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24/09/2008 - 20h51

Camponeses pró-Morales anunciam suspensão de protestos

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da Folha Online

Milhares de camponeses que apóiam o presidente boliviano, Evo Morales, anunciaram nesta quarta-feira a suspensão dos protestos contra a oposição, para permitir um acordo entre La Paz e os cinco departamentos (Estados) autonomistas.

A maior parte do movimento indígena se desmobilizou pacificamente na terça-feira (23), segundo ordem de seus líderes, mas cerca de 3 mil militantes decidiram se reunir nesta quarta-feira na cidade de Montero, em Santa Cruz, para anunciar oficialmente o fim dos protestos, disse o líder camponês Félix Martínez.

Entre 15 mil e 20 mil camponeses retornaram na terça-feira a seus povoados, revelou Martínez.

O fim dos protestos inclui a suspensão dos bloqueios do acesso à Santa Cruz e da marcha anunciada em direção à cidade, bastião da oposição ao presidente Morales.

Os manifestantes se concentraram na praça central de Montero para discutir o diálogo entre Morales e os governadores rebeldes de Santa Cruz, Chuquisaca, Beni e Tarija.

As negociações entre governo e oposição envolvem a distribuição do imposto arrecadado com os hidrocarbonetos, as autonomias regionais, a aprovação da nova Constituição e a eleição de autoridades judiciais e eleitorais.

Após horas de deliberações em Montero, os camponeses decidiram suspender seus protestos até 15 de outubro, à espera de um acordo entre Morales e os governadores rebeldes.

As negociações, envolvendo os governadores Rubén Costas (Santa Cruz), Savina Cuéllar (Chuquisaca), Mario Cossío (Tarija) e Ernesto Suárez (Beni), serão retomadas nesta quinta-feira. Morales retorna à Bolívia depois de participar da Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Trégua

O líder da Federação de Colonizadores da Bolívia, Fidel Surco, e seu colega dos sindicatos camponeses de Santa Cruz, Salustio Flores, disseram que "a suspensão temporária", após 13 dias de bloqueio, ocorre para que as partes continuem dialogando sobre a crise boliviana.

A decisão foi tomada em uma reunião de sindicatos na localidade de Bulo Bulo, limítrofe entre Cochabamba e Santa Cruz, onde milhares de indígenas bloqueavam a estrada há duas semanas, declarou o dirigente Asterio Romero, em entrevista à rádio estatal Patria Nueva.

Os indígenas queriam a renúncia do governador de Santa Cruz, Rubén Costas, um dos líderes da oposição a Morales, e pediam que seus colegas rebeldes de Tarija e Beni assinassem, com Morales, um acordo que está sendo negociado em Cochabamba. O texto em discussão engloba vários temas polêmicos deflagradores da crise na Bolívia.

"Decidimos declarar mais uma trégua até o dia 15 de outubro para não dar motivos à direita para abandonar o diálogo. Concordamos em suspender as medidas de pressão, a partir da tarde de hoje (terça-feira)", explicou.

A chamada Coordenadoria Nacional pela Mudança (Conalcam), formada por organizações sindicais de camponeses, cocaleros, mineiros e associados, ratificou a determinação em um comunicado.

A suspensão temporária dos bloqueios de estradas e da entrada em Santa Cruz foi justificada porque, alegaram os camponeses, vários de seus pontos foram atendidos, "como a devolução das repartições públicos", invadidas violentamente nas cinco regiões rebeldes.

Milhares de camponeses - entre 15.000 e 20.000, segundo a imprensa local - bloqueavam há duas semanas as estradas de acesso à capital da região mais rica do país e permaneciam em quatro povoados, entre 30 km e 80 km de Santa Cruz.

Diálogo

O governo Morales e os governadores opositores de Santa Cruz, Tarija, Beni e Chuquisaca, negociam em reuniões em Cochabamba um fim para a crise política boliviana. Mas após seis dias de diálogo ainda não se chegou a um consenso.

Morales propôs aos governadores que apóiem que o Congresso aprove, antes de 15 de outubro, a convocação de um referendo para uma nova Constituição, em troca de reformas no capítulo sobre as autonomias, como reivindicam os departamentos (Estados).

O assunto voltará a ser discutido na quinta-feira entre Morales e os governadores na cidade de Cochabamba, onde ainda trabalham mesas técnicas que analisam o conflito constitucional e o referido à distribuição dos impostos pagos pelas petrolíferas.

Morales, que se encontra em Nova York na Assembléia das Nações Unidas, disse na segunda-feira que se os governadores regionais aceitassem sua proposta "a paz e a tranqüilidade voltariam" a reinar em Santa Cruz.

O governador regional de Santa Cruz, Rubén Costas, confirmou hoje que amanhã irá a Cochabamba para se reunir com seus colegas das outras regiões opositoras e coordenar uma posição antes da reunião de quinta-feira com Morales.

Com Efe e France Presse

 

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