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20/03/2008 - 17h28

China envia milhares de soldados para conter manifestantes no Tibete

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da Folha Online

Nesta quinta-feira, milhares de soldados foram vistos em Lhasa, capital do Tibete, em meio a notícias de uma grande escalada militar chinesa contra as manifestações locais.

Longos comboios militares foram vistos indo em direção ao Tibete, enquanto tropas chegavam a províncias próximas. As manobras militares vêm após uma semana de violentos protestos contra o controle chinês sobre a região do Himalaia.

Gurinder Osan/AP
Texto: A Tibetan exile prays as he participates in a candlelit vigil in Dharamsala, India, Thursday, March 20, 2008. Tibetan spiritual leader the Dalai Lama said Thursday he was willing to meet Chinese leaders, including President Hu Jintao, as Chinese authorities acknowledged that anti-government riots in Tibet had spread to other provinces. (AP Photo/Gurinder Osan)
Um exilado tibetano ora em vigília em Dharamsala, Índia. A China envia milhares de soldados à capital Lhasa, para combater

"Vimos um grande comboio de veículos militares carregando tropas", relatou o jornalista alemão Georg Blume, correspondente do jornal alemão "Die Ziet".

"Um comboio tinha aproximadamente dois quilômetros de extensão, com cerca de duzentos caminhões. Cada um levava 30 soldados, o que significa que há por volta de 6.000 militares em cada comboio", explicou.

Blume e outra testemunha, que também está em Lhasa afirmaram ter visto forças de segurança indo de casa em casa na capital tibetana.

Ataque chinês

A agência de notícias oficial Xinhua informou que as forças de segurança atiraram e mataram quatro manifestantes 'para se defender', no último domingo, durante protestos no distante Condado tibetano de Ngawa, na província de Sichuan.

A China afirma que os manifestantes mataram 13 civis inocentes em Lhasa, e nega ter usado a força para matar e acabar com os protestos. Líderes tibetanos no exílio dizem que cerca de cem pessoas foram mortas pela repressão chinesa.

O Dalai Lama, que refugiou-se na Índia após um fracassado levante contra o governo chinês em 1959, expressou suas preocupações nesta quinta-feira em relação às pessoas que teriam sido vítimas das forças de segurança chinesas durante as manifestações.

"Não sabemos números exatos. Alguns dizem seis, outros dizem cem, mas os locais foram isolados. Há movimento de tropas chinesas. Estou realmente preocupado com as mortes que podem ter ocorrido", disse o Dalai Lama.

Grupos ativistas, no entanto, garantem que pelo menos oito pessoas foram mortas pelas forças de segurança nas manifestações de Ngawa. Alguns divulgaram fotos de cadáveres com perfurações de balas para provar que suas acusações contra o governo chinês procedem.

Confrontos

Os protestos em Lhasa, considerados os piores em quase 20 anos, começaram com as manifestações pacíficas que os monges budistas promoveram no último dia 10 de março por ocasião do 49ª aniversário da fracassada rebelião tibetana contra o domínio chinês.

Eles se intensificaram como uma reação à notícia de que monges budistas teriam sido presos depois da passeata de 10 de março. Centenas de monges tomaram então as ruas, e os protestos ganharam força com a adesão dos tibetanos. Os protestos se espalharam para províncias chinesas próximas, principalmente aquelas com considerável presença de grupos de origem tibetana.

O conflito tibetano se transformou em um desafio diplomático para a China, a pouco mais de quatro meses da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, evento que as autoridades do país comunista tinham a intenção de usar como vitrine de um país harmonioso e organizado.

Nenhum governo pediu o boicote dos Jogos ainda, mas há forte pressão internacional para que o conflito seja resolvido de maneira pacífica e haja diálogo com o Dalai Lama.

Como parte desse movimento, a secretária de Estado americana Condoleezza Rice fez um apelo à China para que o país estabeleça um diálogo aberto. Condoleezza telefonou na quarta-feira para o ministro das Relações Exteriores chinês, Yang Jiechi, informou o departamento de Estado.

Entretanto, dialogar é tudo o que a China não tem feito até agora, principalmente depois que o porta-voz de Yang, Qin Gang, se referiu ao Dalai Lama como um "separatista duas-caras" que quer a independência do Tibete. O líder espiritual budista afirma ter deixado de exigir a independência da província, passando a pedir apenas autonomia cultural e o fim da repressão chinesa.

Com France Presse

 

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