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26/04/2007
-
21h38
da Folha Online
No mesmo dia em que o Congresso dos Estados Unidos lançou um desafio ao presidente George W. Bush ao aprovar uma medida que prevê para 1º de outubro o início da retirada das tropas americanas do Iraque, pré-candidatos democratas à Presidência defenderam a saída das tropas em um debate na Carolina do Sul.
Os pré-candidatos, entre os quais se destacam os senadores Barack Obama e Hillary Clinton, concordam com a retirada mas mostraram diferenças de visão quanto a sua forma de realização.
Logo no início do debate de 90 minutos no campus da Universidade Estadual da Carolina do Sul, o senador por Illinois Barack Obama fez um apelo ao Congresso para derrubar o esperado veto presidencial à medida de retirada dos soldados. Pelo números de votos a favor da medida hoje, no entanto, ficou claro que os democratas provavelmente não conseguiriam os dois terços de votos necessários para derrubar um veto de Bush.
De acordo com o projeto --aprovado por 218 votos contra 208 na Câmara e por 51 a 46 no Senado--, a retirada de cerca de 150 mil soldados dos EUA em solo iraquiano seria completada em março de 2008. A proposta inclui ainda o envio de US$ 124 bilhões em recursos extras para a manutenção das tropas.
Apesar de criticar a estratégia adotada pela Casa Branca na condução do conflito, a senadora por Nova York e ex-primeira-dama Hillary Clinton --líder na maioria das pesquisas sobre a preferência dos eleitores democratas-- se recusou mais uma vez a pedir desculpas por ter votado a favor da invasão do Iraque, que começou em 2003.
Já o governador do Novo México, Bill Richardson, que também disputa a candidatura do Partido Democrata, disse que apoiaria a remoção de todas as tropas americanas do Iraque até o final de 2007. "Esta guerra é um desastre. Temos que acabar com ela", disse.
O debate, a 18 meses da eleição presidencial americana de 2008, é o primeiro duelo de idéias face a face entre os oito democratas que pretendem disputar a candidatura do partido. Além de Clinton, Obama e Richardson, também participam o ex-senador e ex-candidato a vice-presidente em 2004 John Edwards, os senadores Joseph Biden e Christopher Dodd, o ex-senador Mike Gravel e Dennis Kucinich, férreo opositor da guerra no Iraque e também pré-candidato em 2004.
Disputa
Os democratas, que dominam o Congresso desde janeiro deste ano, pressionam para que se defina uma data de retirada. A medida aprovada hoje é resultado da harmonização de duas leis elaboradas separadamente pela Câmara e pelo Senado, e que já haviam sido ameaçadas com o veto presidencial.
A advertência de veto foi repetida hoje pela porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, derrubando em grande medida as chances de a retirada se tornar realidade.
Perino lamentou a "trágica situação" no Iraque, mas afirmou que uma retirada militar "criará um vazio de poder" no país. Republicanos afirmam que definir um prazo seria o mesmo que estipular uma "data para a rendição". "A rede Al Qaeda vê isto como o dia em que a Câmara dos Representantes jogará a toalha", afirmou o republicano Jerry Lewis, da Califórnia.
Apesar de enfraquecida pela ameaça de veto, a medida é um golpe contra Bush. Até hoje, apenas uma medida foi vetada pelo presidente, que se referia à permissão para pesquisas em células-tronco. Um novo veto carregará significado político forte.
Iraque
Nesta quinta-feira, o general David Petraeus, principal comandante americano no Iraque, admitiu que o conflito passa por um momento "complexo e muito duro", e disse que os EUA ainda deverão enfrentar mais dificuldades até que a situação comece a melhorar.
Segundo ele, o crescente aumento dos ataques a bomba e suicidas levou a "grande perdas" para os EUA, assim como ao crescimento de baixas militares.
Petraeus recusou-se a especular por quanto tempo as tropas americanas ainda devem permanecer no Iraque, e também não quis comentar a proposta de retirada dos soldados.
"Tento ficar fora do campo político e das propostas legislativas", afirmou.
