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Rússia diz que prisão e futuro de Karadzic são assuntos da Sérvia
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da Efe, em Moscou
da Folha Online
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia afirmou nesta terça-feira que a detenção e o futuro do ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic é um assunto da Sérvia.
"Para nós, trata-se de um assunto interno da Sérvia e da direção sérvia. A Sérvia deve decidir por conta própria o futuro de Karadzic, incluindo sua possível entrega ao Tribunal Internacional de Haia", disse um porta-voz da Chancelaria à agência Itar-Tass.
O representante permanente da Rússia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o nacionalista Dmitri Rogózin, afirmou que junto a Karadzic deveriam ser julgados por crimes de guerra os políticos ocidentais que ordenaram em 1999 a campanha aérea da Otan na Iugoslávia.
"Se Karadzic merece ser processado em Haia, deveriam se sentar junto a ele no banco dos réus os que tomaram a decisão sobre os bombardeios dos civis inocentes, os quais centenas morreram durante aquela campanha ocidental de 'democratização' dos Bálcãs", afirmou o funcionário.
Rogózin repetiu a conhecida tese russa sobre a "atitude parcial" do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII), que na opinião de Moscou dá prioridade à perseguição dos sérvios e ultrapassou há tempos seu próprio mandato.
"Se analisamos quem essa corte detém e quem põe em liberdade por 'falta de provas', veremos que a atitude dos juízes do Tribunal de Haia mantém preconceitos", disse Rogózin de Bruxelas à agência Interfax.
A Chancelaria e o Parlamento da Rússia exigiram em 1999 o processo pelas operações bélicas na Iugoslávia do então secretário-geral da Otan e atual chefe da diplomacia européia, Javier Solana.
Perfil
Karadzic, um dos maiores fugitivos acusado de crimes de guerra, foi acusado de arquitetar os assassinatos em massa que o tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas) para crimes de guerra descreve como "cenas do inferno, escritas nas páginas mais negras da história humana".
Acusado de organizar o massacre de 8.000 muçulmanos em Srebrenica, em 1995, entre outras atrocidades da Guerra da Bósnia (1992-1995), Karadzic liderou a lista dos mais procurados por mais de dez anos, recorrendo a disfarces elaborados para fugir das autoridades.
Ele foi o líder político dos bósnios-sérvios durante a guerra entre 1992 e 1995 que sucedeu a secessão da Bósnia-Herzegovina da Iugoslávia --quando houve o massacre de Srebrenica e do cerco a Sarajevo.
Formado psiquiatra, Karadzic, 63, se declarou presidente de uma república sérvio-bósnia quando a Bósnia-Herzegovina se separou da Iugoslávia, e foi visto em público pela última vez em 1996.
Karadzic foi preso ontem na Sérvia após quase 13 anos de buscas. Ao ser detido nas proximidades Belgrado, ele carregava um documento de identidade falso com o nome de Dragan Dabic. Com uma longa barba branca e óculos --imagem diferente daquela de quando ele foi visto pela última vez--, ele trabalhava com médico na capital sérvia.
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