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30/05/2007 - 20h36

Sob críticas da Síria, ONU aprova tribunal sobre morte de Hariri

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da Folha Online

Simpatizantes do premiê libanês Rafik al Hariri, assassinado em um atentado em 2005, celebraram nesta quarta-feira a aprovação pelo Conselho de Segurança (CS) ONU de um tribunal internacional para julgar os acusados por sua morte. A resolução aprovada pelo conselho sofreu fortes críticas da Síria, que alertou para uma desestabilização do Líbano.

A comunidade internacional suspeita que a Síria esteja envolvida no assassinato, o que Damasco nega. Hoje, cerca de 200 pessoas levaram bandeiras e comemoraram perto do túmulo de Hariri em Beirute, onde um telão mostrou ao vivo a votação no CS da ONU.

Ben Curtis/AP
Jovens libaneses comemoram em Beirute aprovação do tribunal sobre Hariri pela ONU
Jovens libaneses comemoram em Beirute aprovação do tribunal sobre Hariri pela ONU

Os simpatizantes do premiê assassinado também gritaram slogans com críticas ao presidente da Síria, Bashar Assad, e ao presidente libanês, Emile Lahoud, que são aliados.

O filho do premiê assassinado, Saad Hariri, disse que o voto do CS da ONU marca um ponto sem volta no Líbano e que ele protegeria o país de outras tentativas de assassinatos. "Não buscamos justiça por vingança, mas queremos prestação de contas e verdade", disse ele, em um discurso a uma TV local. "O voto é uma vitória que o mundo dá ao Líbano", completou.

O premiê pró-ocidental libanês, Fouad Siniora, também elogiou a decisão da ONU, chamando o tribunal internacional que será criado "um triunfo do Líbano sobre a injustiça, o crime e a tirania".

Como medida de precaução, o Ministério do Interior libanês proibiu o público de atirar para o alto, soltar fogos de artifícios e usar motocicletas entre as 20h (14h) de hoje até as 5h de quinta-feira (23h de quarta-feira). Alguns atentados a bomba no Líbano foram perpetrados por motociclistas.

Síria

A Síria criticou a aprovação do tribunal internacional pela ONU, afirmando que a soberania do Líbano foi violada e que o país poderá ser levado a uma maior instabilidade.

Jamal Saidi/Reuters
Cartaz mostra rosto de premiê assassinado em Beirute; tribunal pode demorar um ano
Cartaz mostra rosto de premiê assassinado em Beirute; tribunal pode demorar um ano

Um comunicado do governo, divulgado pela agência de notícias oficial do país, afirmou que a Síria está preocupada com prejuízos a sua própria jurisdição sobre cidadãos sírios que possam ser indiciados pelo atentado de 2005 que matou o premiê libanês em Beirute.

"Organizar uma corte sob o capítulo 7 da Carta da ONU viola a soberania do Líbano e poderá piorar a situação lá", diz o texto. O capítulo 7 não exclui o uso de força para "manter ou restaurar a paz e a segurança internacional".

"Não houve nenhuma mudança quanto à posição da Síria em relação a este tribunal", completa o comunicado.

O país indicou que poderá não colaborar como tribunal se oficiais sírios forem indiciados. Uma investigação da ONU, ainda em andamento, implicou oficiais de segurança sírios e libaneses na morte de Hariri.

Votação

A resolução 1.757 do CS da ONU, que permitirá a criação do tribunal, foi aprovada por dez votos a favor e cinco abstenções em uma votação que se iniciou por volta das 16h na sede da ONU em Nova York.

A resolução deverá trazer de volta para o foco das atenções a polêmica envolvendo o assassinato de Al Hariri. Ele morreu em um atentado com um carro-bomba que deixou ainda outras 22 pessoas mortas em fevereiro de 2005.

14.fev.2005/Reuters
Na foto de arquivo, carros pegam fogo após atentado que matou premiê em 2005
Na foto de arquivo, carros pegam fogo após atentado que matou premiê em 2005

Enquanto os Estados Unidos e boa parte da comunidade internacional defenderam a criação do tribunal, vários grupos suspeitam que a manobra é, na verdade, destinada a manipular o Líbano e a Síria --acusada de estar por trás da morte de Hariri.

Rússia, China, África do Sul, Indonésia e Qatar se abstiveram na votação. O tribunal é motivo de intensa discussão dentro do próprio Líbano: o premiê do país, o pró-ocidental Fouad Siniora, pediu ao CS da ONU no começo deste mês que estabelecesse o tribunal, mas o líder do Parlamento, Nabih Berry, se recusou a convocar a sessão de ratificação de um acordo a respeito.

A criação do tribunal foi decidida no início de 2005 pela resolução 1.595 do CS da ONU. A convenção que criou este tribunal foi assinada em 2006 entre a ONU e o governo libanês, mas sua ratificação pelo Parlamento desse país, exigida pela Constituição libanesa, ainda não ocorreu devido à crise política.

A resolução 1.757 dá ao Parlamento do Líbano uma última chance de estabelecer o tribunal por si mesmo. Se isto não acontecer até o dia 10 de junho, o acordo anterior entre o governo libanês e a ONU entrará em vigor automaticamente, criando o tribunal fora do Líbano com uma maioria de juízes e um promotor internacionais.

Detalhes

Detalhes fundamentais sobre o tribunal, incluindo onde ele será criado, ainda deverão ser discutidos por diplomatas. Inicialmente, Chipre, Itália e Holanda poderiam acolher o futuro tribunal. A expectativa é que ao menos um ano se passe antes que os trabalhos sejam efetivamente iniciados na corte.

Jamal Saidi/Reuters
Outdoor em Beirute mostra rosto de Rafik al Hariri e dias passados desde sua morte
Outdoor em Beirute mostra rosto de Rafik al Hariri e dias passados desde sua morte

Autoridade libanesas mantêm presos atualmente oito pessoas suspeitas de envolvimento na morte de Al Hariri.

Entre eles, estão quatro generais pró-Síria, que lideravam departamentos de segurança libaneses à época do assassinato, e quatro membros de um pequeno grupo sunita apoiado pela Síria, acusado de colaborar monitorando os movimentos do premiê.

Questionado sobre se o CS da ONU tinha o direito de solucionar um problema político interno libanês, o embaixador britânico na ONU, Emyr Jones Parry, afirmou: "Legalmente podemos, politicamente devemos e o Líbano, em sua atual situação, merece e requer nosso apoio".

Com Reuters, France Presse e Associated Press

 

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