Ataques
Ainda hoje, ao menos nove soldados iraquianos morreram e outras 15 pessoas ficaram feridas após um ataque suicida contra um posto de controle na Província de Diyala.
Na ação, um terrorista suicida atirou um carro-bomba contra o posto em Khalis, a 80 quilômetros de Bagdá, segundo a agência de notícias Reuters.
De acordo com a polícia, todos os mortos eram militares, mas há civis entre os feridos. O atentado é o mais recente de uma série de ataques que atingiu Diyala --região cuja população inclui sunitas e xiitas-- nesta semana.
"Diyala é um dos principais alvos no Iraque neste momento, ao lado de Bagdá e da Província de Anbar, para onde são direcionados muitos dos esforços insurgentes", afirmou o porta-voz militar Christopher Garver. "Diyala tornou-se um campo de batalha", acrescentou.
Em outro ataque, seis pessoas morreram e 15 ficaram feridas no distrito de Jadriya, ao sul de Bagdá. Na ação, um carro estacionado lotado de explosivos foi detonado perto da Universidade de Bagdá e do Hotel Al Hamra, em uma área sunita e xiita da capital.
Na segunda-feira (23), nove soldados morreram em um ataque contra uma base militar ocorrido perto da capital de Diyala, Baquba, em um dos piores ataques terrestres contra as forças americanas desde o início do conflito, em 2003. Dois dias depois, um suicida matou nove pessoas em uma delegacia de polícia em Balad Ruz, também em Diyala.
Mais violência
Também nesta quinta-feira, dois caminhões-bomba e um suicida vestindo um cinto de explosivos mataram três pessoas e feriram outras 13 em explosões que tinham como alvo o líder do Partido Democrático do Curdistão, Massoud Barzani, e forças curdas.
Uma bomba deixada na beira de uma estrada matou duas pessoas e feriu dez perto do mercado de Shorja, no centro de Bagdá, segundo informações da polícia.
A ofensiva militar americana em Bagdá e em outras Províncias são vistas como a última tentativa de deter a violência sectária e impedir uma guerra civil no Iraque.
Dezenas de milhares de soldados americanos e iraquianos foram destacados para a região de Bagdá desde meados de fevereiro. Cinco novas brigadas dos EUA devem ser enviadas ao país como reforço até o início de junho.
Com Reuters, Efe e Associated Press
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Pré-candidatos democratas dos EUA defendem retirada do Iraque
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No mesmo dia em que o Congresso dos Estados Unidos lançou um desafio ao presidente George W. Bush ao aprovar uma medida que prevê para 1º de outubro o início da retirada das tropas americanas do Iraque, pré-candidatos democratas à Presidência defenderam a saída das tropas em um debate na Carolina do Sul.
Os pré-candidatos, entre os quais se destacam os senadores Barack Obama e Hillary Clinton, concordam com a retirada mas mostraram diferenças de visão quanto a sua forma de realização.
8.jan.2007/AP |
Barack Hussein Obama é pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos |
De acordo com o projeto --aprovado por 218 votos contra 208 na Câmara e por 51 a 46 no Senado--, a retirada de cerca de 150 mil soldados dos EUA em solo iraquiano seria completada em março de 2008. A proposta inclui ainda o envio de US$ 124 bilhões em recursos extras para a manutenção das tropas.
Apesar de criticar a estratégia adotada pela Casa Branca na condução do conflito, a senadora por Nova York e ex-primeira-dama Hillary Clinton --líder na maioria das pesquisas sobre a preferência dos eleitores democratas-- se recusou mais uma vez a pedir desculpas por ter votado a favor da invasão do Iraque, que começou em 2003.
Já o governador do Novo México, Bill Richardson, que também disputa a candidatura do Partido Democrata, disse que apoiaria a remoção de todas as tropas americanas do Iraque até o final de 2007. "Esta guerra é um desastre. Temos que acabar com ela", disse.
O debate, a 18 meses da eleição presidencial americana de 2008, é o primeiro duelo de idéias face a face entre os oito democratas que pretendem disputar a candidatura do partido. Além de Clinton, Obama e Richardson, também participam o ex-senador e ex-candidato a vice-presidente em 2004 John Edwards, os senadores Joseph Biden e Christopher Dodd, o ex-senador Mike Gravel e Dennis Kucinich, férreo opositor da guerra no Iraque e também pré-candidato em 2004.
