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19/11/2008 - 12h12

Rebeldes iniciam retirada no Congo após meses de combate

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da Folha Online

Tropas do líder rebelde tutsi Laurent Nkunda iniciaram uma retirada unilateral da frente norte da Província de Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC, antigo Zaire), informou a missão da ONU no país (Monuc).

"Como anunciaram na terça-feira, os rebeldes estão se retirando de várias localidades", declarou o porta-voz militar da missão, o tenente-coronel Jean Paul Dietrich. "O processo está acontecendo. Os capacetes azuis da ONU patrulham a região e observam a retirada das tropas rebeldes", acrescentou.

Arte/Folha Online

Essa retirada ocorre no eixo Kanyabayonga-Nyanzale e no eixo Kabasha-Kiwanja, frentes situadas 80 km ao nordeste e ao norte de Goma, capital da província de Kivu Norte, mas não da frente mais sensível, a que fica a 15 km de Goma, cidade de meio milhão de habitantes. "Do eixo Kanyabayonga-Nyanzale já se retiraram até Kikuku, a 30 km", disse o porta-voz.

"A retirada começou ontem [18]. Nos afastamos 40 km", declarou o porta-voz da rebelião, Bertrand Bisimwa, entrevistado por telefone.

Os rebeldes do CNDP (Congresso Nacional para a Defesa do Povo), de Nkunda, anunciaram a retirada para dar "uma oportunidade à paz" e respaldar a mediação do emissário da ONU na RDC, Olusegun Obasanjo, ex-presidente da Nigéria.

O tenente-coronel Dietrich disse que nesta quarta-feira deve acontecer uma reunião entre comandantes militares da Monuc, do CNDP e do Exército congolês para analisar assuntos práticos e iniciar a retirada e desmilitarização da área.

A força de paz da Onu no Congo é maior da organização no mundo, com 17 mil soldados, mas mostraram-se insuficientes para proteger os civis.

Confrontos

Nkunda lançou uma rebelião em 2004, dizendo que pretendia proteger os membros da etnia tutsi de milícias de etnia hutu que fugiram para o Congo depois do genocídio de mais de 500 mil tutsis em Ruanda, em 1994. Os críticos, porém, dizem que o líder rebelde está mais interessado no poder e nas riquezas minerais do Congo.

Depois de quase dois meses de combates, o CNDP realizou uma ofensiva no final de outubro passado na qual ocupou a área de Rutshuru e chegou a 14 km de Goma, capital de Kivu Norte, onde, no dia 29 do último mês, Nkunda declarou um cessar-fogo, que vem sendo violado desde então.

Os rebeldes tutsis congoleses ocuparam ontem, em Kivu Norte, a cidade de Rwindi, informou a Monuc, além de terem encurralado as tropas governamentais às margens do lago Edouard, obrigando-as a fugir, informou o porta-voz do CNDP, Bertrand Bisimwa.

Nkunda insistiu em manter conversas diretas com o governo de Kinshasa, algo que o presidente da RDC, Joseph Kabila, se nega apesar dos requerimentos da ONU.

Desde a retomada dos conflitos, em agosto, cerca de 250 mil pessoas fugiram. Antes, só em Kivu Norte, já havia cerca de um milhão de deslocados. Em toda a RDC, cerca de 5,5 milhões de pessoas morreram em conseqüência da violência que começou em 1998.

Situação humanitária

As agências humanitárias das Nações Unidas denunciaram nesta terça-feira a deterioração das condições de sobrevivência na RDC. "O que vemos é uma deterioração da situação, não uma melhora", disse em coletiva de imprensa a porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha), Elisabeth Byrs.

A porta-voz afirmou que os casos de diarréia entre os deslocados estão se estendendo porque as condições de higiene são cada vez mais precárias.

Já a porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Veronique Taveau, pediu acesso a regiões às quais ainda não podem entrar para poder continuar a vacinação contra o sarampo, realizada pela entidade. Até o momento, o Unicef contabilizou 127 casos de cólera e começa a detectar um aumento dos sinais de desnutrição entre as crianças.

Taveau também ressaltou que 150 mil crianças não estão na escola --motivo pelo qual o Unicef começou a distribuição de kits escolares.

Já o Programa Mundial de Alimentos (PAM) explicou que está distribuindo comida a cerca de 100 mil pessoas, com a escolta dos soldados de paz da ONU, mas que sua principal preocupação é o péssimo estado das estradas, o que dificulta a distribuição.

Com France Presse e Associated Press

 

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