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30/11/2006 - 13h56

Reino Unido identifica 12 locais contaminados por radiação

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da Folha Online

A investigação sobre o assassinato do ex-espião russo Alexander Litvinenko, 43, morto na semana passada após ser envenenado com polônio-210 prossegue nesta quinta-feira no Reino Unido, com policiais seguindo o "rastro" radioativo deixado em vários locais em Londres.

Na manhã de hoje, o ministro britânico de Interior, John Reid, anunciou que foram detectados traços de radioatividade em 12 locais de Londres, e que um quarto avião da companhia aérea British Airways estava sendo inspecionado.

Três aviões foram examinados em Londres, e um quarto estaria sendo avaliado em Moscou.

A companhia tenta entrar em contato com ao menos 33 mil passageiros que voaram nestas aeronaves, para pedir que eles entrem em contato com autoridades sanitárias.

Efe
Reino Unido examina aviões da companhia British Airways (foto) em busca de radiação
A British divulgou os números de 221 vôos afetados e pediu que os passageiros que estavam neles entrem em contato com autoridades. Até o momento, 2.500 passageiros contataram a companhia para que a situação seja esclarecida. Os vôos afetados tinham destino a Barcelona, Madri, Moscou, Dusseldorf, Atenas, Larnaca, Estocolmo, Viena, Frankfurt e Istambul.

Ao menos 3.000 funcionários da companhia deverão ser submetidos a exames médicos.

Resultados iniciais dos exames indicam que foram localizados rastros "muito pequenos" de material radiativo em dois dos três aviões examinados em Londres. O ministro do interior britânico, John Reid, divulgou a notícia ontem à noite ao Comitê de Emergências do governo.

Em um comunicado, a British Airways explicou, em um comunicado, que "três de seus Boeing 767 estão sendo investigados pelo governo do Reino Unido como parte da investigação da morte de Alexander Litvinenko".

"O governo contactou a companhia na terça-feira e retirou de serviço três aviões para permitir análises forenses", diz o comunicado, que confirmou que "resultados preliminares dos exames indicam rastros muito baixos de uma substância radioativa em dois dos três aviões".

Segundo a companhia, o "risco à saúde pública é baixo", de acordo com análise de especialistas.

Morte

Litvinenko, 43, morreu na última quinta-feira (23) após ter sido envenenado no começo deste mês com polônio radioativo. Antes de morrer, ele deixou uma carta acusando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de ter planejado seu assassinato.

A investigação judicial sobre a morte do ex-espião, a cargo do juiz de instrução Andrew Reid --do bairro de St. Pancras, norte de Londres --, começou formalmente hoje, mas foi adiada à espera da conclusão das investigações da Scotland Yard sobre a morte do ex-agente.

Na audiência de hoje, Reid confirmou que o corpo de Litvinenko será necropsiado nesta sexta-feira (1) no Royal London Hospital com a presença de um patologista independente. Também participará da necropsia um patologista designado pela família do ex-espião.

Envenenamento

No dia em que adoeceu, em 1º de novembro, Litvinenko se reuniu em um hotel de Londres com dois compatriotas, um dos quais também é um ex-agente do KGB (antigo serviço de espionagem soviético).

Nesse mesmo dia, o ex-espião se reuniu em um restaurante japonês no centro de Londres com o professor italiano Mario Scaramella, assessorou uma investigação sobre espionagem na Itália.

Aparentemente, Scaramella teria fornecido ao ex-espião nomes de pessoas que poderiam estar envolvidas no assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya --que, assim como Litvinenko, era opositora do Kremlin. O assassinato da jornalista, ocorrido em outubro, estava sendo investigado por Litvinenko.

Alexander Litvinenko foi coronel do Serviço Federal de Segurança (antigo KGB, ao qual Putin também pertenceu) e vivia desde 2000 como refugiado no Reino Unido, onde o governo lhe havia concedido nacionalidade britânica.

Contrabando nuclear

Segundo uma reportagem publicada nesta quarta-feira (30) no jornal britânico "The Independent", Litvinenko revelou ao acadêmico italiano Mario Scaramella, com quem se reuniu em Londres antes de passar mal, que liderou uma ação de contrabando de material nuclear da Rússia.

O ex-espião teria contado a Scaramella que realizou o traslado ilegal de material nuclear para Zurique, na Suíça, em 2000. O "Independent" não cita a finalidade do contrabando, mas diz que Litvinenko deixou a Rússia quando começou a ser investigado por acusações de corrupção.

Antes de sua morte, Litvinenko deixou uma carta acusando Putin por seu envenenamento. O governo russo nega veementemente a acusação.

Espionagem

Litvinenko se uniu às forças de contra-inteligência da KGB em 1988, e chegou a ser coronel do Serviço de Segurança Nacional da Rússia.

Em 1991, Litvinenko começou a se especializar em terrorismo e crime organizado, e foi transferido para o mais secreto departamento sobre organizações criminosas do serviço de segurança russo em 1997.

Desde que deixou a Rússia, há seis anos, o ex-espião é um feroz crítico do Kremlin. Internado no dia 1º deste mês, sua saúde se deteriorou rapidamente e ele sofreu uma parada cardíaca na última quarta-feira (22), morrendo no dia seguinte.

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