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07/12/2006 - 08h10

Abbas estuda dissolver governo palestino e antecipar eleições

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da Folha Online

Uma comissão apontada pela Organização pela Libertação da Palestina (OLP) recomendou que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, dissolva o governo liderado pelo grupo extremista islâmico Hamas e convoque novas eleições para março de 2007, afirmou nesta quinta-feira um oficial do governo.

A OLP é a entidade que reúne a maioria dos grupos palestinos, tanto nos territórios como no exílio. O partido do presidente da ANP, o Fatah, tem controle absoluto da instituição. O Hamas e o Jihad Islâmico não integram a entidade.

Abbas buscou as recomendações da comissão depois de afirmar, na última semana, que seus esforços para formar uma coalizão moderada de governo com o Hamas (que, assim como o Fatah, possui braços político e armado) chegaram a um impasse.

Desde que o Hamas chegou ao poder, em março --após vencer as eleições democráticas palestinas em janeiro deste ano--, sua recusa em reconhecer o Estado de Israel gerou a um bloqueio internacional de fundos destinados ao governo palestino. Abbas espera que, com um novo governo, as potências ocidentais e Israel sejam persuadidas a suspenderem o bloqueio financeiro.

A crise financeira palestina, causada não só pelo boicote de ajuda de governos ocidentais mas também, principalmente, pela interrupção do repasse de valores arrecadados em impostos por parte de Israel, leva à míngua a infra-estrutura dos territórios palestinos [já bastante deteriorada ] e desencadeia confrontos devido ao atraso de salários de milhares de funcionários.

Eleições antecipadas

Na noite desta quarta-feira (6), Abbas se reuniu com a comissão por cinco horas para discutir as opções disponíveis, e ouviu a proposta de organizar eleições antecipadas, segundo um oficial de governo que não quis se identificar.

Saeb Erekat, outro oficial próximo a Abbas, afirmou que ainda é cedo para "tirar conclusões sobre as opções" oferecidas pela comissão. Ele disse que o presidente da ANP fará um discurso na próxima semana para divulgar sua decisão. Mas, antes disso, Abbas se reunirá no próximo sábado (9) com a principal junta decisória da OLP para discutir o curso de ação.

Para Fawzi Barhoum, porta-voz do Hamas em Gaza, "qualquer ação deste tipo [de dissolução] irá limitar a decisão do povo palestino em 25 de janeiro, quando o Hamas foi eleito para ser seu representante". "Nossa posição permanece a mesma: estamos de portas abertas para negociações para alcançar um acordo para um governo de coalizão. É o Fatah que está barrando a negociação."

Opções

Caso conclua que o atual governo palestino não pode continuar, ou que é impossível chegar a um acordo com o Hamas, Abbas terá duas opções: antecipar as eleições ou tentar dissolver o governo e formar um novo gabinete sem convocar a população às urnas.

Em ambos os casos, ele poderá enfrentar sérios problemas.

Por um lado, pesquisas recentes apontam para uma nova derrota do Fatah, que é tido como corrupto, caso novas eleições sejam convocadas; por outro, para formar um novo gabinete sem eleições, Abbas precisaria passar pela aprovação do Parlamento --dominado pelo Hamas.

Negociação fracassada

Em novembro, o Hamas e o Fatah chegaram perto de concordar com a formação de um novo governo, que seria formado essencialmente por tecnocratas e teria o professor universitário Mohammed Shbair, 60, como candidato a premiê para substituir Ismail Haniyeh (do Hamas).

No entanto, apesar da expectativa de que o novo governo fosse anunciado em poucas semanas, a discussão não avançou e o impasse ainda continua.

O princípio de acordo entre os dois grupos foi o principal sinal de progresso nas negociações, que já duram meses. Não ficou claro se o novo governo seria aceito pelos países ocidentais, principalmente se mantiver a recusa em reconhecer Israel.

O Hamas e o Fatah disseram esperar que a escolha de Shbair, um intelectual com doutorado em microbiologia na Universidade de Virgínia Ocidental (EUA), ajude a persuadir Israel e os países ocidentais a suspenderem as sanções econômicas.

Tanto Israel quanto os EUA deram sinais no último mês de que desejam dialogar com o governo palestino caso ele adote uma postura mais moderada, mas exigem ver o programa do novo governo de coalizão antes de expressar sua posição a respeito.

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