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19/02/2007 - 15h02

Réus dos atentados em Madri dizem que ação é vingança

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da Efe, em Madri

Dois dos supostos autores materiais dos atentados de 11 de março de 2004 em Madri, que deixaram 191 mortos, negaram nesta segunda-feira participação nos ataques e atribuíram o processo a uma vingança e a erros judiciais.

O marroquino Jamal Zougam e o sírio Basel Ghalyoun estiveram presentes ao terceiro dia do julgamento dos atentados de Madri que é realizado na Audiência Nacional e declararam não ter relação nenhuma com o massacre, afirmando inclusive que condenam qualquer ato terrorista.

Zougam, acusado de instalar uma das bombas do ataque e de comprar os cartões dos telefones celulares que ativaram os explosivos [e que pode pegar uma pena de 38.654 anos de prisão] reiniciou o depoimento que havia sido interrompido na última sexta-feira (16) sob a alegação de cansaço e declarou novamente ser inocente.

O réu afirmou ser vítima de uma vingança por recusar, duas vezes, se tornar confidente da polícia. "Colocaram-me em um julgamento por um atentado com o qual não tenho nenhuma relação. Deve ser por vingança", declarou.

confindente

De acordo com Zougam, ele teve duas oportunidade de se tornar confidente da polícia e do Centro Nacional de Inteligência (CNI, serviço espanhol de espionagem) para relatar os movimentos da comunidade muçulmana na capital da Espanha. Isto aconteceu em 2001 e, segundo o réu, nas duas vezes ele recusou.

A primeira delas aconteceu após ser interrogado a pedido das autoridades francesas, que investigavam uma rede islâmica nos meses anteriores ao atentado de 11 de setembro nos EUA.

Já a segunda aconteceu quando policiais ofereceram benefícios para o acusado e para sua família em troca de informações sobre os movimentos de seus compatriotas no bairro de Lavapiés (Madri).

"(Durante a primeira detenção) propuseram-me trabalhar para eles e eu disse que não servia para esta função", declarou Zougam, acrescentando que um homem insistiu tanto que concordou em ficar com o telefone e ligar para ele caso soubesse de algo.

"Ele me deu o telefone e nunca liguei. Essa pessoa, dois ou três dias depois da detenção [após os atentados de 11 de Março], disse-me que, caso tivesse colaborado com eles, não teria passado por isso", disse Zougam. "Entendi que era uma vingança, pois não tinha relação alguma com este atentado nem com nenhum outro atentado", acrescentou o réu, alegando que não havia dito isso antes ao juiz por medo de sofrer represálias.

Erros

Além disso, Zougam reiterou que quando foi detido em 13 de março de 2004 os agentes disseram que haviam prendido sua irmã e sua mãe --o que não aconteceu na verdade-- e que "iam violentá-las". Ele diz que foi espancado pelos policiais.

Ghalyoun também denunciou supostos maus-tratos. Este cidadão sírio pode pegar até 38.654 anos de prisão, apesar de o juiz do caso, Juan del Olmo, não o ter processado como autor material por não considerar confiável a declaração de uma pessoa que afirma ter visto o réu em um dos trens.

Segundo o acusado, a identificação teria sido um dos muitos erros cometidos durante o processo, já que a pessoa que o reconheceu poucos dias após o dia 11 de março de 2004, não conseguiu fazer o mesmo um ano depois, em outra rodada de reconhecimento.

"A testemunha escolheu uma foto minha tirada quando eu tinha 20 anos e que é muito diferente de quando fui detido", declarou Ghalyoun, preso em Ugena, na Província de Toledo, quase duas semanas após os atentados.

Sobre declarações que havia feito durante o processo, Ghalyoun disse que foram "muito mal transcritas" e que não entendia como tinham atribuído à sua autoria um manuscrito que apareceu em sua casa dois anos após sua detenção, já que --na sua opinião-- os testes de caligrafia realizados não estabelecem conexão.

O acusado demonstrou estar com sua defesa bem preparada e depôs com a ajuda de algumas folhas que o presidente do tribunal, o juiz Javier Gómez Bermúdez, permitiu que consultasse extraordinariamente por causa da gravidade das acusações que recaem sobre ele.

Contato anterior

Ghalyoun admitiu ter conhecido os terroristas que se suicidaram em Leganés (localidade vizinha a Madri) nos dias posteriores aos atentados, pois foi apresentado a eles em uma mesquita.

Entre os suicidas estava Serhane Ben Abdelmajid, conhecido como O Tunisiano. Ghalyoun disse à polícia que o suicida teria falado com o réu sobre sua vontade de cometer atentados na Espanha, "'por ser um país contrário aos muçulmanos e por estar envolvido na Guerra do Iraque".

Ghalyoun atenuou essa declaração e disse que O Tunisiano não usou a palavra atentado no sentido de ato terrorista, mas apenas se referia à possibilidade de roubar bancos e joalherias.

"Em minha declaração aparece a palavra atentado, pois (os policiais) me disseram que nesses caso ela é usada. Em termos jurídicos, quando uma pessoa assalta uma propriedade privada, usa-se a palavra atentado contra a propriedade privada", declarou.

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