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01/12/2006 - 10h41

Às vésperas da eleição, Chávez discute reforma constitucional

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da Ansa, em Caracas

O presidente venezuelano e candidato à reeleição, Hugo Chávez, já planeja como aprofundar seu projeto de "socialismo do século 21" e reformar a Constituição para permanecer no poder, já que considera como certa sua vitória, também apontada pelas pesquisas.

Chávez disse que não irá esperar até 2 de fevereiro --quando ocorre formalmente a transição para o novo governo-- e pediu a seus ministros, principalmente o do planejamento, Jorge Giordani, que façam uma "revisão" da "estrutura" do Estado.

Com isso, Chávez pretende acabar com os vestígios da Quarta República e da Constituição de 1961 para lançar as bases da Quinta República, anunciada na Carta Magna de 1999, em que propõe um modelo de democracia participativa que fomenta as formas de "poder popular" e a extinção das formas partidárias clássicas.

Richard Gott, autor de duas biografias de Chávez, acredita que o modelo conhecido como socialismo do século 21 "é uma construção teórica em constante evolução". Ele considera que uma das chaves deste modelo está nas "missões", programas de desenvolvimento social em áreas que vão da saúde à educação e à inclusão de jovens desempregados.

É aí que está a base social do "chavismo", que tem outro fundamento de poder nas forças armadas, mesmo que a lealdade destas ao governo seja ainda questionável.

A estratégia de Chávez é que, em um novo mandato de seis anos, as forças armadas se envolvam mais com os programas sociais, enquanto são reformados os programas de estudos nas academias militares.

Tropas

Paralelamente milhares de reservistas civis armados, uma tropa que responde diretamente ao chefe de Estado, são treinados para enfrentar uma hipotética "guerra assimétrica", lançada pelos Estados Unidos contra a Venezuela.

Mas os planos do líder venezuelano, como ele mesmo admitiu ontem em coletiva de imprensa, precisarão de mais tempo que os seis anos do mandato.

Por isso, é possível que já em 2007 seja convocado um referendo para mudar a constituição para permitir novas reeleições.

Visivelmente perturbado pela pergunta de uma repórter do jornal venezuelano El Universal, o presidente reiterou que esse projeto não equivale a uma ambição de se perpetuar no poder e citou como exemplo o "Reino Unido, onde existe a reeleição sem limites".

Petróleo

O historiador Gott apontou que as idéias de Chávez mudaram depois do golpe de Estado de abril de 2002 e a crise do petróleo de dezembro daquele ano.

Desde então, resolveu deixar de lado suas políticas até então reformistas, que, em alguns casos, foram até elogiadas pelo Fundo Monetário Internacional.

O primeiro passo nessa direção foi despedir milhares de executivos, técnicos e trabalhadores da estatal petroleira PDVSA, após 63 dias de uma greve que de causou um prejuízo de US$ 20 bilhões.

Favorecido pelo aumento no preço do petróleo (em 2000, não chegava aos US$ 20 o barril e hoje é cotado a US$ 52), vinculou diretamente a PDVSA com as missões e pôs no comando da estatal políticos de sua confiança como Alí Rodríguez, logo substituído por Rafael Ramírez.

Biografia

Nascido em 28 de julho de 1954 no Estado de Barinas, Chávez é o segundo filho de uma família de seis.

Depois de sair da Academia Militar em 1975, Chávez cogitou se alistar para a guerrilha, mas foi dissuadido por seu irmão mais velho, Adán, que tinha ligações com movimentos armados.

O argumento de Adán, que ocupa hoje o cargo de ministro, foi que era melhor permanecer na milícia para plantar a "semente revolucionária".

Começou então o "aprendizado da conspiração" e em 1982, junto com outros oficiais, como Raúl Baduel, atual ministro da Defesa, juraram lealdade a Simón Bolívar e constituíram um movimento secreto, que em 4 de fevereiro de 1991 tentou um golpe de Estado, que fracassou, contra o presidente Carlos Andrés Pérez.

Por esse episódio, Chávez ficou preso até março de 1994 e em dezembro desse ano foi recebido em Cuba pelo presidente Fidel Castro --hoje um de seus principais amigos e aliados.

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