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17/03/2007
-
12h53
da Folha Online
A nova coalizão Hamas-Fatah ganhou ampla aprovação do Conselho Legislativo Palestino (Parlamento) neste sábado.
Agora, os líderes palestinos enfrentam o desafio de convencer uma comunidade internacional cética a suspender o boicote político e econômico imposto ao governo palestino.
A vitória foi de 83 votos contra 3. No total, o Parlamento tem 132 membros, mas 41 deles estão presos em Israel. Outros não puderam aparecer por motivos pessoais.
Ao apresentar o programa do novo governo ao Parlamento, o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do grupo terrorista e partido político Hamas, disse que a coalizão quer um Estado palestino nas terras que Israel ocupou em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.
Haniyeh disse que os palestinos reafirmam seu direito de resistir à ocupação, mas também buscarão expandir uma trégua com Israel.
A plataforma política do novo governo, porém, não segue as condições internacionais para o fim do boicote, como o reconhecimento explícito de Israel e a renúncia à violência.
Israel reiterou neste sábado que não irá negociar com o novo governo. Já um oficial da ONU (Organização das Nações Unidas) indicou flexibilidade. "Este é um passo significativo na direção certa", disse o enviado da ONU ao Oriente Médio, Alvaro de Soto, que participou da sessão parlamentar. "Estaremos observando com interesse como este programa será implementado."
Sessão
A sessão aconteceu simultaneamente nas sedes parlamentares de Gaza e Ramala, por meio de videoconferência, uma vez que Israel proíbe muitos deputados de se deslocarem entre a faixa de Gaza e a Cisjordânia.
A coalizão substitui um governo liderado pelo grupo radical islâmico Hamas. O grupo, que prega a destruição de Israel em sua carta de fundação, conduziu uma série de ataques suicidas contra o país.
O grupo venceu as eleições legislativas palestinas no início de 2006. A ascensão do Hamas ao poder levou a comunidade internacional a impor uma série de sanções, para que o grupo reconhecesse o Estado de Israel e mantivesse acordos de paz anteriores.
O novo governo "respeita" acordos internacionais prévios feitos pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e pede que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, do partido laico Fatah, conduza as conversas de paz.
Qualquer acordo futuro poderá ser submetido a referendo nacional, o que sugere que o Hamas não terá poder de veto.
O primeiro-ministro Haniyeh disse que o governo quer ampliar um cessar-fogo com Israel. Porém, afirma que "a resistência por todos os seus meios, incluindo a resistência popular contra a ocupação [israelense]" é um direito palestino. "Resistência popular" é um termo que se refere a demonstrações e outros protestos não violentos.
Em seu discurso ao Parlamento, Abbas disse neste sábado que o povo palestino "rejeita a violência em todas as suas formas" e busca uma paz "baseada em negociações".
O presidente da ANP disse que os palestinos estendem a mão a Israel, para "obter a paz, a liberdade e a igualdade".
Diferenças
Os dois discursos --de Haniyeh, do Hamas, e de Abbas, do Fatah--, mostraram que embora ideologicamente os dois grupos tenham se aproximado, diferenças fundamentais permanecem.
A coalizão foi formada após meses de negociações interrompidas por períodos de confrontos violentos que deixaram mais de 140 mortos.
O acordo sobre o novo governo de união nacional foi feito em 8 de março em Meca, na Arábia Saudita, com os objetivos prioritários de superar a violência entre as facções palestinas e recuperar a confiança da comunidade internacional.
Apesar dos receios internacionais sobre uma união de forças do Fatah e do Hamas, Abbas tem afirmado que a coalizão é o único caminho para evitar uma guerra civil na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Haniyeh também referiu-se aos receios internacionais em seu discurso, admitindo que o caminho do novo governo será difícil. "Os desafios são muitos, assim como as dificuldades", declarou. "Todos estão esperando para ver o que o governo de união nacional irá oferecer".
O novo ministro das Finanças, Salam Fayyad, alertou que o governo não conseguirá funcionar por muito tempo a menos que a comunidade internacional suspenda os boicotes e aumente a sua ajuda.
