Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/08/2008 - 17h28

Ganho com petróleo emperra diálogo entre Morales e a oposição

Publicidade

da Efe, em La Paz

O repasse da receita ganha com a atividade petrolífera, que o governo de Evo Morales cortou das regiões, condiciona o processo de diálogo iniciado na Bolívia, que entrou hoje em recesso após a oferta do presidente a seus opositores de um pacto constitucional, fiscal e institucional.

Em uma reunião ontem, os governadore da oposição pediram ao poder Executivo para que seja reestabelecida a entrada de receitas públicas, advindas da venda do petróleo, que gira em torno de US$ 166 milhões e que o governo usa para fornecer ajuda à população idosa do país.

As conversas que começaram ontem entre Morales e os governadores regionais ratificados no referendo sobre mandatos realizado no domingo passado ainda não deram frutos e ficam à espera de que os opositores se pronunciem nas próximas horas sobre a proposta governamental.

Morales apresentou aos governantes regionais um texto no qual lhes propõe trabalhar em um pacto constitucional e autônomo para compatibilizar a futura Carta Magna com os estatutos de autogoverno aprovados nos departamentos (Estados) de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija, controladas pela oposição.

O governo também se mostra disposto a "discutir e revisar" a distribuição do Imposto Direto sobre os Hidrocarbonetos (IDH) para chegar a um pacto fiscal com a participação dos governos municipais, além dos governadores.

Impasse

O IDH se transformou no principal ponto de divergência entre Morales e os governadores regionais opositores, que condicionam qualquer acordo à devolução desta receita, que o governo destinou ao financiamento de ajuda a idosos do país e conhecida como Renda Dignidade.

Alguns governadores regionais opositores estariam dispostos a destinar parte do IDH à Renda Dignidade, mas não nos valores que o governo exige, pois seus orçamentos para obras ficaram minguados, publica hoje o jornal "La Razón".

A renda petrolífera também foi o assunto que impediu Morales e os governadores regionais de alcançarem acordos no processo de diálogo que começou em janeiro deste ano após a convulsão política que o país viveu quando a Assembléia Constituinte aprovou o projeto de nova Constituição.

Em sua oferta aos governadores, Morales também propõe um pacto institucional para completar as nomeações pendentes em entidades como a Corte Eleitoral ou o Tribunal Constitucional, que está praticamente fora de operação ao contar com apenas uma magistrada após a renúncia consecutiva de seus outros quatro membros.

Em breves declarações à imprensa, Morales afirmou hoje que tem a impressão de que os governadores opositores "só querem dinheiro e não desejam abordar a questão política", em alusão ao IDH.

Referendo

Também insistiu em seu desejo de "constitucionalizar" os estatutos de autonomia aprovados nas regiões opositoras ao afirmar que o povo boliviano também demandou autonomia no referendo sobre mandatos realizado no domingo.

A Bolívia iniciou uma nova fase de diálogo político após o referendo sobre mandatos do dia 10 de agosto, processo no qual foram ratificados em seus cargos o presidente, seu vice-presidente e seis governadores regionais, quatro deles opositores.

Na consulta foram revogados os mandatos dos governadores opositores de La Paz, José Luis Paredes, e Cochabamba, Manfred Reyes Villa.

Às conversas com Morales compareceram os governadores opositores de Beni, Ernesto Suárez, Pando, Leopoldo Fernández, Tarija, Mario Cossío, e Chuquisaca, Savina Cuéllar, que não se submeteu ao referendo revogatório por ter sido escolhida em junho.

Também estiveram presentes os governadores governistas de Potosí, Mario Virreira, e de Oruro, Alberto Aguilar.

Santa Cruz, principal reduto opositor a Morales e região que lidera o plano autonomista esteve representada na reunião por uma delegação designada pelo governador regional Rubén Costas.

Costas não viajou para La Paz por problemas de saúde relacionados à greve de fome iniciada na semana passada para reivindicar a devolução do IDH.

No entanto, Costas divulgou ontem, quase ao mesmo tempo do início da mesa de diálogo em La Paz, a formação de uma entidade eleitoral própria em Santa Cruz para a designação de autoridades regionais em janeiro de 2009.

O governo Morales expressou seu mal-estar pela atuação de Costas e afirmou que este tipo de decisões autonomistas são ilegais, pois, na sua opinião os estatutos de autogoverno aprovados estão fora do marco constitucional.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página