ONU pede US$ 187 milhões para Mianmar e restabelece ajuda

A ONU pediu por US$ 187 milhões para ajudar o 1,5 milhão de afetados pelo ciclone Nargis em Mianmar e disse que irá retomar os vôos que levam ajuda ao país, apesar de o governo ter confiscado suprimentos enviados.

O chefe para questões humanitárias John Holmes disse que doações iniciais somam cerca de US$ 77 milhões (cerca de R$ 130 milhões) para o fornecimento de água, comida, remédios, abrigo e outros suprimentos aos sobreviventes da catástrofe que matou dezenas de milhares.

Arte Folha Online

"Creio que mais doações serão feitas", disse Holmes a jornalistas após se reunir com representantes dos 192 países-membros da organização, dizendo estar confiante que o apelo por US$ 187 milhões (cerca de R$ 316,5 milhões) será atendido. "O importante é que a resposta está lá."

Enquanto a isolada junta militar que comanda o pais asiático teve pouco contato direto com os outros países, ela declarou através da mídia estatal que preferia receber "ajuda em dinheiro e espécie" --mas não através de trabalhadores humanitários estrangeiros, muitos dos quais esperam pelo visto em Bancoc, capital da Tailândia.

Os generais birmaneses aprovaram um vôo de ajuda dos EUA, que deve chegar na segunda-feira, nove dias após ventos e uma onda de 3,5 metros arrasarem as terras baixas do delta do Irrawaddy.

Cooperação

O Programa Mundial de Alimentação da ONU (WFP, na sigla em inglês) disse inicialmente que iria suspender os vôos de ajuda após os militares birmaneses terem confiscado os envios de alimentos nesta sexta-feira.

Durante um encontro de emergência de Estados-membros sobre o pedido da ONU, dezenas de enviados se mostraram preocupados com as dificuldades que os trabalhadores humanitários têm em entrar no país. Mas o enviado de Mianmar insistiu que comida e água estavam sendo enviados às áreas necessitadas assim que chegavam ao país.

"Estamos prontos para cooperação total", disse o embaixador Kyaw Tint Swe na reunião. "Quanto ao acesso, nós os ouvimos e certamente relataremos às autoridades.

Mais cedo, o enviado de Mianmar disse que o país iria aceitar ajuda de qualquer lugar e confirmou ter aprovado o vôo dos EUA.

"Faremos o uso mais efetivo possível desse vôo", disse o porta-voz do departamento de Estado dos EUA Sean McCormack. Ele afirmou ainda que muitos outros envios de ajuda são necessários para amenizar as conseqüências do desastre.

Membros do governo americano disseram não saber como distribuir a ajuda após o pouso do avião, disse McCormak. Eles ainda tentavam conseguir os vistos para a equipe dos EUA que espera em Bancoc.

Mianmar não atualizou os números oficiais desde terça-feira, quando afirmou que quase 23 mil haviam morrido e outros 42 mil estavam desaparecidos. Mesmo esses números, que ainda devem aumentar muito, fazem do Nargis o ciclone mais mortal a atingir a Ásia desde 1991.

O diplomata americano Shari Villarosa disse que o número de mortos pode chegar a 100 mil.

Com Reuters