Fayyad disse que ele não tem garantias de que o boicote será diminuído, mas que espera poder se encontrar com oficiais estrangeiros. "Nós enfrentamos uma crise financeira séria", afirmou. "Sem a ajuda da comunidade internacional, não será possível manter nossas operações."
A primeira reunião do novo gabinete deve acontecer neste domingo.
Reações
A porta-voz do governo israelense, Miri Eisin, disse que Israel lidará com Abbas, mas não com o novo governo, a menos que este reconheça o Estado judeu. "Israel declarou claramente em seu programa de governo uma solução de dois Estados, lado a lado", afirmou.
Oficiais israelenses disseram que tentarão convencer o mundo a não negociar com o novo governo.
A reação internacional, no entanto, tem sido cautelosa.
A Rússia é a que tem demonstrado mais otimismo, afirmando que o novo governo palestino levou as demandas internacionais "em consideração".
O Reino Unido chamou o novo governo de "um passo na direção certa", mas não endossou a plataforma política. "Nós julgaremos o novo governo pelas suas ações", disse um porta-voz, que não quis ser identificado. "Nós queremos trabalhar com qualquer governo, baseado nos princípios do Quarteto [do Oriente Médio]". O Quarteto --EUA, Rússia, União Européia e ONU-- media as negociações de paz, e pede que os palestinos reconheçam o Estado de Israel, renunciem à violência e respeitem acordos de paz prévios.
O porta-voz da Casa Branca Tony Snow, dizendo que não queria expressar desapontamento, disse na quinta-feira (15) que não haveria mudança na recusa do governo americano em lidar com o governo palestino a não ser que a plataforma política seja alterada.
"Nossa posição tem sido consistente, que é a necessidade de ter um governo palestino que concorde com as condições do Quarteto", afirmou Snow.
A Noruega reconheceu neste sábado a nova coalizão Hamas-Fatah e que irá negociar com eles, afirmou o ministro da Informação palestino, Mustafa Barghouti. Um diplomata norueguês na Cisjordânia confirmou a informação.
Com agências internacionais
Leia mais
Haniyeh reivindica as fronteiras de 1967 para o Estado palestino
Abbas apresenta Executivo ao Parlamento e pede fim de boicote
Israel rejeita novo governo palestino de coalizão
Saiba mais sobre a faixa de Gaza e a Cisjordânia
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Especial
Leia o que já foi publicado sobre o Hamas
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Parlamento palestino aprova novo governo de união
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A nova coalizão Hamas-Fatah ganhou ampla aprovação do Conselho Legislativo Palestino (Parlamento) neste sábado.
Agora, os líderes palestinos enfrentam o desafio de convencer uma comunidade internacional cética a suspender o boicote político e econômico imposto ao governo palestino.
Loay Abu Haykel/Reuters |
Membros do Parlamento palestino atendem a sessão especial para votar o novo governo |
Ao apresentar o programa do novo governo ao Parlamento, o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do grupo terrorista e partido político Hamas, disse que a coalizão quer um Estado palestino nas terras que Israel ocupou em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.
Haniyeh disse que os palestinos reafirmam seu direito de resistir à ocupação, mas também buscarão expandir uma trégua com Israel.
A plataforma política do novo governo, porém, não segue as condições internacionais para o fim do boicote, como o reconhecimento explícito de Israel e a renúncia à violência.
Israel reiterou neste sábado que não irá negociar com o novo governo. Já um oficial da ONU (Organização das Nações Unidas) indicou flexibilidade. "Este é um passo significativo na direção certa", disse o enviado da ONU ao Oriente Médio, Alvaro de Soto, que participou da sessão parlamentar. "Estaremos observando com interesse como este programa será implementado."
Sessão
A sessão aconteceu simultaneamente nas sedes parlamentares de Gaza e Ramala, por meio de videoconferência, uma vez que Israel proíbe muitos deputados de se deslocarem entre a faixa de Gaza e a Cisjordânia.
A coalizão substitui um governo liderado pelo grupo radical islâmico Hamas. O grupo, que prega a destruição de Israel em sua carta de fundação, conduziu uma série de ataques suicidas contra o país.
O grupo venceu as eleições legislativas palestinas no início de 2006. A ascensão do Hamas ao poder levou a comunidade internacional a impor uma série de sanções, para que o grupo reconhecesse o Estado de Israel e mantivesse acordos de paz anteriores.
