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22/03/2007 - 14h00

Confrontos na Somália matam seis; moradores fogem da capital

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da Folha Online

Moradores fugiram de suas casas em Mogadício, capital da Somália, nesta quinta-feira, no segundo dia de confrontos entre rebeldes islâmicos e tropas somalis e etíopes, que deixaram ao menos quatro mortos e seis feridos. Ontem, a violência deixou 21 mortos.

O vice-ministro de Defesa Salad Ali Jelle disse que o governo somali reuniu informações que indicam que o líder da milícia Conselho dos Tribunais Islâmicos, Aden Hashi Ayro, comandou a insurgência em Mogadício e foi recentemente nomeado chefe da célula da rede terrorista Al Qaeda na Somália.

"Nosso serviço de inteligência [descobriu que] os remanescentes dos chamados Tribunais Islâmicos nomearam Aden Hashi Ayro o novo chefe da Al Qaeda na Somália", afirmou Jelle. O vice-ministro também disse que há informações de que Ayro estaria em Mogadício.

Especialistas em contraterrorismo acreditam que Ayro, de trinta e poucos anos, recebeu treinamento da Al Qaeda no Afeganistão. Oficiais da ONU (Organização das Nações Unidas) ligam Ayro ao assassinato de 16 pessoas, incluindo uma jornalista da rede de TV BBC, Kate Peyton. Também acredita-se que Ayro estava envolvido em um plano --nunca levado a cabo-- de derrubar um avião de uma companhia aérea da Etiópia.

Fuga

Moradores de Mogadício usavam táxis e minivans para fugir. Os pobres levavam seus pertences sobre a cabeça, em sacos plásticos. Todos estavam mudando para áreas mais seguras ou deixando a cidade.

Shabelle Media /Reuters
Homem foge dos confrontos em Mogadício levando carrinho com menina e pertences
Homem foge dos confrontos em Mogadício levando carrinho com menina e pertences
Hadija Mad Osman, mãe de sete crianças, disse que estava sendo forçada a deixar o marido e dois filhos para trás porque eles estavam fracos demais para viajar. O marido, contou, foi ferido quando um tiro de morteiro explodiu perto deles, e as crianças estavam com diarréia.

"Não sei para onde ir", disse Osman.

Rebeldes lançavam granadas, tiros de morteiro e metralhadoras. As tropas do governo respondiam com artilharia e metralhadoras nas lutas ocorridas nesta quinta-feira no norte e no sul de Mogadício, afirmaram testemunhas.

Testemunhas contaram quatro corpos em diferentes áreas da cidade. O médico Ali Bile disse que havia seis feridos no hospital Keysaney.

Centenas de soldados do governo foram enviados como reforço para as tropas que lutavam contra os insurgentes nesta quarta-feira, disse Fathi Mohamed Aden, um líder de clã que viu as lutas em seu bairro, no norte de Mogadício.

No sul da capital, homens atiraram contra tropas do governo e etíopes baseadas no antigo prédio do Ministério da Defesa, afirmou Jamila Isaq Roble, mãe de seis.

Os confrontos começaram ontem, quando ao menos 21 pessoas morreram. Os rebeldes arrastaram os corpos de seis soldados --quatro somalis e dois etíopes-- pelas ruas de Mogadício. Os insurgentes queimaram os corpos, que foram chutados e apedrejados pelas pessoas.

"As lutas representaram o fim da minha vida e da minha felicidade. Perdi dois filhos em 1993, quando as tropas americanas lutaram com milícias somalis, e agora perdi o último", disse Shamsa Abdikadir Wehliye, 37, cujo filho foi morto nos confrontos desta quarta-feira.

Ela estava no hospital Medina, cuidando de seu marido de 50 anos, que estava ferido.

Guerrilha

Esta quarta-feira foi marcada por algumas das lutas mais intensas em Mogadício desde que uma milícia radical conhecida como Conselho dos Tribunais Islâmicos foi expulsa da capital em dezembro, após seis meses no poder.

O grupo prometeu uma guerrilha no estilo da que acontece no Iraque. Ataques com morteiros acontecem quase todos os dias.

O líder do Conselho dos Tribunais Islâmicos, Sheik Hassan Dahir Aweys, disse que os rebeldes e moradores de Mogadício têm razão em lutar contra as tropas do governo somali e seus aliados etíopes, mas negou que esteja envolvido.

Aweys afirmou na noite desta quarta-feira que ele e outros líderes islâmicos estavam seguros e morando na Somália. Ele considera as forças de paz da União Africana como inimigos.

"Fomos invadidos, e ninguém nos respeitou enquanto estávamos no poder e prontos para negociar. Até as Nações Unidas, que pensávamos que fossem uma organização imparcial, ajudou na invasão. Então vemos as tropas africanas como um inimigo, e não como um amigo", afirmou Aweys por telefone via satélite.

O ministro do Interior somali, Mohamed Mohamud Guled, disse que o governo está determinado a restaurar a lei e a ordem em Mogadício dentro de uma semana.

"O governo derrotará os elementos, que são inimigos da paz, e concluiremos a missão dentro de uma semana", declarou Guled.

Um oficial do governo disse que as ofensivas desta quarta-feira se concentraram em partes da capital controladas pelo clã Habr Gedir, que era um importante aliado de membros mais radicais dos Tribunais Islâmicos.

Somália não possui um governo central efetivo desde 1991. A administração atual não conseguiu estabelecer controle sobre o país, e a União Africana enviou uma pequena força de paz para defendê-la.

A violência, no entanto, tem sido diária na capital, vitimando muitos civis.

Com Associated Press

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