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Mais de 80 morrem em cidade do Quênia nos últimos dois dias
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da Folha Online
Ao menos 80 pessoas morreram nas últimas 48 horas na Província do Vale de Rift (oeste do Quênia), apesar do toque de recolher, ao mesmo tempo que o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que visitou a região, denunciou graves violações aos direitos humanos.
O saldo se viu ampliado no fim do dia, quando 26 novas mortes foram registradas nos enfrentamentos interétnicos nessa província.
Annan, que atua como mediador no país desde terça-feira, visitou a província de helicóptero.
Os kikuyus --etnia do presidente Kibaki-- de Nakuru se organizaram para vingar os ataques de que foram alvo nos últimos dias, segundo testemunhas.
Grupos de homens armados com machados levantaram barricadas na cidade e nas estradas que levam a ela.
Os distúrbios étnicos e políticos começaram após a reeleição, em 27 de dezembro, do presidente Mwai Kibaki, rejeitada pelo líder da oposição, Raila Odinga, que acusa o chefe de Estado de fraudes.
O Vale de Rift se converteu nos últimos dias no coração de enfrentamentos que opõe principalmente os kikuyus de Kibaki à comunidade kalenjin, que apoiou majoritariamente Odinga, da etnia Luo.
Desde quinta-feira à noite, mais de 70 pessoas morreram em Nakuru. A polícia impôs um toque de recolher noturno na cidade.
Outros 15 corpos foram encontrados neste sábado no Distrito de Molo, região oeste do Quênia.
As vítimas foram assassinadas a flechadas em enfrentamentos étnicos, segundo o oficial.
Depois de visitar esta Província do oeste do Quênia, Kofi Annan afirmou neste sábado em Nairóbi ter visto abusos "graves e sistemáticos dos direitos humanos".
"Vimos abusos graves e sistemáticos dos direitos humanos", declarou Annan em uma entrevista coletiva em Nairóbi, ao retornar da visita ao oeste do país, epicentro, ao lado da capital, da violência provocada pelas eleições, criticadas pela oposição e por observadores internacionais.
"Não podemos autorizar esta impunidade", disse o mediador.
O Quênia, país africano estável até o fim do ano passado, sofre com a grave crise desde que a oposição contestou a apuração da eleição presidencial.
A vitória oficialmente foi atribuída ao chefe de Estado, Mwai Kibaki, mas o líder da oposição, Raila Odinga, segundo no resultado final, denunciou uma fraude, o que levou seus simpatizantes a organizar grandes protestos, em muitos casos reprimidos pela polícia.
Em um mês, além dos mais de 800 mortos nos distúrbios de caráter étnico, e mais de 250 mil pessoas deixaram suas casas.
Com France Presse
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