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23/08/2007 - 22h42

Após 100 dias, Sarkozy enfrenta incerteza econômica e social

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da Efe, em Paris

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, completa nesta quinta-feira 100 dias no cargo em meio a incertezas econômicas e sociais.

Em 16 de maio, dez dias após derrotar nas urnas a candidata socialista Ségolène Royal, o político conservador e ex-ministro do Interior, substituiu Jacques Chirac e impôs um estilo de ruptura com os 12 anos do antecessor.

Após férias consideradas polêmicas nos Estados Unidos, onde um almoço informal com o presidente, George W. Bush, e sua família simbolizou o início de uma nova era nas relações entre os dois países, Sarkozy voltou ao trabalho esta semana, decidido a continuar ocupando todo o terreno e a prosseguir com as reformas.

"Nunca serei um presidente estático. O primeiro-ministro é um colaborador. O patrão sou eu", disse esta semana.

Sarkozy tem uma popularidade elevada --apesar de uma queda de cinco pontos em um mês--, e, segundo o instituto de pesquisa Ipsos, 61% dos franceses se declaram favoráveis a sua ação.

Os editorialistas destacam a onipresença, a exposição na mídia e ritmo desenfreado do que chamam de "hiperpresidente', que quer ocupar o primeiro plano em todas as frentes.

Um estilo que não deixa ninguém indiferente, segundo o jornal "Le Figaro", que rejeita as acusações de golpes de efeito.

O "Monde" argumenta que, de tanto querer demonstrar sua eficácia, Sarkozy ultrapassa si mesmo e se expõe demais para durar.

Já o "Libération' diz que não se espera de um chefe de Estado que 'reaja o tempo todo como um francês comum", mas proponha orientações sólidas e duradouras. O jornal "L'Express" chama o presidente de "bicicleta sem freio'.

Sarkozy, cujo slogan foi "digo o que faço e farei o que digo", cumpriu nestes 100 dias muitas de suas promessas.

O Parlamento, controlado por seu partido conservador União por um Movimento Popular (UMP) --embora tenha perdido cadeiras nas eleições Legislativas de junho--, votou em julho o primeiro pacote de reformas do presidente.

Liberalização das horas extras, reduções tributárias, serviços mínimos no transporte, endurecimento das penas dos delinqüentes reincidentes e autonomia das universidades são algumas das reformas.

Mas o Conselho Constitucional rejeitou o caráter retroativo da desoneração fiscal de juros de hipotecas para a compra de sua primeira casa, uma de suas promessas mais populares.

"Aos que me reprovam por não ter cumprido minha promessa, eu digo: voltem-se contra o Conselho Constitucional", afirmou Sarkozy, cujo governo deve divulgar na sexta-feira um dispositivo que resolva em parte esta questão.

Política externa

Em política externa, o presidente articulou para que os líderes da União Européia chegassem a um acordo sobre um "tratado simplificado" que substitua a Constituição rejeitada pelos eleitores franceses e holandeses nos referendos em 2005.

E conseguiu outro êxito com a libertação pela Líbia das cinco enfermeiras búlgaras e do médico palestino nacionalizado búlgaro.

Sua mulher, Cécilia, viajou duas vezes a Trípoli na fase final da negociação e acompanhou os voluntários no retorno à Bulgária.

A tentativa de se valorizar com a libertação incomodou a União Européia, que trabalhava para obtê-la, e a polêmica sobre possíveis contrapartidas ressurgirá com uma investigação parlamentar.

O Palácio do Eliseu, sede do governo francês, excluiu hoje a presença de Cécilia Sarkozy diante dos deputados, como foi pedido pelos socialistas em função da pequena controvérsia que surgiu quando a primeira-dama faltou ao almoço com a família Bush nos Estados Unidos.

Oposição

A oposição socialista, afetada pela derrota eleitoral, dividida pelas disputas internas e desestabilizada pela estratégia de abertura de Sarkozy --que incluiu esquerdistas em seu governo--, não foi ouvida nos primeiros 100 dias de Sarkozy e se volta agora contra sua política econômica.

O presidente do partido socialista, François Hollande, denunciou os valores que os franceses terão que pagar pelos presentes fiscais dados aos mais ricos.

O custo desse pacote fiscal será uma dor de cabeça para o Executivo na hora de elaborar o novo Orçamento sem agravar o déficit.

A crise dos mercados financeiros pode agravar a conjuntura econômica desfavorável, pois a economia cresceu a metade do previsto no segundo trimestre, e o déficit comercial é gigantesco.

Os sindicatos exigem serviços mínimos e a supressão de postos de funcionários e não se esquecem da reforma trabalhista ou do plano de franquias médicas prometidas pelo presidente francês.

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