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06/12/2006 - 20h21

Indígenas seqüestram governador de La Paz

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da Efe
da France Presse

O governador de La Paz, José Luis Paredes, foi sequestrado hoje por um grupo de dirigentes de colonos bolivianos, para que modifique sua postura sobre a Assembléia Constituinte do país.

Paredes foi retido pelos participantes de um encontro da Federação de Colonizadores de Caranavi, província do norte do departamento de La Paz, que lhe obrigaram a se submeter a uma greve de fome, disse a própria autoridade à emissora de rádio "Erbol".

O seqüestro do prefeito foi confirmado pelo principal dirigente dos colonos, Rosendo Vargas, quem só disse que "é uma decisão dos companheiros".

Paredes, que tinha sido convidado para a inauguração da reunião, declarou que os agricultores "fizeram um acordo para entrar em greve de fome e resolveram que eu devia ficar" com eles, no jejum.

"Não posso sair" disse ao repórter da "Erbol", que considerou que se tratar de "um seqüestro, dado que não posso sair" da sede da organização de colonos da província.

Paredes, que foi eleito em dezembro de 2005 por uma associação de cidadãos, não aderiu ao movimento de seus colegas de Santa Cruz, Pando, Tarija e Beni que jejuam para reivindicar respeito do governista Movimento Ao Socialismo (MAS) à lei de convocação da Assembléia.

Sinforiano Cusi, outro dirigente dos colonos, assinalou à emissora que o prefeito regional não está seqüestrado, mas "é o líder da greve de fome, porque ele disse que apóia [o presidente] Evo Morales".

Acrescentou que o jejum dos colonos quer que a Assembléia Constituinte boliviana ratifique a maioria absoluta como método de voto para a aprovação da nova Carta Magna nacional.

A Federação de Colonizadores é a primeira organização aliada de Morales que empreende uma greve de fome contra uma medida similar que realizam os prefeitos regionais e líderes cívicos, patronais e sindicais de Santa Cruz, Pando, Tarija e Beni contra a postura governista.

Caranavi se encontra a 156 quilômetros ao nordeste da cidade de La Paz, capital do departamento e sede do Executivo e do Legislativo bolivianos.

Cúpula Sul-Americana

Pelo menos 40 parlamentares e quatro governadores da oposição boliviana se juntaram ao grupo de cerca de 600 pessoas que realizam uma greve de fome em todo o país para protestar contra o governo de Evo Morales, às vésperas da Cúpula Sul-Americana.

A menos de dois dias do início da 2ª Cúpula Sul-Americana, que acontecerá sexta-feira e sábado na cidade de Cochabamba, mais de 600 opositores de todo o país estão em greve de fome para protestar contra a decisão do Movimento Ao Socialismo (MAS), de Morales, de impor a maioria simples para a aprovação das novas leis na Assembléia Constituinte.

A oposição quer que a nova Constituição --que deve estar pronta em 2007-- seja aprovada por uma maioria de dois terços no plenário (170 de um total de 255 membros). Já Morales defende a aprovação por maioria simples (50%+1).

"O governo segue um caminho totalitário, agressivo e anti-democrático, no melhor estilo fascista das antigas ditaduras militares", disse German Antelo, líder em greve de fome da principal organização civil de Santa Cruz, a província mais rica da Bolívia.

Outros grupos ligados à oposição anunciaram a intenção de se juntar à greve de fome liderada pelo partido Podemos, do ex-presidente boliviano Jorge Quiroga, e Morales acusa a oposição de conspirar contra seu governo.

"Durante estes dez meses de governo, enfrentei uma conspiração após a outra, promovidas pela direita fascista", lamentou o presidente na noite desta quarta-feira, durante uma entrevista.

Morales se declarou vítima de uma "conspiração e agressão permanentes", promovidas pela oposição representada por Quiroga, "cria" da ditadura militar de Hugo Banzer, segundo o presidente.

A tensão aumentou na terça-feira, quando um grupo de militantes do MAS expulsou à força de uma paróquia de La Paz pessoas que realizavam uma greve de fome.

A Conferência Espiscopal da Bolívia e a Assembléia permanente dos direitos humanos lamentaram o ocorrido e lançaram um apelo à negociação.

Apesar da crise, Morales garantiu a realização da Cúpula Sul-Americana. O presidente boliviano disse aos jornalistas estrangeiros que apenas seu colega colombiano, Alvaro Uribe, recusou o convite.

"Os outros presidentes estão confirmados, todos virão", insistiu Morales, pedindo à oposição que suspenda sua greve de fome "em nome da imagem da Bolívia".

"Como sempre, os antipatrióticos querem prejudicar a Bolívia", lamentou o presidente.

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