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28/02/2007
-
16h31
da Folha Online
Um dia após assumir a autoria de uma tentativa de atentado contra o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, o Taleban [grupo que controlava 90% do Afeganistão até 2001, quando foi deposto por ação militar dos EUA na invasão ao país] anunciou nesta quarta-feira o envio de mil terroristas suicidas para o norte país em uma nova ofensiva.
Cheney, que voltou aos EUA hoje via Omã, teve de ser levado a um abrigo antibombas após o ataque. Ele não chegou a sofrer risco direto no atentado, que deixou ao menos 14 mortos em uma base militar americana no Afeganistão. Algumas agências de notícias internacionais chegaram a contabilizar 23 mortos no ataque, mas o número não foi confirmado.
O envio de terroristas para o norte do país, região relativamente calma, eleva os temores quanto ao fortalecimento do Taleban, que continua empreendendo uma batalha por poder contra as forças estrangeiras no Afeganistão --principalmente no sul do país.
Os EUA e vários membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sob a chefia do Reino Unido no Afeganistão, estão enviando mais tropas para o país para responder ao recrudescimento da ofensiva dos rebeldes islâmicos. Os EUA, porém, se negam a admitir um fortalecimento do Taleban, e afirmaram que o ataque contra Cheney nesta terça-feira não passou de um "episódio isolado".
O ano passado foi o mais violento no país desde a invasão dos EUA, em 2001. A ação militar ocorreu depois que o governo Taleban recusou-se a entregar ao governo americano o líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, a quem se atribui os ataques de 11 de setembro de 2001.
Ataque
O ataque frustrado a Cheney demonstra, no entanto, a continuidade da luta do Taleban contra as forças estrangeiras. "Reagimos muito rapidamente para atacar a base [militar americana, onde Cheney passou a noite]", disse o mulá Hayatullah Khan à agência de notícias Reuters por telefone.
"Os talebans estão preparados para qualquer sacrifício para matar uma pessoa tão importante e um infiel tão grande", disse o mulá, em referência a Cheney.
Khan reafirmou também que o Taleban possui 2.000 terroristas suicidas prontos para a ação no país, uma declaração já feita anteriormente por outros membros do grupo islâmico. Desta vez ele disse que mil terroristas foram enviados para o norte do Afeganistão, uma região bem menos violenta que o sul do país --até agora.
O Taleban informou que pretende aumentar os atos de terrorismo com suicidas como parte de seu retorno à luta de guerrilha. A decisão foi tomada, segundo o grupo, após graves derrotas na luta contra a Otan em 2006.
Resposta estrangeira
O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou neste mês que a vitória contra o Taleban e a restauração da segurança no Afeganistão é vital para a segurança dos americanos. Ele disse que enviará mais 3.200 soldados e bilhões de dólares para a reconstrução das forças de segurança afegãs.
O Reino Unido, cuja chanceler, Margaret Beckett, foi a Cabul hoje, prometeu enviar mais 1.400 soldados ao país nesta semana. O comprometimento britânico veio após a recusa de outros países membros da Otan de enviar mais soldados ao Afeganistão.
Para Beckett, a ajuda extra das novas tropas britânicas ajudará a estabilização do Afeganistão. "Digo com toda sinceridade que nenhum de nós está fazendo o suficiente para lidar com os problemas de segurança", afirmou a chanceler.
Especula-se que em breve o número de soldados do Reino Unido no Afeganistão superará o número deslocado para o Iraque.
Violência
O Taleban, após ser deposto pelos EUA em 2001, ganhou força novamente incentivando o plantio de papoula --da qual é derivado o ópio-- e oferecendo proteção a esse tipo de negociação. O país é o maior produtor mundial de ópio e especialistas estimam que 35% do PIB (Produto Interno Bruto) afegão seja derivado do tráfico.
Assim, o Taleban acirrou sua campanha de violência e passou a usar um método pouco comum no país até o ano passado: os suicidas --a exemplo do atentado contra Cheney, nesta terça-feira. Até 2005, tais atentados somavam apenas 21, mas saltaram para 139 em 2006. Cerca de 4.000 pessoas morreram.
O governo afegão e seus aliados estrangeiros entraram em violentos confrontos com insurgentes nas últimas semanas, enquanto a neve do inverno rigoroso cobre o país.
Os EUA mantêm cerca de 27 mil soldados no Afeganistão, onde afirmam que derrotar o Taleban é "vital". No entanto, há poucas evidências de que tenham conseguido deter a milícia.
