Presidente de comissão eleitoral do Quênia diz não saber se Kibaki venceu eleições

O presidente da Comissão Eleitoral do Quênia, Samuel Kivuitu, reconheceu que não sabe se o presidente Mwai Kibaki venceu as eleições da última quinta (27), segundo reportagem publicada nesta quarta pelo o jornal local "The Standard".

"Não sei se Kibaki é o ganhador", afirmou o Kivuitu ao "Stantard", um dos dois mais importantes do Quênia.

A apuração de votos do pleito foi duramente criticada por observadores internacionais, que colocam em dúvida a transparência do processo. A oposição considera que Kibaki foi declarado vencedor com 1 milhão de votos fraudulentos.

Os distúrbios gerados por causa desta polêmica deixaram cerca de 200 mortos e mais de 100 mil pessoas tiveram que sair de casa devido às lutas políticas e tribais registradas.

O presidente da Comissão Eleitoral disse que trabalhou "sob forte pressão" por parte do Partido de União Nacional (PNU), de Mwai Kibaki, e do Movimento Democrático Laranja (ODM), de Musyoka Kalonzo, terceiro nos resultados oficiais.

"Não me deixavam trabalhar", lamentou Kivuitu. "Durante os dois dias posteriores ao pleito, recebi várias ligações procedentes de ambos os partidos para que publicasse imediatamente os resultados finais", acrescentou.

Kivuitu também reconheceu que alguns membros do governo ameaçaram recolher o certificado do ganhador.

"Só eu tenho o poder de entregar o certificado ao ganhador, mas alguns ministros, como o da Justiça, tentou tirar isso de mim", prosseguiu Kivuitu.

O presidente da comissão admite que houve irregularidades e que o dever da oposição é "ir aos tribunais imediatamente".

"Felizmente, recebemos demonstrações de apoio da comunidade internacional, especialmente da União Européia, que nos recomendou que não divulgássemos os resultados até estar completamente certos dos mesmos".

Kivuitu reconheceu que esteve a ponto de renunciar em pleno processo de apuração, aceitou a responsabilidade dos erros cometidos por ele e pelos outros 22 membros da comissão, e recomendou que se iniciasse uma investigação totalmente independente para verificar os dados publicados.

Uma hora depois de Kivuitu anunciar os resultados oficiais, Kibaki assumiu como chefe de Estado, para um segundo mandato, em um ato no qual esteve presente o presidente da Comissão Eleitoral.

Por fim, Kivuitu anunciou ainda que recebeu ameaças de morte que não puderam ser verificadas pela imprensa.

A Comissão Eleitoral não fez hoje comentários oficiais sobre as declarações de Kivuitu publicadas hoje pelo jornal.