Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/11/2006 - 14h31

Scotland Yard admite que morte de ex-espião russo é "suspeita"

Publicidade

PEDRO ALONSO
da Efe, em Londres

Depois de falar durante dias em morte "inexplicada", a Scotland Yard considera agora "suspeito" o falecimento por envenenamento radioativo do ex-espião russo Alexander Litvinenko, afirmou neste domingo o ministro do Interior britânico, John Reid.

"Agora eles [a polícia] me dizem que consideram a morte suspeita. Ontem não era assim", afirmou Reid na Escócia, onde assistia ao Congresso do Partido Trabalhista escocês.

O ministro do Interior disse também que a polícia "não descarta nenhuma opção" em suas investigações.

Questionado sobre se a Rússia poderia estar por trás do suposto assassinato do ex-agente secreto, conhecido por suas duras críticas ao presidente Vladimir Putin, Reid respondeu com cautela: "Não acho que, como político, deva emitir julgamentos que competem à polícia".

Desde a morte de Litvinenko, nesta quinta-feira (23), em um hospital de Londres, a Scotland Yard falava oficialmente em "morte inexplicada", sem usar adjetivos mais precisos sobre o caso.

A brigada antiterrorista da Scotland Yard abriu uma investigação sem precedentes para esclarecer a estranha morte do ex-espião, com ajuda de especialistas forenses e cientistas de Aldermaston, centro de fabricação de armas nucleares do Reino Unido.

Além de analisar imagens de câmeras de segurança, a polícia examina os restos de polônio 210, a substância radioativa que matou Litvinenko, encontrados na casa do ex-espião, em um restaurante e um hotel de Londres que ele visitou antes de adoecer.

A HPA (Agência de Proteção da Saúde, na sigla em inglês) ressaltou que o risco de contágio radioativo é mínimo nesses dois estabelecimentos, embora tenha pedido aos clientes que entrem em contato com a Saúde Pública para que se tranqüilizem.

Além disso, agentes da Scotland Yard, segundo a edição de hoje do "The Sunday Telegraph", planejam viajar esta semana a Roma e Moscou com o objetivo de interrogar os três homens com quem Litvinenko se reuniu em 1º de novembro, quando adoeceu.

O ex-agente secreto se reuniu nesse dia no Hotel Millenium, no central e luxuoso bairro londrino de Mayfair, com dois compatriotas, um deles ex-integrante do KGB (antiga agência de espionagem soviética).

O ex-espião jantou depois com o professor italiano Mario Scaramella, quem tem bons contatos no mundo da espionagem, no restaurante japonês Itsu, também no centro da capital.

Aparentemente, Scaramella forneceu ao ex-espião nomes de pessoas que poderiam estar envolvidas no assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya, opositora do Kremlin, crime que estava sendo investigado por Litvinenko.

Os detetives da Scotland Yard analisam até mesmo a possibilidade de que Litvinenko tenha se suicidado para desmoralizar Putin, de acordo com o dominical "Independent On Sunday".

Por outro lado, o sensacionalista "News of the World" assegura hoje ter descoberto quem é o suposto autor do crime, embora não possa divulgar sua identidade por motivos legais.

O tablóide só se refere ao suposto criminoso pelo sobrenome Igor, um homem de 46 anos e ex-integrante das forças especiais russas "Spetsnaz".

O nome de Igor, segundo "News of the World", aparecia nos documentos que o ex-espião recebeu no restaurante Itsu, nos quais o nome de Litvinenko figura em uma lista negra que inclui Scaramella e opositores de Putin como Politkovskaya e o magnata russo Boris Berezovsky, exilado em Londres desde 2000.

De qualquer forma, o governo britânico pediu que Moscou colabore com a Scotland Yard na investigação da morte do ex-agente secreto, que em carta acusou Putin de tramar seu assassinato, embora o Kremlin negue a acusação.

Enquanto prosseguem as investigações, o Executivo britânico confirmou que o corpo de Litvinenko foi levado do hospital em que morreu para um necrotério de Londres, onde já passa a ser "responsabilidade do juiz forense".

Alexander Litvinenko foi coronel do Serviço Federal de Segurança (antigo KGB, ao qual Putin também pertenceu) e vivia desde 2001 como refugiado no Reino Unido, onde o governo lhe havia concedido nacionalidade britânica.

Leia mais
  • Ex-espião envenenado deixa carta acusando presidente da Rússia

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a KGB
  • Leia o que já foi publicado sobre o Kremlin
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página