Nesta segunda-feira, durante visita-surpresa ao Paquistão, Cheney pressionou o presidente Pervez Musharraf por mais ação para combater o uso do território paquistanês para abrigo e treinamento de rebeldes talebans.
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Taleban anuncia envio de mil terroristas suicidas ao Afeganistão
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Um dia após assumir a autoria de uma tentativa de atentado contra o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, o Taleban [grupo que controlava 90% do Afeganistão até 2001, quando foi deposto por ação militar dos EUA na invasão ao país] anunciou nesta quarta-feira o envio de mil terroristas suicidas para o norte país em uma nova ofensiva.
03.fev.2007/Reuters |
Membros do Taleban se reúnem em base secreta no Afeganistão (foto de arquivo) |
O envio de terroristas para o norte do país, região relativamente calma, eleva os temores quanto ao fortalecimento do Taleban, que continua empreendendo uma batalha por poder contra as forças estrangeiras no Afeganistão --principalmente no sul do país.
Os EUA e vários membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sob a chefia do Reino Unido no Afeganistão, estão enviando mais tropas para o país para responder ao recrudescimento da ofensiva dos rebeldes islâmicos. Os EUA, porém, se negam a admitir um fortalecimento do Taleban, e afirmaram que o ataque contra Cheney nesta terça-feira não passou de um "episódio isolado".
O ano passado foi o mais violento no país desde a invasão dos EUA, em 2001. A ação militar ocorreu depois que o governo Taleban recusou-se a entregar ao governo americano o líder da rede terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, a quem se atribui os ataques de 11 de setembro de 2001.
Ataque
O ataque frustrado a Cheney demonstra, no entanto, a continuidade da luta do Taleban contra as forças estrangeiras. "Reagimos muito rapidamente para atacar a base [militar americana, onde Cheney passou a noite]", disse o mulá Hayatullah Khan à agência de notícias Reuters por telefone.
"Os talebans estão preparados para qualquer sacrifício para matar uma pessoa tão importante e um infiel tão grande", disse o mulá, em referência a Cheney.
Khan reafirmou também que o Taleban possui 2.000 terroristas suicidas prontos para a ação no país, uma declaração já feita anteriormente por outros membros do grupo islâmico. Desta vez ele disse que mil terroristas foram enviados para o norte do Afeganistão, uma região bem menos violenta que o sul do país --até agora.
O Taleban informou que pretende aumentar os atos de terrorismo com suicidas como parte de seu retorno à luta de guerrilha. A decisão foi tomada, segundo o grupo, após graves derrotas na luta contra a Otan em 2006.
Resposta estrangeira
O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou neste mês que a vitória contra o Taleban e a restauração da segurança no Afeganistão é vital para a segurança dos americanos. Ele disse que enviará mais 3.200 soldados e bilhões de dólares para a reconstrução das forças de segurança afegãs.
Musadeq Sadeq/AP |
Margaret Beckett, chanceler britânica, dá entrevista em Cabul |
Para Beckett, a ajuda extra das novas tropas britânicas ajudará a estabilização do Afeganistão. "Digo com toda sinceridade que nenhum de nós está fazendo o suficiente para lidar com os problemas de segurança", afirmou a chanceler.
Especula-se que em breve o número de soldados do Reino Unido no Afeganistão superará o número deslocado para o Iraque.
Violência
O Taleban, após ser deposto pelos EUA em 2001, ganhou força novamente incentivando o plantio de papoula --da qual é derivado o ópio-- e oferecendo proteção a esse tipo de negociação. O país é o maior produtor mundial de ópio e especialistas estimam que 35% do PIB (Produto Interno Bruto) afegão seja derivado do tráfico.
Assim, o Taleban acirrou sua campanha de violência e passou a usar um método pouco comum no país até o ano passado: os suicidas --a exemplo do atentado contra Cheney, nesta terça-feira. Até 2005, tais atentados somavam apenas 21, mas saltaram para 139 em 2006. Cerca de 4.000 pessoas morreram.
O governo afegão e seus aliados estrangeiros entraram em violentos confrontos com insurgentes nas últimas semanas, enquanto a neve do inverno rigoroso cobre o país.
Os EUA mantêm cerca de 27 mil soldados no Afeganistão, onde afirmam que derrotar o Taleban é "vital". No entanto, há poucas evidências de que tenham conseguido deter a milícia.
Nesta segunda-feira, durante visita-surpresa ao Paquistão, Cheney pressionou o presidente Pervez Musharraf por mais ação para combater o uso do território paquistanês para abrigo e treinamento de rebeldes talebans.
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