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30/08/2002 - 04h31

World Trade Center era alvo da Al Qaeda desde 2000

DESMOND BUTLER
do "The New York Times", em Berlim

A célula da organização terrorista Al Qaeda em Hamburgo, que incluía três dos sequestradores suicidas que atuaram nos atentados de 11 de setembro nos EUA, já havia escolhido o World Trade Center como alvo de um ataque em abril ou maio de 2000, disse ontem Kay Nehm, promotor federal da Alemanha.

Segundo Nehm, o planejamento para o ataque contra os EUA começou em outubro de 1999, no mais tardar, e seis meses depois os sequestradores decidiram qual seria seu alvo.

Ao detalhar as acusações feitas contra Mounir El Motassadeq, a única pessoa indiciada na Alemanha sob acusação de conexão com os ataques, Nehm disse que um dos sequestradores, Marwan Al Shehhi, chegou a mencionar o World Trade Center como alvo, em bate-papo mantido com um bibliotecário.

"Haverá milhares de mortes", disse Al Shehhi, de acordo com Nehm. "Todos vocês vão pensar em mim", prossegue a versão do promotor.

Relato detalhado
O marroquino El Motassadeq, 28, detido em Hamburgo dois meses após os ataques contra os EUA, foi indiciado anteontem na Alemanha por mais de 3.000 acusações de cumplicidade com homicídio e por fazer parte de uma organização terrorista. A expectativa é que ele vá a julgamento no final do ano, em Hamburgo.

No mês anterior a sua prisão, seu nome apareceu numa lista, compilada nos Estados Unidos, de 370 pessoas e grupos suspeitos de terem ligações com os ataques de 11 de setembro.

Ao apresentar as acusações feitas contra El Motassadeq, o promotor alemão Nehm fez um relato detalhado de como teria sido formada a célula que atuava em Hamburgo e como os sequestradores teriam sido treinados para os ataques.

Segundo esse relato, o treinamento incluiu uma permanência em campos de treinamento no Afeganistão, o estudo em escolas de aviação nos Estados Unidos e reuniões em diversos pontos da Europa.

A célula incluía Mohamed Atta, Al Shehhi e Ziad Jarrah. As autoridades acreditam que Atta e Al Shehhi pilotavam os aviões que se chocaram com o World Trade Center, enquanto Jarrah estava nos controles do avião que caiu na Pensilvânia e tinha como destino, possivelmente, a Casa Branca.

Convicções religiosas
"Todos os integrantes dessa célula compartilhavam as mesmas convicções religiosas, o modo de vida islâmico e o sentimento de estarem deslocados num ambiente cultural que lhes era estranho", disse Nehm. "E, no centro de tudo, compartilhavam o ódio aos judeus do mundo e aos Estados Unidos."

Atta, 33, teria sido o líder do grupo, de acordo com o promotor. El Motassadeq teria dado apoio direto aos sequestradores, cuidando do financiamento de suas atividades, por meio da conta bancária de Al Shehhi.

"O acusado teve um envolvimento tão grande no preparo dos ataques, até o final, quanto os outros que permaneceram em Hamburgo", disse Nehm em entrevista coletiva.

"Ele tinha consciência do compromisso em preparar um ataque terrorista contra os alvos escolhidos pela célula e ele ajudou a planejar e a preparar esses ataques, por meio de múltiplas atividades", declarou o promotor.

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