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27/12/2006 - 08h06

Combate entre governo e rebeldes na Somália ameaça capital

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da Folha Online

Forças pró-governo da Somália tomaram nesta quarta-feira a cidade de Jowhar, a cerca de 100 km de Mogadício, e o combate com rebeldes islâmicos se aproxima cada vez mais da capital do país, dominada pela guerrilha há cerca de sete meses.

As forças governamentais, apoiadas pelo Exército da Etiópia, perseguem os rebeldes islâmicos em retirada em vilarejos próximos à capital. De acordo com o porta-voz do governo, Abdirahman Dinari, o combate já alcançou Balad, cidade a apenas 30 km de Mogadício.

Ele afirmou, no entanto, que as forças pró-governo não tentarão tomar Mogadício hoje.

A expulsão dos guerrilheiros islâmicos de Jowhar ocorreu poucas horas depois que a Etiópia, aliada do governo interino somali, ter dito que pretende "esmagar" os rebeldes, o que elevou os temores entre a população de que ataques aéreos sejam empreendidos para tomar Mogadício.

Os rebeldes em retirada aparentemente obedeciam a uma ordem de um dos líderes do grupo, Sharif Ahmed, para que se reunissem em Mogadício e preparassem a cidade para uma longa batalha contra as forças somalis e etíopes.

Conflito

O combate entre o governo interino, secular, e a guerrilha islâmica se intensificou há uma semana, e hoje já configura uma guerra civil que ameaça envolver cada vez mais países vizinhos.

Os guerrilheiros islâmicos se apossaram da maior parte do sudeste do país depois de tomarem a capital em junho.

Os Estados Unidos e o governo etíope em Adis Abeba afirmam que os guerrilheiros são apoiados pela rede terrorista Al Qaeda e pela Eritréia, tradicional adversário da Etiópia.

Os islâmicos afirmam possuir o apoio da população e dizem que seu principal objetivo é restaurar a ordem na Somália por meio da lei islâmica, depois de anos de anarquia desde a queda do ditador Siad Barre em 1991.

Apesar de esperar uma vitória rápida, o governo teme que a guerrilha renove sua campanha de ataques, especialmente por parte do Conselho de Cortes Islâmicas da Somália (SICC, na sigla em inglês). O governo chegou a oferecer anistia para os islâmicos que abandonarem a luta.

Os etíopes temem que a Somália se torne um Estado muçulmano radical e acusa o SICC de tentar anexar a região de Ogaden, que faz parte de Etiópia mas é de maioria somali.

Comunidade internacional

Analistas temem que a retirada da guerrilha islâmica de seus postos ao redor da capital leve os soldados da Etiópia a entrarem cada vez mais no território somali, o que poderá aprofundar o conflito.

O primeiro-ministro da Etiópia, Meles Zenawi, afirmou que o Exército de seu país matou cerca de mil guerrilheiros islâmicos e feriu outros 3.000 (não há confirmação oficial dos números).

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Somália informou que ao menos 800 pessoas foram feridas nos combates, e que milhares estavam deixando suas casas para fugir da zona de combate.

A ONU alertou para o risco de os novos refugiados detonarem uma crise humanitária, em uma região que já luta contra os danos causados por recentes inundações.

Impasse

A comunidade internacional, no entanto, está dividida.

A União Africana (UA) e os Estados Unidos apóiam a intervenção etíope na Somália, e afirmam que a Etiópia tem o direito de proteger sua soberania.

Ainda assim, nesta terça-feira (26), o Conselho de Segurança (CS) da ONU fracassou em sua tentativa de elaborar um comunicado pedindo o fim imediato dos combates. O impasse ocorreu após o Qatar, membro não-permanente, exigir que o comunicado peça a retirada das forças etíopes da Somália.

O CS da ONU deverá voltar a se reunir hoje para discutir o conflito.

O programa de distribuição de alimentos da ONU disse que a instabilidade no país forçou a suspensão temporária da ajuda humanitária. A organização retirou 25 de seus trabalhadores da zona de conflito e os levou para Nairóbi (Quênia).

Com Reuters

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