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18/10/2006 - 10h18

Sobrevivente curdo depõe em processo de Saddam por genocídio

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da Folha Online

Uma testemunha curda que sobreviveu a um ataque das tropas de Saddam Hussein depôs nesta quarta-feira em mais uma audiência do processo do ex-ditador por genocídio no Iraque.

Reuters
Saddam participa de audiência sobre genocídio em Bagdá
Saddam participa de audiência sobre genocídio em Bagdá
Saddam, seu primo Ali Hassan al Majeed --conhecido como Ali, o Químico-- e cinco ex-colaboradores são acusados por crimes de guerra e contra a humanidade pela Operação Anfal. Segundo a promotoria, mais de 183 mil curdos morreram ou desapareceram na ação.

Todos podem ser condenados à morte. Saddam e Ali também são acusados por genocídio por um ataque a gás contra curdos. Os advogados de defesa boicotam o julgamento em protesto contra a nomeação de um novo juiz, segundo eles, devido à intervenção do governo.

A testemunha conseguiu fugir de um campo de detenção durante uma transferência de presos, na ofensiva militar que o governo de Saddam lançou contra os curdos em 1988 no Iraque.

"Estava escuro quando nos levaram até um veículo. Os motoristas saíram dos veículos e acenderam as luzes", disse. Segundo ele, alguns prisioneiros conseguiram roubar um rifle de um dos guardas, mas não conseguiam segurar a arma, porque "estavam fracos".

Os soldados abriram fogo contra os presos. "Eu corri e me joguei no chão, que estava cheia de corpos. Eu caí sobre um homem que agonizava e morreu em seguida. Era realmente inacreditável o número de pessoas mortas", disse a testemunha, identificada apenas como Anwar, que depôs por trás de uma cortina preta.

"Eu me levantei e continuei a correr, e vi corpos de muitas pessoas mortas a tiros", disse a testemunha, que sofreu apenas ferimentos leves.

Ele recebeu abrigo em uma comunidade curda próxima do local do massacre, e depois fugiu para o norte. Por 15 anos, ele viveu na clandestinidade, até a queda de Saddam, em 2003.

Terror

Segundo a testemunha, o campo de detenção no qual ficou preso, Tob Zawa, era um "centro de terror". "Tudo o que eu disser não será suficiente para descrever", disse ele, relatando que detentos eram transportados em veículos cheirando a urina e fezes humanas.

Segundo a testemunha, um preso que era médico foi levado da prisão e nunca mais foi visto. Os guardas também agrediram um homem de barba.

"Eles quebraram dois dentes dele por causa de sua barba, e disseram que, se não a tirasse, seria morto", afirmou.

Em uma ocasião, os guardas separaram as crianças de suas mães. "Elas gritavam, chutando as portas e berrando. Os guardas disseram: "Não se preocupem com as crianças. Nós vamos alimentá-las". Depois de duas horas, as crianças foram trazidas de volta.

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