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11/06/2007 - 21h39

EUA armam sunitas contra Al Qaeda; políticos questionam retirada

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da Folha Online

Após quatro meses de uma operação militar para deter a violência sectária e ataques insurgentes no Iraque --que até agora alcançou poucos resultados-- os EUA lançam agora uma nova estratégia no país, segundo reportagem do "New York Times" (NYT).

De acordo com o "NYT", o Exército americano tenta atualmente armar grupos sunitas que prometem lutar contra a rede terrorista Al Qaeda, de quem os insurgentes já foram aliados.

Marcelo Katsuki/Fol

Em alguns casos, de acordo com o "Times", os grupos sunitas são suspeitos de envolvimento com ataques contra tropas americanas no Iraque. Mesmo assim, alguns deles receberão agora, por meio de unidades do Exército iraquiano ligadas aos EUA, com armas, munições e dinheiro.

Fontes do Exército americano ouvidas pelo jornal dizem que os grupos tinham ligação com a Al Qaeda no Iraque, mas teriam se decepcionado com as táticas extremas da rede, particularmente com ataques suicidas que mataram milhares de civis iraquianos.

De acordo com o "Times", comandantes americanos testaram a estratégia com sucesso na Província de Anbar, a oeste de Bagdá, e já se reuniram com grupos sunitas do centro e do norte do Iraque para negociações. Em troca do apoio americano, os grupo sunitas teriam aceito lutar contra a rede Al Qaeda e suspender ações contra alvos dos EUA no país.

As áreas incluiriam partes de Bagdá, como a região de Amiriya, considerada um bastião xiita; a área ao sul da capital, na Província de Babil, chamada de Triângulo da Morte; a Província de Diyala, ao norte e leste de Bagdá; e a Província de Salahuddin, ao norte de Bagdá.

Risco

De acordo com comandantes ouvidos pelo "Times", apesar dos riscos em armar grupos que, até o momento, eram considerados inimigos dos EUA no Iraque, o potencial de ganhos para o combate à rede Al Qaeda era "muito grande" para ser deixado de lado pelo Exército.

Ali Jasim/Reuters
Iraquianos fazem revista em carro em Bagdá; sunitas serão armados pelos EUA
Iraquianos fazem revista em carro em Bagdá; sunitas serão armados pelos EUA

Mesmo que a estratégia seja apenas parcialmente bem-sucedida, segundo o jornal, ela pode ser útil para estabilizar o Iraque e acelerar o retorno das tropas americanas para casa.

Um declínio inicial na violência sectária registrado nos dois primeiros meses da operação militar em Bagdá foi revertido. Atualmente, cada vez mais corpos são encontrados a cada dia no Iraque.

No entanto, segundo o jornal americano, críticos da nova estratégia dizem que os EUA podem estar, com a nova tática, "armando os dois lados" em uma futura guerra civil.

Os EUA gastaram mais de US$ 15 bilhões no reforço do Exército e da polícia iraquiana, cuja maioria dos 350 mil membros é composta por xiitas.

De acordo com o jornal, há também a possibilidade de as armas serem utilizadas contra alvos americanos.

Retirada em 2008

Enquanto os EUA continuam mudando de estratégia no país árabe, os líderes do Grupo de Estudos para o Iraque, painel bipartidário que estuda a situação do conflito, afirmou nesta segunda-feira que o objetivo sugerido de retirar as tropas americanas do país árabe até março de 2008 deveria ser revisto.

No final de 2006, o grupo, liderado pelo republicano James Baker e pelo democrata Lee Hamilton, afirmou que a maioria das tropas de combate poderia sair do Iraque em março do próximo ano se certos passos fossem adotados. De acordo com o plano, um pequeno contingente de soldados continuaria em campo para levar a cabo o treinamento de forças iraquianas e outras missões.

À época, as sugestões do grupo tiveram uma recepção pouco calorosa na Casa Branca. Nesta segunda-feira, em um discurso no Clube Nacional de Imprensa, Baker e Hamilton disseram que, com a evolução do conflito, a data merece uma revisão.

"A data sugerida para 2008 seria hoje, claro, diferente, porque estamos falando de um prazo dado com base em um relatório de dezembro de 2006. Estamos em junho de 2007", afirmou Baker.

Hamilton confirmou que o prazo provavelmente está desatualizado, mas ainda assim defendeu a retirada. "Ainda defendo esse objetivo [de sair em 2008]", disse.

Os dois líderes se disseram muito decepcionados com as ações do governo iraquiano até agora e expressaram descrença em sua capacidade de reconciliar a nação. "Em uma coisa eu acredito: se o Iraque não era o centro da guerra contra o terror antes de entrarmos lá, agora certamente é", disse Baker.

Com "The New York Times" e Associated Press

 

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