O novo governo "respeita" acordos internacionais prévios feitos pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e pede que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, do partido laico Fatah, conduza as conversas de paz.
Qualquer acordo futuro poderá ser submetido a referendo nacional, o que sugere que o Hamas não terá poder de veto.
O primeiro-ministro Haniyeh disse que o governo quer ampliar um cessar-fogo com Israel. Porém, afirma que "a resistência por todos os seus meios, incluindo a resistência popular contra a ocupação [israelense]" é um direito palestino. "Resistência popular" é um termo que se refere a demonstrações e outros protestos não violentos.
Em seu discurso ao Parlamento, Abbas disse neste sábado que o povo palestino "rejeita a violência em todas as suas formas" e busca uma paz "baseada em negociações".
O presidente da ANP disse que os palestinos estendem a mão a Israel, para "obter a paz, a liberdade e a igualdade".
Diferenças
Os dois discursos --de Haniyeh, do Hamas, e de Abbas, do Fatah--, mostraram que embora ideologicamente os dois grupos tenham se aproximado, diferenças fundamentais permanecem.
A coalizão foi formada após meses de negociações interrompidas por períodos de confrontos violentos que deixaram mais de 140 mortos.
O acordo sobre o novo governo de união nacional foi feito em 8 de março em Meca, na Arábia Saudita, com os objetivos prioritários de superar a violência entre as facções palestinas e recuperar a confiança da comunidade internacional.
Apesar dos receios internacionais sobre uma união de forças do Fatah e do Hamas, Abbas tem afirmado que a coalizão é o único caminho para evitar uma guerra civil na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Haniyeh também referiu-se aos receios internacionais em seu discurso, admitindo que o caminho do novo governo será difícil. "Os desafios são muitos, assim como as dificuldades", declarou. "Todos estão esperando para ver o que o governo de união nacional irá oferecer".
O novo ministro das Finanças, Salam Fayyad, alertou que o governo não conseguirá funcionar por muito tempo a menos que a comunidade internacional suspenda os boicotes e aumente a sua ajuda.
Fayyad disse que ele não tem garantias de que o boicote será diminuído, mas que espera poder se encontrar com oficiais estrangeiros. "Nós enfrentamos uma crise financeira séria", afirmou. "Sem a ajuda da comunidade internacional, não será possível manter nossas operações."
A primeira reunião do novo gabinete deve acontecer neste domingo.
Reações
A porta-voz do governo israelense, Miri Eisin, disse que Israel lidará com Abbas, mas não com o novo governo, a menos que este reconheça o Estado judeu. "Israel declarou claramente em seu programa de governo uma solução de dois Estados, lado a lado", afirmou.
Oficiais israelenses disseram que tentarão convencer o mundo a não negociar com o novo governo.
A reação internacional, no entanto, tem sido cautelosa.
A Rússia é a que tem demonstrado mais otimismo, afirmando que o novo governo palestino levou as demandas internacionais "em consideração".
O Reino Unido chamou o novo governo de "um passo na direção certa", mas não endossou a plataforma política. "Nós julgaremos o novo governo pelas suas ações", disse um porta-voz, que não quis ser identificado. "Nós queremos trabalhar com qualquer governo, baseado nos princípios do Quarteto [do Oriente Médio]". O Quarteto --EUA, Rússia, União Européia e ONU-- media as negociações de paz, e pede que os palestinos reconheçam o Estado de Israel, renunciem à violência e respeitem acordos de paz prévios.
O porta-voz da Casa Branca Tony Snow, dizendo que não queria expressar desapontamento, disse na quinta-feira (15) que não haveria mudança na recusa do governo americano em lidar com o governo palestino a não ser que a plataforma política seja alterada.
"Nossa posição tem sido consistente, que é a necessidade de ter um governo palestino que concorde com as condições do Quarteto", afirmou Snow.
A Noruega reconheceu neste sábado a nova coalizão Hamas-Fatah e que irá negociar com eles, afirmou o ministro da Informação palestino, Mustafa Barghouti. Um diplomata norueguês na Cisjordânia confirmou a informação.
Com agências internacionais
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