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15/10/2002 - 05h04

Bali complica, mas não impede, ataque a Iraque

MÁRCIO SENNE DE MORAES
da Folha de S.Paulo

O atentado terrorista ocorrido em Bali (Indonésia), no último sábado (12), deverá, a curto prazo, atrapalhar os planos do presidente George W. Bush de realizar uma ofensiva militar contra o Iraque, porém não deverá demovê-lo de sua intenção de depor o ditador Saddam Hussein, de acordo com especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.

"O problema desse ataque é que ele mostra que a ameaça terrorista não advém necessariamente dos países do chamado 'eixo do mal' [Iraque, Irã e Coréia do Norte], pondo, assim, em xeque a estratégia de que uma guerra preventiva pode impedir a ocorrência de atentados", analisou James Lindsay, ex-diretor para questões globais e assuntos multilaterais do Conselho de Segurança Nacional dos EUA (1996-1997).

"É cedo para especulações. Tudo depende da evolução da situação nos próximos meses. Afinal, segundo a maior parte dos especialistas militares, os EUA não deverão atacar o Iraque antes do Natal. Bush e seus assessores poderão estudar minuciosamente esse atentado ou o ocorrido contra um navio francês no Iêmen recentemente antes de tomar uma decisão", disse Davis Bobrow, do Centro Ridgway para Estudos sobre Segurança Internacional (EUA).

O governo norte-americano não tardou a relacionar o ataque realizado na Indonésia à rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, que orquestrou os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. "Bush tenta ligar tudo o que há de mau no planeta e está a seu alcance ao que chama de 'ameaça comum' [que paira sobre os EUA e seus aliados]", apontou Bobrow.

"Com isso, se conseguir manter o foco dessa ameaça numa espécie de terrorismo generalizado, mas amorfo, ele terá muita flexibilidade no que se refere à definição dos próximos alvos da guerra ao terrorismo. E o Iraque é a bola da vez", acrescentou.

Para Lindsay, porém, as reações internacionais serão cruciais. "Já não há muitos países que apóiam uma ofensiva para depor Saddam sem a anuência da ONU. Se ficar claro que isso não é prioritário para derrotar o terrorismo, será ainda mais difícil agir sozinho".

Ademais, a tática (fundamentada ou não) de ligar os recentes ataques à Al Qaeda, que vem sendo empregada por Washington, também poderá prejudicar os planos internos de Bush. "Como dizer aos americanos que a guerra no Afeganistão não atingiu seus objetivos?", perguntou Bobrow.

"Vale lembrar que, se ficar patente que a Al Qaeda ainda tem força para agir internacionalmente, isso poderá ser usado contra os republicanos na eleição legislativa de novembro. Curiosamente, esse tema ainda não foi levantado pelos democratas", completou.

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