Disputa
Os democratas, que dominam o Congresso desde janeiro deste ano, pressionam para que se defina uma data de retirada. A medida aprovada hoje é resultado da harmonização de duas leis elaboradas separadamente pela Câmara e pelo Senado, e que já haviam sido ameaçadas com o veto presidencial.
A advertência de veto foi repetida hoje pela porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, derrubando em grande medida as chances de a retirada se tornar realidade.
Perino lamentou a "trágica situação" no Iraque, mas afirmou que uma retirada militar "criará um vazio de poder" no país. Republicanos afirmam que definir um prazo seria o mesmo que estipular uma "data para a rendição". "A rede Al Qaeda vê isto como o dia em que a Câmara dos Representantes jogará a toalha", afirmou o republicano Jerry Lewis, da Califórnia.
Apesar de enfraquecida pela ameaça de veto, a medida é um golpe contra Bush. Até hoje, apenas uma medida foi vetada pelo presidente, que se referia à permissão para pesquisas em células-tronco. Um novo veto carregará significado político forte.
Iraque
Nesta quinta-feira, o general David Petraeus, principal comandante americano no Iraque, admitiu que o conflito passa por um momento "complexo e muito duro", e disse que os EUA ainda deverão enfrentar mais dificuldades até que a situação comece a melhorar.
Segundo ele, o crescente aumento dos ataques a bomba e suicidas levou a "grande perdas" para os EUA, assim como ao crescimento de baixas militares.
Petraeus recusou-se a especular por quanto tempo as tropas americanas ainda devem permanecer no Iraque, e também não quis comentar a proposta de retirada dos soldados.
"Tento ficar fora do campo político e das propostas legislativas", afirmou.
Ataques
Ainda hoje, ao menos nove soldados iraquianos morreram e outras 15 pessoas ficaram feridas após um ataque suicida contra um posto de controle na Província de Diyala.
Na ação, um terrorista suicida atirou um carro-bomba contra o posto em Khalis, a 80 quilômetros de Bagdá, segundo a agência de notícias Reuters.
Khalid Mohammed/AP |
Tropas patrulham rua de Bagdá; ação mata 9 soldados do Iraque |
"Diyala é um dos principais alvos no Iraque neste momento, ao lado de Bagdá e da Província de Anbar, para onde são direcionados muitos dos esforços insurgentes", afirmou o porta-voz militar Christopher Garver. "Diyala tornou-se um campo de batalha", acrescentou.
Em outro ataque, seis pessoas morreram e 15 ficaram feridas no distrito de Jadriya, ao sul de Bagdá. Na ação, um carro estacionado lotado de explosivos foi detonado perto da Universidade de Bagdá e do Hotel Al Hamra, em uma área sunita e xiita da capital.
Na segunda-feira (23), nove soldados morreram em um ataque contra uma base militar ocorrido perto da capital de Diyala, Baquba, em um dos piores ataques terrestres contra as forças americanas desde o início do conflito, em 2003. Dois dias depois, um suicida matou nove pessoas em uma delegacia de polícia em Balad Ruz, também em Diyala.
Mais violência
Também nesta quinta-feira, dois caminhões-bomba e um suicida vestindo um cinto de explosivos mataram três pessoas e feriram outras 13 em explosões que tinham como alvo o líder do Partido Democrático do Curdistão, Massoud Barzani, e forças curdas.
Uma bomba deixada na beira de uma estrada matou duas pessoas e feriu dez perto do mercado de Shorja, no centro de Bagdá, segundo informações da polícia.
A ofensiva militar americana em Bagdá e em outras Províncias são vistas como a última tentativa de deter a violência sectária e impedir uma guerra civil no Iraque.
Dezenas de milhares de soldados americanos e iraquianos foram destacados para a região de Bagdá desde meados de fevereiro. Cinco novas brigadas dos EUA devem ser enviadas ao país como reforço até o início de junho.
Com Reuters, Efe e Associated Press
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