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20/10/2006 - 23h21

Guerrilheiros tomam cidade e 25 pessoas morrem no Iraque

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da Folha Online

Cerca 300 guerrilheiros leais ao clérigo xiita Muqtada al Sadr, um dos mais influentes líderes religiosos do Iraque contrário à ocupação americana, tomaram durante várias horas o controle da cidade de Amarah, no sul do Iraque, num ataque audacioso que deixou 25 mortos nesta sexta-feira.

A ocupação só terminou após Al Sadr ter enviado uma carta às principais mesquitas da região pedindo calma e o fim dos confrontos. A carta foi lida em mesquitas durante as orações muçulmanas.

Vestidos com uniformes negros e capuzes, os guerrilheiros ocuparam uma área normalmente dominada por uma outra milícia xiita iraquiana, numa cidade em que apenas recentemente tropas americanas cederam o controle das forças de segurança para policiais iraquianos.

Entre os 25 mortos, 10 eram policiais e 25, oficiais das milícias. Algumas agências chegaram a citar que o número de guerrilheiros que tomaram a cidade chegava a 800.

Sextas-feiras são consideradas dias sagrados para os muçulmanos, mas no Iraque isso já não impede as ações violentas de milícias. Há exatamente uma semana, começava a matança em Balad (cidade ao norte de Bagdá), que deixou mais de cem pessoas mortas --na maioria sunitas-- em uma vingança de grupos xiitas que durou cerca de quatro dias.

Os chamados esquadrões da morte [surgidos após o início da explosão da violência sectária em fevereiro deste ano] que atuaram em Balad são supostamente os mesmos que atacaram Amarah nesta sexta-feira, membros do do Exército Mahdi [de Al Sadr].

Cidade sitiada

O ataque à Amarah deixou a cidade sob o controle dos xiitas do Exército Mahdi durante várias horas. A força policial local é controlada pela Brigada Badr do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque (Sciri, na sigla em inglês). A brigada, também xiita, é uma das principais forças policiais no país e tem profundos laços históricos com o Irã.

O ministro da Segurança Nacional, Shirwan al-Waeli, enviado a Amarah para restaurar a ordem, classificou a situação como "séria", mas negou que a cidade estivesse totalmente sob o controle do Exército Mahdi durante o dia.

O confronto em Amarah marcou um dos primeiros choques sérios entre milícias xiitas. Até agora, a maioria dos assassinatos sectários eram de disputas entre xiitas e sunitas.

Um porta-voz do Exército britânico em Basra (quartel-general dos 7.200 soldados britânicos no Iraque) tentou diminuir a importância do confronto em Amarah. Ele afirmou que uma força de 600 policiais iraquianos conseguiu forçar os guerrilheiros xiitas para fora das ruas e firmaram uma trégua entre os grupos na tarde de hoje.

Segundo afirmou à noite o major Charlie Burbridge, as forças britânicas forneceram a vigilância aérea da cidade, mas a situação estava sendo controlada com a ajuda de cerca de 700 soldados iraquianos. "Moqtada al Sadr trouxe os elementos agressivos de sua milícia de volta à ordem", disse o major na noite de hoje.

Burbridge afirmou também que os confrontos haviam sido muito sérios. "Foi o primeiro grande teste para as forças de segurança iraquianas, mas elas passaram". Como precaução, forças britânicas prepararam um grupo de 500 soldados para oferecer assistência caso seja preciso, informou.

O número de guerrilheiros do Exército do Mahdi que tomaram a cidade foi estimado entre 200 e 800 pessoas. O confronto supostamente começou devido ao assassinato na última quinta-feira de Qassim al Tamimi, o chefe da inteligência policial da Província e um dos líderes da Brigada Badr. Em retaliação, sua família seqüestrou o irmão adolescente do comandante do Exército Mahdi em Amarah, o xeque Fadel al Bahadli, exigindo punição para os responsáveis pela morte de Tamimi.

A guerrilha Mahdi respondeu à exigência com a invasão da cidade durante a madrugada. Ainda não se sabe se o irmão de Bahadli foi libertado.

Amarah, localizada a cerca de 50 km da fronteira com o Irã, é um centro tradicional de rebeldes xiitas.

Os xiitas iranianos são acusados de fornecerem verba e treinamento não só para a Brigada Badr mas também para o Exército Mahdi.

Fracasso

Nessa sexta-feira, a polícia informou que outras 34 pessoas morreram no Iraque. Ontem, o Exército americano admitiu publicamente o fracasso de sua estratégia no país.

Um dia após o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ter admitido a comparação entre as guerras do Iraque e do Vietnã, um porta-voz do Exército americano em Bagdá afirmou que as últimas ações militares no país falharam e que será preciso agora uma nova estratégia de ação.

De acordo com o general William Caldwell, porta-voz chefe do Exército americano no Iraque, o último plano de segurança adotado --que teve início em agosto-- não conseguiu reduzir a violência no país.

O número de ataques aumentou mais de 20% nas primeiras três semanas do Ramadã [mês sagrado dos muçulmanos, época em que comer, beber e manter relações sexuais são atividades proibidas entre a alvorada e anoitecer], se comparadas com as três semanas anteriores.

Com agências internacionais

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