ao país, e seus bens não serão confiscados. "Ele é um cidadão tailandês e não haverá problema se decidir retornar", afirmou o general.
O chefe da polícia nacional tailandesa, Kowit Wattana, disse que o premiê deposto não enfrentará novos processos, mas terá que responder aos casos já em andamento, que incluem acusações por fraude eleitoral e insultos ao rei.
Shinawatra, que ainda não se pronunciou publicamente desde que declarou estado de emergência na Tailândia em uma TV de Nova York, deve chegar na tarde desta quarta-feira em Londres, onde uma de suas filhas estuda.
Golpe
O golpe foi a primeira intervenção militar na Tailândia desde 1992, quando uma tentativa lançada pelo então primeiro-ministro Suchinda Kraprayoon, um general, de tomar o poder foi detida por meio de demonstrações populares.
Ao menos 14 tanques de guerra cercaram o escritório de governo nesta terça-feira. Centenas de soldados foram destacados para se colocarem em locais estratégicos de Bancoc, incluindo instalações de governo e avenidas importantes.
O golpe aconteceu um dia depois de uma grande manifestação ocorrida em Bancoc para protestar contra o governo de Shinawatra, acusado de corrupção e abuso de poder.
Os protestos em massa pela renúncia de Thaksin tiveram início no ano passado, como resultado de uma crise política que durou vários meses. Nos últimos dias, Shinawatra havia admitido a possibilidade de abandonar o governo tailandês.
Repercussão
Líderes em todo o mundo expressaram choque e decepção com a deposição de Shinawatra.
Os Estados Unidos, a União Européia (UE), a Austrália e a Nova Zelândia condenaram o golpe militar --o primeiro no país em 15 anos-- por ser uma medida "não-democrática".
No entanto, analistas afirmam que, mesmo que outros países vejam o golpe como um "passo atrás", ele mostrará ser um "passo à frente", já que retira da cena política líderes que ameaçavam a estabilidade do país. "Este golpe será diferente dos anteriores", afirmou Somjai Phagapasvivat, da Universidade Thammasat, em Bancoc.
"Antes, eles eram feitos em interesse dos militares. Agora, o golpe era necessário para acabar com a extrema polarização da sociedade tailandesa", afirmou.
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