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30/11/2006 - 21h14

Bento 16 reza com rosto voltado em direção a Meca

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MARTINE NOUAILLE
da France Presse

O Papa Bento 16 orou em silêncio na direção da cidade sagrada de Meca nesta quinta-feira durante visita à Mesquita Azul em Istambul --um gesto excepcional que acontece a menos de três meses depois da violenta polêmica desencadeada por seus comentários sobre o Islã.

Esta visita faz com que Bento 16 seja o segundo papa da história a entrar em um lugar de culto muçulmano, depois de João Paulo 2º, que visitou a Mesquita dos Omíadas em Damasco durante uma viagem à Síria em 2001.

Antes de entrar no edifício, acompanhado do grande mufti de Istambul Mustafa Cagrici e do imane da mesquita Emanullah Hatiboglu, o papa calçou babuches brancas.

Depois de explicar ao papa como os muçulmanos se recolhem diante do mihrab (nicho de oração), o grande mufti começou a rezar.

Com as mãos sobre o ventre, o chefe da Igreja católica ficou por alguns minutos em silêncio, na direção de Meca, com o religioso muçulmano a seu lado.

Reuters
O papa Bento 16 reza com as mãos sobre o peito como os muçulmanos
O papa Bento 16 reza com as mãos sobre o peito como os muçulmanos
"O papa entregou-se a uma meditação e, com certeza, dirigiu-se a Deus em pensamento", precisou pouco depois o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. Oficialmente, não se trata de uma "reza".

Até o momento, o papa se opôs a uma prece em comum com os crentes de outras religiões, para evitar confusão.

A visita de cerca de trinta minutos terminou com uma troca de presentes. O mufti ofereceu ao papa um verso caligrafado representando uma pomba, símbolo da paz: "Em nome de Deus, o misericordioso."

O soberano pontífice, por sua vez, presenteou o mufti com uma reprodução de um mosaico representando pombas. "Um feliz signo do destino", comentou o mufti.

"Este quadro pretende ser uma mensagem de fraternidade, uma lembrança desta visita que eu não esquecerei", sublinhou o papa.

"Esta visita nos ajudará a encontrar juntos os meios e os caminhos da paz para o bem da humanidade", acrescentou.

Alguns minutos depois de o papa deixar a mesquita, a convocação da prece da noite foi cantada por um muezzin.

Protegido por um dispositivo de segurança sem precedentes durante todo o dia, o papa já havia visitado antes um outro local sensível, a Basílica Museu de Santa Sofia. Bento 16 estava sorridente e atento às explicações do diretor do museu sobre os esplêndidos mosaicos do edifício.

Construída no século 6º, a Basílica foi transformada em mesquita em 1453, durante a conquista de Constantinopla, que ganhou o nome de Istambul quando passou para o controle dos otomanos.

Depois da queda do Império Otomano e da proclamação da República Turca laica, a mesquita foi transformada em museu em 1935.

Os islamitas turcos vêem na visita papal a prova de que os cristãos querem transformar Santa Sofia novamente numa igreja, enquanto eles querem que ela volte a ser uma mesquita.

A polícia turca mobilizou centenas de homens para garantir a segurança da visita e colocou atiradores de elite sobre os minaretes de Santa Sofia.

Pela manhã, o papa adotou uma posição visivelmente menos conciliadora do que a sustentada no início de sua visita de quatro dias à Turquia, sublinhando a importância dos "valores cristãos" da Europa e a necessidade de respeitar os direitos das minorias religiosas no momento em que Ancara tenta entrar na União Européia.

Numa declaração comum com o patriarca ecumênico Bartolomeu 1º, ele estimou que o respeito pela liberdade religiosa deveria ser um critério de entrada na União Européia.

Os cristãos turcos, sobretudo os ortodoxos, estimam que sua liberdade de ação e de organização é limitada na prática. Eles são favoráveis a uma adesão de Ancara à UE, na esperança de que ela contribuirá para melhorar esta situação.

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