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Fujimori enfrenta as urnas no Japão no próximo sábado
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ROLAND DE COURSON
da France Presse, em Tóquio
Classificando-se como "o último samurai" e prometendo "lutar até a morte" pelo Japão, o ex-presidente do Peru Alberto Fujimori tentará ser eleito, no domingo, para o Senado japonês, em um último e insólito desafio à justiça peruana.
Fujimori, que completará 69 anos na véspera das votações, candidatou-se pelo Novo Partido do Povo (NPP), uma pequena legenda fundada em 2005 por dissidentes do Partido Liberal Democrata (PLD).
19.mai.2006/AP |
Ex-presidente peruano Alberto Fujimori disputa vaga no Senado do Japão |
Caso seja eleito, Fujimori não poderá assumir o cargo, já que está sob prisão domiciliar no Chile e à espera de que a Corte Suprema decida se deve ou não ser extraditado ao Peru, onde é acusado de corrupção e crimes contra a humanidade.
Para abrandar sua ausência no país durante a campanha eleitoral, Fujimori abriu uma página na internet em japonês (www.fujimori-kenya.net). Copiando o título de um recente filme de Hollywood protagonizado por Tom Cruise, ele afirma ser "o último samurai", e detalha seu programa de governo em um vídeo aparentemente gravado no jardim de sua luxuosa residência na periferia de Santiago.
"Japão, pátria de nossos pais e nossas mães! Lutarei até a morte pelo Japão dos samurais!" exclama em japonês, com forte sotaque peruano.
O site também mostra vídeos de quando Fujimori era presidente. Em um deles, ele recebe o imperador japonês Akihito; outro mostra a mobilização policial que salvou reféns da residência do embaixador japonês em Lima em abril de 1997.
Reação japonesa
A candidatura de Fujimori causou revolta no Peru, mas ocasionou pouco interesse no Japão, onde a população está mais preocupada em saber se o conservador e impopular primeiro-ministro, Shinzo Abe, sobreviverá politicamente às votações.
O jornal de centro esquerda "Asahi Shimbun" afirmou que a candidatura de Fujimori era "difícil de engolir", e que as organizações de direitos humanos organizaram um ato de protesto. Porém, em geral, a aventura eleitoral japonesa de Fujimori causou pouco impacto nos meios de comunicação local.
Segundo as pesquisas, o NPP detém menos de 1% das intenções de voto. Devido à grande complexidade do sistema eleitoral nipônico, são praticamente nulas as chances de Fujimori, que briga por uma das 48 cadeiras que se renovam mediante ao sistema proporcional nacional. As outras 73 vagas serão preenchidas mediante recontagem de votos majoritários.
O analista político e historiador nacionalista Hideaki Kase, amigo de Fujimori, afirmou à AFP que seria suficiente obter 200 mil votos, em um país que conta com 105 milhões de eleitores.
Outros analistas consideram que o número de votos necessários para eleição seria de aproximadamente 1 milhão.
"Fujimori é popular", afirmou Kase, que lembrou que o ex-presidente passou seus anos de exílio no Japão (2000-2005), dando palestras por todo o país. "O povo japonês tem uma dívida com ele, desde que solucionou a crise dos reféns na embaixada. Enquanto ele viver, não o esqueceremos".
Caso eleito senador, Fujimori gozará, durante o mandato de seis anos, de imunidade parlamentar, ainda que apenas no Japão, não servindo para apaziguar suas acusações na justiça chilena e peruana.
Interferência
Até o momento, o governo japonês vem descartando pedir ao Chile que autorize o regresso de Fujimori ao Japão, como exige o NPP.
Entretanto, segundo uma recente pesquisa, 61% dos peruanos acreditam que houve interferência de Tóquio no fato de um juiz chileno ter negado em primeira instância a extradição do ex-presidente.
Fujimori segue gozando no Japão da admiração incondicional de muitos políticos nacionalistas, como o líder do NPP, Shizuka Kamei.
"Fujimori é mais japonês que muitos japoneses", afirmou seu amigo Hideaki Kase. "É um grande trabalhador, sabe enfrentar os problemas da vida, é sério e frugal. Estes valores estão perdidos no Japão moderno e Fujimori nos recorda esses antigos japoneses que existiam antes da segunda guerra mundial".
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