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25/11/2007 - 10h47

Mídia venezuelana cobre mal referendo

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FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, em Caracas

Um levantamento sobre o comportamento das polarizadas TVs e rádios venezuelanas mostra que os eleitores do país continuam sendo mal informados sobre aprovar ou não mudanças em 69 dos 350 artigos da atual Constituição, em referendo no próximo domingo.

Mas o estudo aponta duas novidades em relação a campanhas passadas: a cobertura mais equilibrada dos meios privados com maior audiência e o aumento do alcance da parcializada imprensa estatal.

As conclusões são do Grupo de Monitoramento dos Meios 2007 (GMM), um projeto das universidade de Gotemburgo (Suécia) e Católica Andrés Bello, de Caracas (Ucab), com financiamento dos governos sueco e norueguês. O objetivo é monitorar a cobertura do referendo durante três semanas.

"A polarização dos meios não é algo novo, mas houve algumas mudanças. Uma delas é que desapareceu o sinal da RCTV", disse à Folha Andrés Cañizález, do Centro de Investigação de Comunicação da Ucab. De forte oposição ao governo a emissora não teve a concessão renovada por Hugo Chávez, sob a justificativa de que participou do frustrado golpe de abril de 2002.

No lugar, opera a estatal Tves (2% da audiência nacional), que tem cobertura nacional graças ao confisco da RCTV, hoje operando apenas por cabo, bem mais restritivo.

A nova emissora também foi a mais parcializada no levantamento da segunda semana (dos dias 12 a 18), antecipado à Folha e que será formalmente apresentado amanhã: todas as cem notícias veiculadas pela Tves foram favoráveis ao governo (campanha pelo "sim").

"É bastante evidente que os canais governamentais continuam com sua contribuição à polarização midiática", escreve o pesquisador norueguês Stein Gronsund, no relatório da segunda semana. "Sobre a Tves não tenho comentários, pior não pode ser. A VTV (10% da audiência nacional) eliminou a oposição de seu noticiário, mas tem aumentado sua cobertura neutra."

Para Luisana Colomine, decana de comunicação social da Universidade Bolivariana da Venezuela (UBV), a mídia estatal age de forma "reativa" por causa da desinformação promovida pelos meios privados.

"A cobertura dos meios privados continua com a mesma tendência informativa desde que Chávez é presidente. Isto é, se comportam como um ator político, como o Bloco do Não", e produzem propaganda que não é o conteúdo da reforma."

Mais equilíbrio

A boa notícia do GMM fica por conta do maior equilíbrio informativo de quatro meios privados, entre os quais os canais Venevisión, líder de audiência (45% na última semana), pertencente ao magnata Gustavo Cisneros.

"Há uma tentativa dos canais Venevisión e Televen (18% da audiência) de ter um pouco mais de equilíbrio. Nas eleições presidenciais de dezembro, o monitoramento feito pela União Européia mostrou que essas duas estavam muito mais favoráveis ao governo", diz Cañizález, que elogia também o recém-criado canal I e a Unión Radio.

Assim como a Globovisión e a RCTV, a Venevisión e a Televen tiveram participação ativa no golpe de abril de 2002, que afastou Chávez por dois dias do poder. Depois de 2004, os dois canais passaram a fazer uma cobertura mais pró-governo, sobretudo na reeleição de Chávez, no ano passado.

Para Cañizález, RCTV (3% da audiência) e Globovisión (4%), continuam extremamente parciais, o levantamento mostra uma uma tentativa incipiente de fazer uma cobertura mais equilibrada, tendência que não aparece nos meios do Estado.

Colomine concorda que há mais equilíbrio nos meios privados indicados pela pesquisa, mas afirma que o comportamento inalterado da RCTV e da Globovisión justificam a estratégia governista.

Chávez perde frente

Pesquisa divulgada ontem pelo respeitado instituto Datanálisis revela que, pela primeira vez, Chávez perderia o referendo de domingo.

Segundo o levantamento, 49% dos eleitores que disseram que comparecerão às urnas (o voto não é obrigatório na Venezuela) rechaçam a reforma constitucional, contra 39% que votariam pelo "sim". A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais em ambas as direções.

Para o diretor do Datanálisis Luis Vicente León, isso não significa que a derrota de Chávez seja iminente, dada a sua maior capacidade de mobilização.

Durante os quase nove anos de governo, o presidente venezuelano ganhou nove eleições.

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