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27/11/2006 - 10h26

Venda de petrolífera pode estar ligada a morte de ex-espião russo

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da Folha Online

Enquanto a polícia do Reino Unido continua a investigar o caso do ex-espião russo Alexander Litvinenko, 43, que foi envenenado com polônio radioativo e morreu na última quarta-feira (22), a Scotland Yard espera receber nesta segunda-feira um dossiê que poderá lançar uma luz sobre seu assassinato. A informação é de uma reportagem publicada hoje no jornal "The Times".

O dossiê, preparado por Litvinenko, relata as ações do Kremlin com relação a uma gigante petrolífera, a empresa russa Yukos. Antes de morrer no hospital, o ex-espião deixou uma carta acusando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de ser responsável por seu envenenamento.

Efe
Alexander Litvinenko, ex-espião russo envenenado em Londres
Ontem, foi divulgado que Litvinenko viajou para Israel semanas antes de sua morte para entregar provas a um bilionário russo sobre como o Kremlin atuou com os dirigentes da Yukos.

Ele passou a informação a Leonid Nevzlin, ex-número dois da Yukos, que fugiu para Tel Aviv por temer ser assassinado depois que o governo da Rússia tomou e vendeu a empresa privada de US$ 40 bilhões. Segundo o "Times", Nevzlin disse que é sua "obrigação" divulgar o dossiê.

"Alexander tinha informações sobre os crimes cometidos com a direta participação do governo da Rússia", disse Nevzlin. "Recentemente, ele entregou a mim e aos meus advogados documentos que explicaram alguns dos mais significativos aspectos do caso Yukos."

Investigação

De acordo com o "Times", investigadores afirmam que o dossiê de Litvinenko inclui um material "surpreendente" sobre o caso da gigante petrolífera e sobre o que aconteceu com os que eram contrários ao desmantelamento forçado da empresa.

Várias pessoas ligadas à Yukos desapareceram ou morreram em circunstâncias misteriosas. Seu ex-líder, Mikhail Khodorkovsky, e outros foram presos.

Inicialmente, a oposição do ex-espião a Putin levou a acusações de que o serviço secreto da Rússia estava envolvido com sua morte. Agora, segundo o "Times", a polícia investiga também a possibilidade de Litvinenko ter feito outros inimigos por meio de sua atuação junto a várias oligarquias.

Suspeitos

Detetives envolvidos com o caso, classificado por muitos com um dos mais complicados da Scotland Yard, disseram estar trabalhando com a "formidável" lista de amigos e inimigos de Litvinenko, que inclui alguns dos homens mais ricos do mundo.

Amigos do ex-espião disseram que, em seu leito de morte, Litvinenko nomeou vários homens ligados ao Kremlin que --segundo ele-- possivelmente o perseguiam. Entres os nomes está o de um diplomata que trabalhava na embaixada da Rússia em Londres até 2005 e que agora está de volta a Moscou. O ex-espião disse que o diplomata, que supostamente teve sua casa bombardeada dias antes do envenenamento, o estava perseguindo.

A polícia ainda está tentando descobrir exatamente como Litvinenko passou as últimas 72 horas antes de cair doente, no dia 1º de novembro. Investigadores procuram por outros resquícios do polônio 210, que os médicos suspeitam ter sido a causa da morte do ex-coronel da KGB.

Cientistas forenses esperam que o polônio-210, que foi encontrado no sushi bar Itsu, em Londres, e no Millennium Hotel, ambos os quais foram visitados por Litvinenko no dia 1º de novembro, poderá apresentar evidências que ajudem investigadores a descobrir sua origem.

Causa da Morte

Segundo oficiais do governo local, o Reino Unido deverá abrir um processo oficial para determinar a causa da morte de Litvinenko esta semana. Apesar de a necrópsia ainda ter sido conduzida por temores de contaminação por radioatividade, o processo poderá ser aberto na próxima quinta-feira (30).

O processo é uma mera formalidade legal e normalmente este tipo de ação é adiada por meses logo após sua abertura. Apesar de ser voltada para determinar a causa da morte, processos como este algumas vezes atribuem a culpa por assassinatos.

Líderes da oposição no Reino Unido agora exigem explicações do governo sobre como o mortífero polônio-210 chegou até o país. Mais de 300 pessoas entraram em contato com a Agência de Proteção à Saúde do Reino Unido para serem testadas por contaminação com polônio, mas até agora todos os testes deram negativo.

Apesar de oficiais do governo evitarem ligar Putin à morte do ex-espião, especula-se sobre os efeitos diplomáticos da investigação da morte de Litvinenko sobre as relações com a Rússia.

Yukos

A empresa Yukos, que pode estar no centro do assassinato de Litvinenko, foi formada pelo governo da Rússia em abril de 1993 por meio da fusão de centenas de entidades petrolíferas estatais. Ela se tornou a primeira empresa petrolífera totalmente privatizada da Rússia três anos depois.

Segundo informações da própria empresa, a Yukos emprega cem mil pessoas e está envolvida em todos os aspectos da indústria petrolífera, da prospecção a postos de gasolina. Nos últimos cinco anos, a Yukos aumentou suas operações no exterior e adquiriu ações de empresas da Eslováquia e da Lituânia. A empresa está também envolvida em um duto em estudo entre a China e a Rússia.

Espionagem

Litvinenko se mudou para o Reino Unido em 2000, quando pediu asilo político no país. No mês passado, o ex-espião adquiriu cidadania britânica.

Ele se uniu às forças de contra-inteligência da KGB em 1988, e chegou a ser coronel do Serviço de Segurança Nacional da Rússia.

Em 1991, Litvinenko começou a se especializar em terrorismo e crime organizado, e foi transferido para o mais secreto departamento sobre organizações criminosas do serviço de segurança russo em 1997.

Desde que deixou a Rússia, há seis anos, o ex-espião é um feroz crítico do Kremlin. Internado no dia 1º deste mês, sua saúde se deteriorou rapidamente e ele sofreu uma parada cardíaca na última quarta-feira.

Com agências internacionais

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